Brandon on
Você já notou como o mundo te surpreende? Como a sua vida tem o péssimo habito de escolher caminhos que em momento algum passou a ser uma opção de suas escolhas? Eu nunca tive a oportunidade de escolher o que queria, nasci numa família com o sobrenome mais importante por décadas, tive que estudar em escolas que nunca foram as minhas preferidas, eu nunca quis cursar administração, mas a minha família queria isso, queria que em algum momento eu assumisse o "trono" que era meu por herança, já eu queria apenas colocar uma bolsa nas costas e cair nesse mundo, vivendo cada dia como se fosse o último, porque aprendi que essa é a forma mais certa de se viver, se cada pessoa vivesse o dia de hoje com a hipótese de que o amanhã poderia não acontecer, saberia qual é o verdadeiro valor da vida, não se preocuparia em correr atrás daquilo que queria e se permitiria a sorrir, porque a vida não nos é garantida duas vezes, eu queria que fosse, porque assim tanto Jacke quanto Felipe poderiam desfrutar de mais alguns anos nesse planeta que chamamos de lar e evitariam tanto sofrimento, Jacke poderia ter experimentado coisas que toda criança nunca esquecerá, coisas das quais ele dormia me contando, ele com certeza entraria na Harvard e faria de Renata uma pessoa melhor, Felipe poderia passar o resto da vida com as meninas e com o Vitor, caramba era para ele estar aqui agora com a Maju e as meninas, mas não, eles tiveram que morrer, tiveram que ir pra um lugar desconhecido. A morte poderia ser chamada de a maior terrorista de todos os tempos, mas meu pai uma vez me disse que a Vida e a Morte eram dois anjos, mais que distintos, porém ambas eram lindas, que o anjo da morte não era tão mal assim, ele até me falou que ela apenas cumpria o que a mandavam fazer, eu nunca achei isso errado, mas eu nunca consegui aceitar o fato de que as pessoas boas e que querem viver morressem, enquanto os "vilões" continuam nesse mundo cruel, foi a aí que minha mamãe me disse que o papai do céu recrutava seus anjos preferidos primeiro, eu achei aquilo fantástico e por vários anos que se passaram eu não conseguia viver o luto de uma perda, porque na cabeça de uma criança crescida eu deveria estar feliz, afinal ela tinha ido com o papai do céu, mas Maju entrou em minha vida, e me fez notar aquilo que eu nunca havia esquecido, que não dá pra seguir em frente, perfeitamente depois que alguém se parte, você precisa conviver com a ideia de que a pessoa que ama morreu, acho que acreditei demais nas palavras que minha família contaram quando Jacke morreu, eu pelo menos tinha Renata, mas e o Vitor tinha quem? A Maju e as meninas? Todos sabiam que a vida delas haviam cruzado um caminho que todas não queriam, mas no momento em que ambas pisaram no hall de entrada quem quer que fosse havia cruzado os seus caminhos com o meu e dos meninos, mas isso não se aplicava a Vitor, pelo o que Maju havia me falado, ele tinha ficado preso no dia em que Felipe morreu, ela também me contou que todos sentiam a falta dele, que Felipe havia marcado muitas vidas, tinha feito delas completas, mas que quando receberam a noticia de que ele nunca mais voltaria, o que era completo havia se tornado vazio, mas nada se comparava com o que havia acontecido com ele, era como se Vitor tivesse realmente morto, apenas esperando e suplicando que o anjo "mal" aparecesse e o levasse junto, eu sei o que é esperar por isso, só Deus sabe quantas eu vezes eu torci para que o câncer voltasse e me levasse, ou que alguma coisa acontecesse, mas eu parecia estar predestinado a ficar nesse mundo e estava torcendo para que isso não acontecesse com ele, porque Vitor perderia a essência de quem realmente é, nunca mais poderia olhar a boniteza que a vida possui, Maju estava triste, ela não havia sorrido muito nos últimos dias, ela nem se quer saiu de casa, e recusou o convite de meus pais para um almoço em família, as meninas também não estavam melhores, Aaron até tinha perguntado que merda havíamos cometido dessa vez, e ele ficou triste quando contamos o verdadeiro motivo das meninas não estarem legais, eu queria dar um jeito nisso, queria que o meu anjo voltasse a vida, que a minha maluquinha voltasse a sorri e que todas as minhas garotas voltassem a acreditar na vida, eu realmente queria dar um jeito nisso, mas antes eu precisaria dar um jeito em mim, precisava concertar o que havia de errado comigo, precisava que alguém me desse um choque de realidade e me contasse que Jacke não voltaria, que o câncer não voltaria e que estava tudo bem eu ter ficado, que não era minha culpa, eu precisava também concertar as coisas com a Renata, não era mais um lance de melhores amigos, iria sofrer se ela não quisesse mais a minha amizade, mas eu imploraria para que ela entendesse que a vida não era como ela queria, Renata precisava voltar ao mundo real e deixar aquele que construiu de lado, eu sempre estaria lá e continuaria amando-a, mas ela teria que abandonar o conto de fadas que estava vivendo, tanto ela como eu, sabíamos o quanto a morte e o câncer haviam nos marcados, de modo diferente mas havia, eu nunca fui capaz de enxerga-la na forma que os meus amigos e as meninas a enxergam, para mim Renata ainda era uma criança, que não sabia o que fazia, ela sempre seria isso, mas a minha bebe já estava com 20 anos, e eu não poderia mais fechar os olhos para realidade, e a realidade era que Renata estava perdida, procurando em mim, algo que nunca encontrará, eu nunca poderei ama-la do modo que ela deseja, porque meu coração já tinha Maju, eu já amava uma pessoa, já tinha encontrado o amor em Maju e não pretendia mudar isso mesmo que pudesse, eu continuaria amando Maju, porque pela primeira vez em toda minha vida, eu havia escolhido algo, não de começo, porque eu nunca imaginei ama-la, Maju não pertencia a mim, e eu não pertencia a ela, mas hoje, eu a escolheria, e estava torcendo para que Renata não me fizesse escolher, porque isso me destruiria, eu iria ter que começar a viver num mundo onde a minha garotinha dos olhos perdidos não tivesse um papel fundamental, eu não teria mais Renata para me abraçar quando o mundo ferrasse comigo novamente, eu nunca mais iria escuta-la dizendo que estava tudo bem e que me aceitava do jeito que era, eu iria ter que conviver com a ideia de que seria só eu contra a porra do mundo.
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This is my history
Teen FictionMaju é uma adolescente de 18 anos, que sonha em conquistar o mundo. Uma garota linda, meiga, educada, divertida, que conta com 4 amigas fiéis. Pais atenciosos, e um namorado perfeito. Ela sempre teve tudo o que quis, e levava uma vida perfeita, até...