NIAT CAP 18 A VILA

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A VILA
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15/08/1618 da
Era do Despertar
Inverno Astral
 

          No final da marcha do dia seguinte, já ao entardecer, Stok avistou um pequeno povoado ao longe.

— Há uma pequena vila à frente — disse ele dos galhos de uma grande Árvore.

Mais ao norte Stok viu terrenos rochosos com um enorme despenhadeiro vertical e ao sudoeste, ainda distante, o enorme vulcão. Dêm e seu povo o chamavam de Layshmors Rorashtrax. Significava monte em chamas.

Ele era tão grande que podia ser visto mesmo da borda leste da cratera, quando o céu estava limpo o bastante, as lendas diziam que ela cuspia fogo de tempos em tempos. Mas Dêm já havia visto ele lançar muita fumaça cinzenta. Mas isso fôra há muito tempo.

— Muitas vezes quando jovem o observei e pensei que o veria cuspir fogo — disse ele ao grupo enquanto acampavam e comiam alguns frutos e um cervo que Stok havia caçado e Kay preparou com temperos ofertados pelo Sacerdote e trazidos da cratera.

— Eu dizia a mim mesmo que se ele cuspisse fogo bem na minha frente seria o aviso para eu enfrentar a... maldita Serpente. Então eu desceria a encosta e a desafiaria.

Todos ficaram em silêncio pensando na cratera, na serpente, nas pessoas que deixaram para trás. Os Guerreiros e até mesmo Dêm já começavam a sentir os efeitos da distância de casa.

— Hmmm! — Suspirou Kay. — Só eu estou achando essa combinação de frutas cítricas com cervo uma delícia?

— Não. Está magnífico, Kay — disse Stok dividindo uma perna assada com a esposa. 

— Dorgush makeslaesh zeakrask grark hashax — disse Hayashmoll.

Bshrunder enlaçou o pescoço do filho e do sério amigo num gesto de amizade e com uma animação que na verdade não sentia — Suasjh ashik darfzashan koloz.

— O que eles disseram? — perguntou Harley perturbado.

— Hayash disse que nunca esteve tão longe de casa nem tanto tempo sem ver a esposa e a filha — traduziu Shmyishthra. — e o pai disse para se animarem pois voltarão para casa como heróis.

Dêm suspirou cabisbaixo e com olhos úmidos. Também já sentia uma grande saudade da família. Nunca havia se ausentado sequer por um dia da presença deles. E há dez anos mal se separara por um dia da esposa. E além disso se lembrava que a profecia prometia que apenas um retornaria. Sentia vontade de contar logo a eles.

— Com o ritmo de viagem que temos mantido chegaremos na vila ao sol pinacular — disse Stok.

Estavam mais longe do que qualquer habitante do vale jamais fôra antes, estavam desbravando um novo mundo, desconhecido para todos eles.

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        A marcha foi mais exaustiva que Stok havia previsto. O solo já não era relvado e humoso, mas pedregoso e ressecado. Os pés descalços de Dêm e dos nativos doíam e estavam quase feridos. Com isso tiveram de parar por um bom tempo até enfaixarem seus pés para conseguir prosseguir lentamente. Dêm havia se recusado a usar botas ou qualquer calçado que os garotos sugeriram, agora se arrependia. Os outros haviam partido sem sequer pensar a respeito.

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        Mais um dia finalmente sucumbia perante a noite que discretamente dominava os céus, bem diferente do que ocorria na cratera, que amanhecia e anoitecia em questão de instantes.

RELÍQUIAS SVÉKKRÖN I NIAT IOnde histórias criam vida. Descubra agora