"Nunca ouve e nunca haverá uma forma certa de se amar, assim como nunca existirá uma forma menos dolorosa de se partir... Talvez seja por isso que Brandon Carter se tornou um objeto fascinante de se olhar... Porque ele tem a incrivel habilidade de sentir as coisas numa intensidade muito maior que qualquer ser vivo desse planeta. Sua dor eleva o nivel de sofrimento e sua capacidade de suportar tudo sozinho impressiona os anjos. Se as coisas estão mal para você imagina para uma criança de seis anos... Você não tem noção do peso de uma noite que parece não ter fim"__Personagem que você ainda não conhece, me chame de Admirador .
Admirador on15 anos atrás
Dor... Alguém com certeza já tentou explicar essa pequenina palavra. Dá sentido aquilo que vai além da mera explicação dado a nós pelo dicionário a um sentimento que não pode ser medido, mas frequentemente relatado em diversos lugares distintos do mundo. Algumas pessoas já tiveram a convicção de que não suportariam mais, já disseram em uma noite fria sozinha, abandonado em algum canto da casa chorando escondido que não aguentava mais um segundo se quer. Alguém com certeza já jurou ter carregado nos ombros a pior forma dela. Talvez uma garota com um coração partido ou até mesmo um homem numa perda. Assim como também tentaram explicar a um pequeno garoto que seus sonhos não se realizariam. Várias pessoas fingiam não ver sua dor, mas Brandon Carter o pequeno garoto do sorriso doce e doentio não era tão forte como desejava. E por mais que ele se esforçava a sua dor não poderia ser escondida, não poderia ser curada. Não havia morfina o suficiente para cessa-la, não havia tempo para sorrisos, ele estava destinado a suporta-la 24 horas por dia sem parar, sem ter um segundo se quer para respirar tranquilamente e mesmo se convencendo de que não doía, aquele pequeno anjo ferido sentia tudo numa intensidade imensurável, talvez porque ele fosse um anjo, talvez porque ele fosse um erro. Ela o acompanhava desde da hora de dormi até a hora de acordar, não havia brechas para alivio, sua vida era um mar de sofrimento. E eu tentava entender o porque. O por que de um anjo de apenas sete anos esta suportando tudo o que um adulto de 30 não conseguiria. O por que dele não ter morrido ainda, já que uma coisa era certa na vida de Brandon não havia salvação para ele, sua única saida tinha se tornado a morte. Mas Brandon estava destinado a sofrer, destinado a passar por um caminho de puro sofrimento. As vezes eu poderia jurar que até mesmo a dor sentia muito por ele. Eu costumava observa-lo dormir, eu observava todas as crianças dormi, todos pareciam deixar seu sofrimento de lado, pareciam ter encontrado a terra perdida, aquela em que finalmente poderiam descansar, poderiam encontrar a felicidade, mas Brandon parecia estar presos em pesadelos, preso a um labirinto sem fim, havia noites que ele não suportava, noites das quais ele apelidou de: "Noites que parecem não ter um fim" eu costumava chama-las de "A pior noite para se estar vivo". Noites pelas quais eu o assisti sofrer sem contar a ninguém, eu havia acompanhando-o durante toda a sua jornada. Durante todos os processos de transplante, quimioterapia, radioterapia e coquetéis possíveis e impossiveis eu estava ao seu lado a todo momento, eu seria seu parceiro, seu confidente... Seu pesadelo.
