1 elefante, 2 elefantes...

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Brandon on

Nunca em hipótese alguma subestime as voltas que o mundo dá, os incríveis acontecimentos que parecem acontecer somente em livros e filmes e mudam totalmente o rumo da história, não desafia a vida, porque isso, o que vivemos não é um conto de fadas, não vem com um final feliz, e com certeza não é um daqueles filmes onde tudo dá errado mas no final como se num passe de mágica as coisas se resolvem. Isso é a realidade. É a porra da vida humana. E nem sempre as coisas saem como você deseja, as histórias são apenas uma invenção humana usada como rota de fuga dos problemas cotidianos, e eu desejaria fortemente poder encontrar um guarda roupa mágico que me levasse para Nárnia, porque olhando pro passado, revendo todas as minhas escolhas, eu nunca me vi livre do medo, eu nunca fui o Brandon que eu queria ser quando criança, tudo isso que eu sou, todas as minhas tatuagens são tentativas tolas de esconder as minhas cicatrizes, eu nunca vou ter minhas feridas curadas, eu nunca vou encontrar o meu final feliz, porque para algumas pessoas, isso é quase impossivel, eu sempre vou ser o rascunho do que eu deveria ser, nunca vou poder sentar ao lado de um desconhecido e deixar que eles veem a minha história, porque a minha vida não é atrativa o suficiente para ser contada, não existe momentos em que você vai querer torcer por mim, porque provavelmente não haverá vitórias, eu nunca vou conseguir expor meus sentimentos porque não existe uma formar de expressar o que não se sente, no fim você vai descobrir que eu sou um erro, um erro inútil que nem mesmo a morte quis, eu nunca vivi um dia eu simplesmente sobrevivi a ele, e minhas escolhas foram baseadas nos meus medos, cada tatuagem, cada bebida, cada garota, tudo foi uma tentativa de me convencer que estava bem, as tatuagens representam meu ciclo vicioso por agulhas, a cada picada era eu gritando que poderia sobreviver, cada bebida era eu mostrando que era forte o suficiente para colocar meu organismo em perigo e mesmo assim no fim da noite eu estaria são e salvo, e bom cada garota... cada foda, era eu erguendo o meu muro, era a minha forma de convencer a mim mesmo que eu era atrativo o suficiente pra fazer alguém me desejar por algumas horas, eu sempre soube que ninguém jamais amaria um cara oco, mas eu poderia lidar com essa ideia, eu poderia conviver sabendo que ninguém nunca iria me amar, porque no fim nem eu me amava, mas agora, sentado num banco do central park, eu consigo gostar de mim mesmo a ponto de saber que o que eu estou sentindo não é medo de enfrentar tudo denovo, não é a minha preocupação com minha familia, é a minha forma de demonstrar que sou importante para mim mesmo, é a minha esperança de que tudo não esta perdido, eu só tenho que superar, só tenho que fazer o que eu sei de melhor, eu só tenho que sobreviver ao dia.
 Flash back on
 Chovia em Nova York, pela terceira vez na semana, a cidade amanhecia chuvosa, não daquelas chuvas que despertava uma vontade louca de se enfiar debaixo das cobertas e passar o dia inteiro assistindo filmes, mas sim aquelas que despertavam um medo em você por ser tão calma e tão triste, era como se cada gotícula de água fosse a lágrima de um anjo, sento no rodapé da janela e fico observando o nada, ao fundo escuto uma melodia triste de algum filme que minha mãe e Maria assistia,e então meus olhos se prende no imenso quintal, as árvores estavam se transformando em abrigo para os pássaros, o chafariz estava desligado, enquanto o resto do dia se tornava cinza, abraço minhas pernas e encosto minha cabeça entre os meus joelhos. Eu tinha a súbita sensação de que eu deveria ser forte, de que meus pés não correriam mais naquelas gramas que eu admirava, eu tive medo de que tudo fosse acabar, eu tive medo de que não houvesse um herói para me salvar. Meia hora depois eu me encontrava deitado sobre o sofá, minha mãe acariciava o meu cabelo enquanto Ma procurava algum filme para mim assistir. Eu observa cada detalhe da casa, cada vaso, cada quadro, numa tentativa boba de guardar tudo, como se os detalhes fossem importantes.
__Caramba__ A voz de meu pai rompeu pela sala, normalmente esse era o meu horário preferido, e normalmente eu correria pros seus braços, mas hoje, agora eu estava paralisado pelo medo__Nova York esta um caos__ Observo-o tirar o paletó e joga-lo em algum canto da sala.
 Enquanto acompanho o seu caminhar, me pergunto se ele seria o meu herói.
