ESTRANHO SONHO
Kay'Lee voou na forma de réptil alado por longas cintras e ainda mais longa distância, estava determinado a pousar apenas quando visse o seu objetivo, a torre do moinho vermelho. Porém, em certo momento da noite decidiu que precisava descansar, se alimentar e dormir, precisava desesperadamente de descanso, e temia que, caso se esforçasse mais, viesse a desmaiar, e a fera que se agitava em algum lugar dentro de si tomaria o controle, provavelmente para sempre.
Após pousar numa plataforma alta no penhasco da montanha ele rapidamente se esgueirou agarrado às pedras como um morcego, encontrou uma fenda e entrou. Então começou a se concentrar fervorosamente em seus objetivos para conseguir voltar a forma humana. Não era fácil. Era como tentar acordar de um sonho maravilhoso demais para ser verdade, como receber um único copo de água, após dias no deserto sem uma gota, então encher a boca, sentir seu frescor e ter de cuspi-la na areia quente. Não era fácil, era um duro teste de determinação, mas ele passou no teste e conseguiu retornar a forma humana. Imediatamente caiu de quatro no chão da caverna com uma dor de cabeça que parecia fazer seu cérebro pulsar no ritimo do coração e querer sair por seus olhos. Se encostou numa das paredes com as mãos na cabeça até sentir-se capaz de algo mais que gritar de dor, que era sua única vontade. Deitou-se. Sua mente parecia confusa de uma forma difícil de descrever, não conseguia se lembrar de muita coisa sobre si mesmo, mas lembrava-se de coisas de um lagarto voador que pareciam ter sido a uma era.
Alguns centures depois sua visão pareceu se modificar, ao invés de estranhas luzes piscantes e ofuscantes sua visão parecia agora mais humana, vendo apenas sombras, sutis penumbras e a fraca luz indireta de Shastra.
Tirou de sua bolsa uma pequena lâmpada e a ascendeu com uma boa pederneira que recebera no exército. Então perscrutou os recantos da pequena caverna, constatando que não haviam ali animais, nem outro acesso que não fosse a passagem por onde entrou, a qual era uma larga e alta fenda na encosta, a cerca de trinta metros de altura e suficientemente afastada das copas das árvores para proteger de felinos e dos animais ferozes que vivem nas copas das árvores de boa parte de Tenébria.
Retirou seus pertences da mochila e ficou ali observando: pão duro, queijo amarelo, carne seca, uvas passa, cantil de vinho doce e duas poções de ervas que Hayley lhe deu, uma de auxílio contra venenos e uma outra para acelerar a cicatrização.
Ele se arrastou até a beirada da altíssima plataforma e conferiu que pousou numa de muitas fendas altas, no paredão íngreme. Era possível que homens subissem ali, mas estava bastante protegido de feras terrestres. Poderia descansar com algum conforto e segurança, e no dia seguinte não demoraria para chegar ao Moinho Vermelho, Richdür. Não podia estar longe e apesar de não querer mais se transformar, seria por pouquíssimo tempo.
Comeu tudo que havia trazido, confiante de que chegaria no dia seguinte bem cedo ao seu destino e lá teria um apetitoso desjejum. Provavelmente quente e mil vezes melhor que pão e queijo duro com vinho. Após comer ele esticou sua esteira de dormir e seu manto sobre seus pertences, a esfera maldita, a adaga dentro da bainha, o escudo e o martelo, a noite não estava tão fria e a caverna era suficientemente quente. Rapidamente caiu num pesado sono.
De repente viu fascinantes pombas, tordos, águias e corujas se aproximarem calmamente de si, não eram brancas, pardas ou negras, eram todos de um dourado luminoso. Kay sentiu-se tranquilo e em paz, abriu os braços e deixou as aves pousarem sobre seus braços. Quando partiram em vôo, Kay notou que a águia levava nas garras uma estranha esfera, uma esfera com uma chama pálida em seu interior, mas envolta numa névoa densa e negra.
Após ver-se sem a esfera Kay pediu:

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RELÍQUIAS SVÉKKRÖN I NIAT I
FantasiaSINOPSE Após despertarem sozinhos e sem lembranças no meio de uma floresta, eles precisam lutar para sobreviver e descobrir quem são e de onde vieram. Se deparam com um mundo diferente de tudo que lhes parece natural, e acabam enfrentando os piores...