This is my history

A história de Brandon

Brandon on

E aí vai um pouco da minha história, quem me vê, imagina que eu sou mais um desses filhinhos de papai, que não se preocupa com nada a não ser curtir a vida, e eles não estão totalmente errado, uma parte de mim realmente é isso.

 Sou filho do cara mais rico do mundo, dono da maior rede de bancos que existe, sou neto dos donos das principais reservas de petróleo do mundo, e minha mãe já foi capa de várias revistas de moda, ou seja sou o único herdeiro de tudo isso.
  Os milhões da minha família me proporcionaram uma vida fácil e de luxo, meu principal problema, era escolher em qual lugar paradisíaco passaria meu final de semana. E sim, eu fiz faculdade, me formei em administração na Harvard,que segundo meus avôs e meus pais, era o curso ideal, já que herdaria toda a herança, e seria responsável por governar nosso império um dia.

  Mas eu não sou só isso, há um lado meu que quase ninguém conhece, já ouviu aquela velha história? Que diz que por debaixo de toda armadura, há um coração que bate, pois é, sou assim.

 Meus pais sempre se esforçaram para estarem presente em todas as etapas da minha vida, inclusive nas piores, eles são a minha única herança, meus avós, tanto os paternos, quanto os maternos, sempre me trataram como se eu fosse a pedra mais valiosa e preciosa do mundo, e eu também tive a Maria, a minha segunda mãe, aquela que nunca me abandonou, que junto com a minha mãe, e minhas avós é a dona do meu coração, foram elas que me ensinaram a andar, foram os meus avôs e meu pai, que me ensinaram a jogar bola. 
 E também tem os meninos, eles foram os únicos que se aproximaram de mim pelo que sou, e não pelo cara multi-milionário que todos acreditam que eu seja.
 Porém, há um único fato sobre mim, que ninguém realmente conhece, o meu único segredo, o motivo pelo qual eu passo a maior parte do meu tempo me questionando, o motivo pelo qual eu me culpo todos os santos dias, há uma escuridão por de trás de todos os meus sorrisos. Algo pelo qual nunca me perdoarei, não me importa o que os outros dizem a respeito, eu sei que a culpa foi minha.
  Meu celular começa a tocar, mas não o atendo logo nos primeiros toques, pra falar a verdade eu só atendo, na segunda vez que ele toca.
__Por que a demora?_A voz de Kyle surge do outro lado da linha, o meu melhor amigo, o meu irmão, a pessoa que eu conto tudo, ou quase tudo.
__Eu estava pensando._Digo nenhum pouco entusiasmado.
__Abre logo a porra dessa porta.
__Do que você está falando?_Pergunto confuso.
__Vamos logo Brandon, porra abre logo a porta pra mim, ou você acha mesmo, que a gente, os seus amigos, iriamos deixar você aí, se culpando por algo, que não é sua culpa, ainda mais hoje.
__Como vocês sabem que não sou o culpado? Vocês não estavam lá naquele dia.
__Eu te conto assim que você abrir essa merda._Ele desliga o telefone, e eu solto um suspiro cansado, levo alguns segundos para finalmente abrir a porta. Estão todos lá, os quatro babacas.
 Eles entram como se a casa fosse deles, se jogam no meu sofá e me encaram.
__Você não acha que chegou a hora de nos contar a verdade?_Henrique me lança um olhar preocupado.
__Não._Apenas digo isso e me sento na poltrona vazia.
__Eeeeer resposta errada amigão._Anthony retruca
__Não tenho nada a dizer.
__Você quem sabe, podemos dividir apartamento a partir de agora._Kyle diz colocando os pés na minha mesinha de centro.
__Eu já disse que estou legal galera.
__Porra Brandon, pensei que fossemos amigos._Diego solta em um rosnado, usando um tom bravo na sua voz.
__E somos.
__Então conta a verdade, porque os amigos de verdade não tem segredos um com outro._Henrique diz um pouco mais calmo que Diego, mas ainda assim bravo.
__Bom, vocês querem a verdade, ai vai ela.  Eu tinha quatro anos de idade, quando meus pais descobriram que eu tinha leucemia...Pra ser mais exato eu tinha Leucemia Linfoide Aguda da Infância. Um tipo de câncer caracterizado pelo crescimento excessivo das células progenitoras da medula óssea, e desde então, durante quatro anos da minha vida eu praticamente morei no hospital, dividindo meu tempo em sessões de quimioterapia, terapia de manutenção, tratamentos como terapia biológica e transplante de medula óssea. Minha família não poupou dinheiro, quando o assunto era a minha saúde, eles gastaram mares de dinheiros, em busca de uma cura para a minha doença... No fim eles sempre tiveram a esperança de que no final tudo terminaria bem,eles acreditaram nisso,mesmo quando tudo dizia o contrário, eu não sei quantas vezes eu quase morri, quantas vezes meus pais,meus avôs, escultaram os médicos dizerem que eu tinha apenas mais alguns meses de vida._Paro de falar pra poder respirar um pouco, e dar a eles o tempo necessário para assimilar tudo isso._E foi durante uma das minhas diversas "visitas" ao hospital, que eu conheci o Jake, ele tinha a minha idade, e sofria da mesma doença que eu, mas tirando isso, ele era bem mais forte, nunca o vi chorar, ou reclamar de uma sessão de quimioterapia, ele até fazia parecer que não era algo horrível, eu nunca ouvir ele dizer que tinha dor, nunca reclamou pela sua aparência sempre doente, sempre agradecia por mais um dia de vida, ele era a alegria daquele hospital, a motivação de todos que ali se encontraram, e o mais importante, ele foi o meu primeiro verdadeiro amigo, a gente tínhamos planos, queríamos ser astronauta, médicos, ou pilotos de formula 1, ele nunca me deixou desistir, nunca me abandonou, ele ia comigo em todas as minhas sessões, costumava me dizer que tudo iria ficar bem, porque havia um cara lá em cima que cuidava da gente, que o câncer não era a pior coisa da nossa vida, afinal se não fosse por ele, nunca haveríamos nos conhecidos, e nos tornando grandes irmãos, eu realmente cheguei a acreditar que aquilo fosse algo bom, que iríamos superar aquilo e realizar todos os nossos planos, eu seria o padrinho do seu casamento, e do seu primeiro filho, e ele faria o mesmo, iríamos ser vizinhos, companheiros de fraternidade na faculdade, e de vida, mas o destino nos guardava outros planos, outros caminhos; caminhos estes, que seriam distintos e distantes um do outro, não seríamos mais companheiros, o meu amigo não resistiu, ele se foi, e mesmo que isso tenha ocorrido a vários anos, que eu não poderia ter feito nada a respeito, não consigo não me sentir culpado, no fundo sei que a culpa não foi minha, mas mesmo assim eu me culpo todos os dias, me culpo por ter conseguido, por ter sido ele e não eu, pelo tratamento ter funcionado apenas em mim, era ele que respirava vida, eu pelo contrário, eu respirava morte, tudo em mim lembrava isso, mas no final, foi eu quem sobrevivi, foi eu quem venci, enquanto ele perdeu, ele morreu, e essa é a verdade, nem o dinheiro da minha família pode salva-lo.