__Amor__ A voz doce e delicada de minha mãe soa alegremente, olho para ela no exato momento em que seus olhos brilham, retorno o olhar para o meu pai, e os olhos deles estão tão brilhante quanto os delas, ou até mesmo mais__ É muito bom ter você em casa.
__ Eu decidir me dá folga__ Ele diz segundo antes de beija-la.
 Para todo mundo aquilo soou normal, mas ao meus ouvidos, aquilo soou preocupado, como se ele também tivesse percebido, como se ele tivesse medo, vejo ele se afastar e cumprimentar Maria, para só depois me enxergar.
__Ai esta você__ Ele sorri, um sorriso estranhamente encantador__ Por um momento pensei que você não quisesse me ver, pensei até que estivesse dormindo__ Ele afaga meu cabelo se agachando, se aproximando o suficiente do meu rosto__ É bom te vê meu herói.
__É bom te vê também___ A minha voz soou falhada, tentei consertar com um sorriso, mas meu pai era esperto de mais para ser enganado.
 Ele me olhou procurando por algo que estivesse errado, mas meu problema não era fisicamente e sim internamente, desistindo ele apenas sorri e se senta aos meus pés. Eu passei o filme inteiro observando os meus pais, memorizando cada sorriso, cada olhar, cada toque, eu tive medo de que nunca mais eu fosse ter uma tarde como aquela, medo de que não fosse o suficiente para eles, e por algum motivo eu tive um enorme medo de faze-los sofrer, sem perceber minha mão estava apertando a da minha mãe, e seus olhos não estavam mais presos na tela enorme que tínhamos mas sim em mim, todo mundo estava me observando.
__Eu amo você__ Digo a surpreendendo, eu não fazia isso constantemente, eu escrevia, eu tentava, mas as palavras nunca saiam, mas mesmo assim ela sorriu e me beijou.
__Eu amo de volta. 
Flash back off  
Eu tentei afastar a lembrança da minha cabeça, tentei esquecer de tudo enquanto corria tentei me convencer que estava bem, mas o olhar amedrontado que o mini eu tinha naquele dia, aquela súbita sensação de medo que ele sentia, aquela certeza louca de que as coisas estavam mudando que se acomodou dele não saia por nada, pela milésima vez, eu senti que estava me tornando ele de volta, paro de correr e apoio as mãos sobre as pernas, a cabeça impulsionada para baixo, o suor descendo sobre a minha pele, não me importava de estar parado no meio do Central Park, não me importava com o fluxo de pessoas que passavam por mim, eu estava levando o meu corpo ao limite, estava me obrigando a correr só para mostrar a mim mesmo que ele ainda podia se exercitar escuto o meu celular tocar mas não atendo provavelmente seria um dos meninos ou Renata, mais cedo antes de sair de casa escutei Aaron conversando com ela, ele estava preocupado, todos estavam e eu me senti inútil eu não deveria ser motivo de preocupação pra ninguém. Mas o numero e o nome na tela do celular não era deles, e de repente meu chão sumiu, meu medo gritou, e o menino perdido numa sala de hospital apareceu, a insistência das ligações não melhorava em nada eu sabia que deveria atender e acabar de uma vez com tudo isso, mas o medo era maior do que eu, era como se os esparadrapos estivessem sido tirados, como se as cicatrizes estivessem abertas,  e eu tentasse loucamente estancar o sangramento com band aid, eu estava perdendo tempo, me atormentando com algo que poderia nunca mais acontecer. O celular toca novamente e dessa vez antes que eu possa fazer algo, antes de raciocinar eu atendo.
__Ei campeão__ A voz alegre de meu pai enche o meu ser de uma paz desconhecida por mim desde ontem.
__Olá papai__ Digo voltando a caminhar, feliz por ser ele.
__ Só liguei para certificar se você ainda sabia que tinha pais.__ Sorrio ao tom brincalhão em sua voz.
__Foi mal__ Digo pegando o caminho de casa__ Desculpa por não ter ligado ou aparecido em casa.
__Sua mãe esta com saudades, Maria insiste em te ver e bem...__ Ele para e sussurra algo para alguém, ele com certeza estava no escritório__ Voltando, eu queria saber como anda o meu campeão.
__Eu estou bem pai.
__Todos estamos__ Há algo em sua voz que soa preocupado, algo que desperta uma onda de arrepios sobre mim__ Eu estou com saudades filhos. Saudades de passar um tempo com você, de ouvi você me contar sobre suas histórias, de jogar XBOX, de assistir um filme, sei lá a gente poderia sair para jantar ou até mesmo almoçar, você poderia aparecer em casa mais vezes, eu sei que você já é um homem, mas para gente você ainda é uma criança, sua mãe realmente quer te ver, ela fala de você 24 horas por dia, ela te ama Brandon, nós te amamos.
