CAPITÃO PRISIONEIRO

142 47 22
                                    

CAPITÃO PRISIONEIRO


        O navio seguiu seu rumo por algum tempo até que o capitão foi acordado. Mal despertou e já gargalhava como um maníaco.

        Perturbado, Harley indagou exigi do resposta:

        — Qual é a graça, capitão Jasper?

        — Apenas que vamos todos morrer.

        Com isso toda tripulação, formada agora de homens pobres e simples, mas amantes da vida, passaram a murmurar entre si tomados de temor.

        — Calem-se! — bradou Harley a eles ameaçador. — Ninguém morrerá. Todos chegaremos a Lenöria.

        — Nenhum de vocês será capaz de guiar esse navio. Não há um mapa ou diário de bordo nesse navio, como já devem ter descoberto. Ah! Ah! Ah! — gargalhou mais uma vez como louco.

        Harley evocou um Toque Elétrico de pequena magnitude e o descarregou direto na fronte do capitão, apenas com dois dedos, deixando-o novamente desacordado, e recuperando a atenção da tripulação.

         Stok deixou Kay cuidando de Hayden, que se encontrava ainda desacordado, em seguida juntou-se novamente a Harley e ordenou aos tripulantes que voltassem ao trabalho. Quando se dispersaram, conversou com Harley dizendo que não encontrou documento algum para ajudar a guiá-los até seu destino. Harley disse que já imaginava, pois o capitão havia despertado e dito exatamente isto. Stok ficou furioso com a atitude do capitão, e manipulação da qual estavam sendo vítimas.

        — Não se preocupe — afirmou Harley. — Se precisar tentarei invadir a mente dele, embora saiba que será bem mais difícil que a invasão à mente do gorismorfo​. Invadir uma mente humana consciente é bem mais complexo que invadir a mente simplória de uma fera irracional.

        — Isto seria perigoso demais, você está se esforçando excessivamente por nossa missão. Está carregando um fardo maior que o nosso. Deixe que nós daremos um jeito desta vez.

        — Se não houver outra maneira... eu farei o que precisar ser feito.

        — Daremos um jeito — disse Stok abraçando o amigo e tentando manter a fé de que daria tudo certo, sem ser preciso que Harley se esforçasse tanto, e piorasse sua condição e estado físico. — Agora volte ao descanso.

        Harley mal havia descansado e já despertara com a afobação dos amigos carregando Hayden gravemente ferido.

        — Vou descansar um pouco e acompanhar Kay no tratamento de Hayden.

        — Faça isso. Eu cuido desse crápula e da tripulação.

        O jovem mago foi para os antigos aposentos dos capangas, bem menos insalubres, ali Kay'Lee lutava para estancar por completo a perda de sangue, sendo auxiliado por seu mais novo e fiel companheiro, Esrik. O ferimento foi no ventre e era profundo, local de difícil estancamento. Contudo Kay fazia um belo trabalho e pouco sangue permanecia se esvaindo. Mas na condição crítica de Hayden, era muito. Ele estava no limite entre a vida e a morte.

        Hayden estava pálido como defunto, seus lábios ressecados e sem cor, seus olhos semicerrados sem vigor, e ao serem analisados mostravam-se distantes e opacos. Kay'Lee estava ficando bastante preocupado e se debruçava continuamente no tratamento do companheiro. Tentara de tudo para curá-lo com seus poderes clericais, mas sabia que era uma tentativa inútil: esses poderes só funcionam com causas sobrenaturais, e na dimensão comum, são ainda mais difíceis de se executar. É quase impossível se conectar ao poder divino que fornece a capacidade de executar as magias sagradas.

RELÍQUIAS SVÉKKRÖN I NIAT IOnde histórias criam vida. Descubra agora