__Caramba mano, por que você escondeu isso da gente?
__Só não é algo que eu goste de relembrar__Digo olhando para eles__Não há nada a ser feito, a vida continua e por mais que tenha doído e que doa, foi o que eu fiz, eu continuei.
__Sinto muito por tudo isso, mas a culpa não é sua.__Kyle quebra o silêncio e me encara com olhos penetrantes__Não é de ninguém Brandon, essa é a vida, nem sempre justa e bela, mas mesmo assim é o nosso bem mais precioso.
__Eu sei cara, mas doí.
__Eu sei que doí, você não vê a Maju? O quanto ela está sofrendo? Olha a sua história cara, você era apenas uma criança, quando isso aconteceu, as pessoas perdem umas as outras a vida toda, e isso nunca se torna fácil, ou menos doloroso. É, sempre foi e sempre será assim, a morte no fim é a nossa única certeza, e não importa o que façamos, quanto tempo passe, nunca estaremos preparados para ela... Mas no final a gente sempre encontra um jeito de seguir em frente, as vezes sangrando, rastejando, nos perdendo, se machucando e caindo diversas vezes, você é a prova real disso, de que sempre seguimos em frente, essa é a lei da vida.

__E quer saber mano?__Anthony me dá um abraço desajeitado__Tenho "mô" orgulho de ser seu amigo.
__Eu também__Diego diz se juntando a nós.
__Eu sempre soube, que você era muito mais, do que aparenta ser__Henrique abre um sorriso orgulhoso__Esse é o meu garoto.
__Nosso garoto__Kyle o corrige, esbanjado o mesmo sorriso orgulhoso nos lábios.