Eu sabia que ele realmente falava a verdade, sabia que deveria ter visitados antes, mas eu não fui, eu deixei pra amanhã.
__Eu amo de volta__ Digo sorrindo__ E eu também sinto saudades.
__Tem certeza que você esta bem filho?__ Eu poderia perfeitamente descrever sua expressão, o semblante preocupado que usava toda vez comigo.
__Só estou cansado__ Digo percorrendo a 7th Ave, aos poucos eu começava a enxergar as luzes incandescentes da times square__Foi uma longa noite pai, eu certamente não dormi muito.
__Aonde você está?
__Perto de casa__ Digo olhando pro relógio, já se passava das onzes__ Eu adoraria passar um tempo com você e a mamãe.
__Que bom, porque desta vez você não terá escapatória.
Flash back on
1 elefante, 2 elefantes, 3 elefantes, 4 elefantes, 5 elefantes
A porta se abre, e um homem vestido de branco aparece, ele sorri para mim, e cumprimenta meus pais, antes de olhar sua ficha medica e se sentar em sua cadeira de couro.
__Então pais meu nome é Jacke e eu serei o médico do filho de vocês__Eu queria saber o porque de eu precisar de um médico, mamãe havia me dito que eu não estava doente__ Eu acompanharei ele durante todo o percurso... E como dito antes, a quimioterapia é um processo a qual todo paciente portador do câncer é submetido.__ Seu olhar esta fixo nos meus, ele tenta sorri, mas a minha expressão amedrontada o impede.
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__Ela é composta de uma combinação de remédios específicos que tenta conter o avanço do câncer, eu sei que vocês conhecem alguns tópicos sobre o processo, mas gostaria de esclarecer algumas coisas sobre essa doença__ Acompanho ele jogar o corpo para trás__Não é novidade que todo ser humano possui células, as células saudáveis sofre um processo de divisão e crescimento diariamente, porém todas elas morrem, o problema está justamente nas células cancerosas, nessas infelizmente a morte não acontece e elas se espalham pelo corpo rapidamente.
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__Brandon é portador da leucemia linfoide aguda, que é um tipo de câncer totalmente comum na infância, gostaríamos de explicar que não é uma doença hereditária e que ainda não possuímos uma reposta sobre sua causa__ Ele para novamente dando tempo para os meus pais respirarem, eu não sabia o significados daquelas palavras, mas estava começando a ficar bravo com ele por fazerem meus pais chorarem__ Ela acontece porque as células troncos, que são responsáveis por originar os glóbulos brancos, plaquetas e glóbulos vermelhos, sofrem alterações, e justamente por ser aguda, as células jovem do nosso organismo começam a construir descontroladamente, por afetar a maioria das nossas células de formação a LLA, sigla ao qual nos referimos a esse tipo de câncer, compromete todas as nossas células sanguíneas.
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Infelizmente pais a evolução da doença é rápida o que torna a necessidade do tratamento urgente, voltando a quimioterapia os seus remédios impedem que as células doentes se multipliquem, é extremamente normal que seu filho toma um coquetel de medicamentos e passe por outros processos como transplante de medula óssea, quimioterapia convencional, medicações especificas, e anticorpos monoclonais__ Ele para mais uma vez e volta a olhar minha ficha técnica, sem retornar o olhar em nossa direção ele dá procedimento as suas palavras__ Brandon passará por consultas médicas diárias o tratamento dura cerca de três anos, gostaria que vocês soubessem que os primeiros meses são os piores e que o filho de vocês irá ingerir cerca de 10 medicamentos durante esse processo, infelizmente os tratamentos quimioterápicos não atinge as áreas do cérebro e medula, desta forma teremos de injeta-la diretamente no líquido cefalorraquidiano para matar células cancerosas nessa área.
__E doutor quais sãos as chances de cura?__A voz da minha mãe estava embriagada de medo e esperança.
Eu já tinha desistido de contar elefantes. Não adiantaria, ele olha atentamente para ela, desviando o seu olhar para o meu pai e depositando em mim.
__A LLA é uma doença grave, que pode ocasionar na morte, porém as chances de cura varia entre 10% e 90%, levamos em conta os fatores como a idade da criança, alterações genéticas  que levaram o aparecimento da leucemia que ainda nos é desconhecido, e o subtipo da doença.
 A consulta passou e eu não aprendi nada, meus pais enchiam o homem de branco de perguntas e ele respondia todas elas pacientemente, eu foquei minha atenção sobre o relógio que ele possuía em cima de sua mesa, e sobre a enfermeira que o ajudava, ela parecia um anjo e sorria para mim toda vez que nossos olhares se esbarravam. Mas mesmo assim eu ainda sentia medo.
__Antes de partirem gostaria de dizer que durante o processo de quimioterapia é normal que os pacientes percam o cabelo, desenvolvem inflamação na boca, tenha vômitos e náuseas decorrentes, percam o apetite, secura nos olhos, tem hemorragia e hematomas pelo corpo, porque infelizmente esse tratamento afeta nossas células sadias, e é acompanhada da radioterapia
Flash back off 
 Parei de andar no exato momento que o letreiro Carter me chamou a atenção, a entrada deslumbrante do meu edifício, coberto de um vidro escuro e de uma escada totalmente atraente me paralisou, porque naquelas vidraças eu me vi percorrendo o corredor segurando a mão de Lily, me vi entrando numa salinha gelada e branca, vi o mini eu correndo pro colo da minha mãe em sua primeira sessão, eu escutei seus gritos de dor, seus pedidos de ajuda, eu encarrei seu olhar amedrontado, vi ele apertar a mão do pai enquanto o seu pesadelo começava, vi as lagrimas escorrem sobre seu rosto, e senti uma enorme vontade de abraça-lo apertado, de dizer a ele que tudo ficaria bem, que a gente passaria por aquilo junto, eu queria poder sussurrar a ele que ele era o meu motivo de orgulho, mas eu não podia, não existia um herói para salva-lo para não faze-lo sentir dor, ele estava destinado a passar por uma dor que ser humano nenhum já provou, ele seria escravo da morte, da vida. A porta se abre e um Kyle preocupado aparece acompanhado de Fernanda, eles me entreolham acompanho meu amigo correr em minha direção enquanto sua namorada fica intacta no lugar, observo a porta se abrir novamente e todos os meus amigos estão ali acompanhados de suas namoradas, vejo Manuel parado ao lado de Aaron, e sinto meus joelhos fraquejarem, eu não conseguia conter mais as lágrimas que escapavam de mim, eu não consegui evitar os soluços quando Kyle me abraçou sem se preocupar com o meu corpo coberto por suor.
__Esta tudo bem mano__ Ele tentava me convencer de que não havia motivos para sentir medo__ Você esta bem Brandon.
__Eu falei com meu pai hoje Kyle, eu disse a ele que o amava e que sentia saudades.
__Todo filho diz ao pai que o ama.
__Eu não mano__ Me afasto__ Eu não digo as pessoas que as amo, eu não digo a ninguém que sinto saudades, ele sabe disso, eu o deixei preocupado__ Paro secando as lágrimas olhando pro nada e ao mesmo tempo para tudo__ Eu disse a ele que os veria mais tarde, mas eu não sei se consigo... Não sei se vou consegui vê-los de novo.
__Brandon não há nada de errado com você__ Kyle procura por meu olhar mas eu não sou capaz de deixa-lo me ver__ Você apenas teve uma noite ruim, apenas se lembrou de uma parte ruim da sua história.
__Aí que esta__ Digo mexendo no cós da calça__ Não foi apenas uma noite, foi uma daquelas noites, não são apenas lembranças são malditas lembranças e não Kyle elas não parraram, eu estou sendo atormentado por elas, e para piorar a situação o meu celular não para te tocar e eu sei que deveria atender, mas eu não consigo eu estou com medo do que ele tem a me dizer.
__Ele quem Carter?
__Meu médico... Ele não para de me telefonar.
 Kyle não diz nada, apenas me observa então eu retorno o olhar para as pessoas atrás dele, e vejo os olhares que me lançam, os meninos ainda me olham com o mesmo olhar de Kyle, a mesma preocupação as meninas porém possuem uma preocupação distinta, como se eu soubesse de algo que não deveria, como se elas soubessem o quão perdido eu estava, Manuel tinha o mesmo olhar delas.
__O que aconteceu?__ Pergunto voltando a atenção para Kyle.
__Muitas coisas__ Ele diz soltando um suspiro__ Você não vai acreditar.
__Acredite nada mais me surpreende__ Digo dando os primeiros passos.
 A caminhada até eles parecia não ter fim, e me peguei contando elefantes mentalmente eu precisava de um banho.
__Brandon__ A voz doce de Fernanda ao me cumprimentar despertou um onda de constrangimento entre as meninas__ Eu...
__Agora não__ Digo passando por ela__ Eu preciso de um minuto.__ Coço a nuca e olho em direção a Manuel__ Cooper disse algo sobre termos novos hospedes ontem a noite, isso é sério?
A expressão preocupada de Manuel se transforma em confusa.
__Você não sabe quem são?__ Ele pergunta desviando o olhar de mim para as meninas.
__Não__ Digo parando no hall de entrada, saindo da área de lazer eu observo dois casais de adultos andando em nossa direção__ São eles?
__Meninas até que fim te encontramos.__ Uma das mulheres diz com um enorme sorriso, mas minha atenção está focada na outra, ela era estranhamente parecida com Maju.
 É então que o impossivel se torna possível, a porta do deck se abre novamente e uma Maju sorridente aparece acompanhada de um Vitor radiante e de um... 
É como um se eu tivesse assistindo um daqueles filmes com reviravoltas, o motivo de preocupação das meninas estava nítido, era como se o mundo tivesse parado de girar e todo o ar fosse sugado, pelo menos era isso que acontecia nos filmes, mas não comigo, Maju e Vitor estava acompanhados de Felipe, como eu não sabia. Mas estava claro que era eles, desvio o olhar para Manuel que me analisa.
__Tudo bem eu não sei se é por causa da noite, ou por causa da enorme dor de cabeça que eu estou sentindo, mas será que alguém pode me explicar o que estar acontecendo.
__Você não esta bravo né moreno?__ A voz preocupada de Larissa me faz direcionar o olhar para ela, seu semblante sério e seu olhar de medo me faz me sentir um monstro, eu precisava encontrar uma forma de enfrentar esses olhares.
Abro a boca para dizer algo, mas tudo que faço é fecha-la e observar Maju, Vitor e Felipe, todos me olhando, e tudo o que eu consigo sentir é exatamente nada, era como se o mundo tivesse se encaixado, como se todos os problemas fossem resolvidos, o brilho do olhar que Maju possuía era diferente, indescritível ela emanava paz, Vitor parecia completo, eu tive certeza de que eles haviam encontrado o seu final feliz, de que haviam encontrado o lugar ao qual pertencia, Felipe estava confuso, como se estivesse perdido, mas mesmo assim completo, era estranho olhar para a garota que eu amava e saber que o lugar dela era ao lado dele, era estranho sentir-me feliz por ela? Quer dizer era pro meu mundo estar desabando, era para o meu coração se partir ao meio, era para mim sentir a porra de alguma coisa, mas eu não conseguia senti, tudo o que eu poderia dizer era que estava feliz por Maju, ela merecia isso mais que qualquer pessoa, merecia ser feliz novamente, merecia voltar a sorri, voltar a viver, um de nós merecia. E olhando para eles, eu finalmente entendi o que todo mundo já sabia, eu entendi que Maju e Felipe nasceram para ficar um com outro. Algumas pessoas não tinham escolhas, eram destinadas a ter sua historia já escrita, essa eram a deles, e eu tive medo de que a minha também já estivesse escrita, só que sem o final feliz. Foi então que o meu celular tocou e o nome do meu médico apareceu, Kyle me olhou e depois pro celular que não parava de tocar.
__Você não vai atender?__ Henrique perguntou rompendo os meus pensamentos.
Eu apertava o celular com força, como se fosse quebra-lo.
__Não é nada de importante__ Digo entre dentes.
__É ele não é?__ Eu sabia a quem ele se referia, Kyle não precisava de uma resposta ele já tinha uma__ Você precisa atender mano.
__Eu já disse que não é nada de importante__ Digo desligando o celular, ignorando o seu olhar desviando o meu para Larissa__ Eu não estou bravo Larissa, acredite fico feliz por vocês, realmente estou. Vocês merecem serem felizes__ Então retorno o olhar para os novos hospedes, Maju, Vitor e Felipe haviam se aproximado  do restante, eu podia sentir seu olhar, mas mesmo estando feliz por ela, eu não conseguia encarra-la__ Sejam bem vindos ao Hotel Carter, Manuel é o sindico qualquer coisa é só falar com ele, as meninas também podem ajudar vocês a se acomodarem, se sintam em casa, geralmente eu faço as boas vindas com uma cesta de presente... desculpe por isso__Digo apontando para mim__ Eu tive que correr... Agora se não for parecer rude eu realmente preciso tomar um banho__ Sorrio para eles__ Tenho um encontro com os meus pais, e se eu não parece eles me matam... Literalmente__ Desvio o olhar pros meninos, todos me observando__ A gente se vê mais tarde.
 Estou dando o primeiro passo para o elevador particular quando meu celular toca de novo, dessa vez não era o médico e sim Renata.
__Desculpe, mas eu não posso falar agora, te ligo mais tarde__ Ela insiste em dizer algo__ Eu estou bem Re.


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