Eu simplesmente não conseguia me afastar, assim como ninguém nesse maldito hospital conseguia, todos sabiam que deveriam mas ninguém o deixava, era como se existisse uma gravidade que nos mantinha preso a ele. Brandon era diferente de qualquer ser que eu já havia conhecido, era incrivelmente e assustadoramente perfeito, possuía os cabelos negros lisos, do qual ele se orgulhava e muito, afinal havia herdado do seu pai, seus olhos eram duas perolas azuis, um azul que refletia o céu, esses porém eram herança materna, dono de uma cor morena e de um sorriso repleto de vida, da voz mais gentil que um ser já ouviu em toda historia terrestre, dos abraços mais apertados que já existiu no universo... mas isso foi o abandonando, como tudo em sua vida, não havia mais a mesma quantidade de cabelos, ou até mesmo a cor morena, isso era passado e o que ainda se mantinha presente, estava se dilacerando num curto espaço de tempo, eram meros lembretes deixados para trás. Ontem a tarde Brandon havia perguntado a Lilly se todo mundo sentia aquilo ou se era somente ele, se todas as crianças também ficavam doentes em algum tempo da vida, Lilly não soube responder, ela pensou em mil respostas diferentes, mas sabia que não poderia dizer a ele a verdade, ele compreendeu o seu silêncio, e por mais que ele oferecia a seu anjo um sorriso acolhedor havia um sentimento ruim em seu estomago, um nó em sua garganta, uma voz que dizia sussurrando em seu ouvido que somente ele poderia sentir essa dor. Levou tempos, anos para que Brandon compreendesse essas palavras.
Flash Back On
O corredor estava incrivelmente vazio, insuportavelmente quieto, Jacke havia me dito que hoje aconteceria o dia do cinema e que todas as crianças estariam presente, ele havia me convencido a ir, Renata e Jack também iriam, eu estava ansioso, e forçava meus pés a caminharem, por mais que doesse fazer esse gesto eu com certeza queria assistir Rei Leão.
__Ei você veio__ A voz doce de Lilly me despertou um sorriso, ela estava parada no lado de fora da pequena sala me oferecendo o sorriso mais empolgante do mundo, era possivel escutar o barulho das crianças elas pareciam agitadas, felizes enquanto travavam uma luta de vozes, tentando desesperadamente chamar atenção seja lá de quem for. E por um momento eu senti uma enorme vontade de sair correndo para o meu quarto, Lilly percebeu meu nervosismo e se ajoelhou em minha frente, passando a mão sobre minha face, a sensação quente tocando numa superfície congelada__ Esta tudo bem campeão, você não precisa sentir medo deles.
__Eu só...__ Paro de falar assim que uma criança acompanhada pelos pais passam por nós, a pequena menina me oferece um sorriso... um sorriso tímido e doce enquanto os pais a puxam para longe tampando o seus narizes, me direcionando um olhar reprovativo. Eu os ignoreis afinal era a primeira vez que um desconhecido sorria para mim.
__Para um hospital de luxo eles estão aceitando qualquer porcaria__ A mulher loira sussurra ao marido, num sussurro não tão baixo.
__É melhor andamos antes que esse odor nos contamina__ O cara que a acompanhava empurra a filha para dentro.
Meu olhar estava preso neles, eu podia sentir as lagrimas fazendo seu caminho, não era novidade escutar esses tipos de argumentos, mas era dificil lidar com eles, dou meia volta olhando para um corredor que parecia não ter fim, havia levado uma hora para que eu conseguisse atravessa-lo, coisa que no máximo levaria dez minutos a uma pessoa normal, porém as diversas paradas para recuperar o ar e as diversas vezes que tive que me esconder de alguém tornaram esses dez minutos em uma hora, eu havia tomado três banhos antes de sair, havia até passado perfume e colocado a minha melhor roupa, meu cabelo estava bagunçado, havia tentado penteá-lo, mas sempre que fazia um penteado um lado careca ficava a mostra, então optei por deixa-lo desarrumado na esperança de esconder as falhas. Na esperança de ser um garoto normal. Mas normalidade não se encaixava em mim, não importa o que eu fizesse as pessoas ainda me achariam um monstro uma abominação.
__Aonde você vai?__ Lilly me parou no segundo passo.
__Para o quarto__ Digo sem olhar para ela__ Não foi uma boa ideia vim para cá.
__Todas as crianças estão aqui Brandon__ Ela sussurrou, havia expectativa em sua voz mas em seus olhos eu podia enxergar a decepção brotando neles.
__Todas as crianças tem medo de mim Lilly__ Digo olhando para ela cansado, segurando sua mão, tentando achar uma forma de me desculpar__ Toda elas acham que eu sou um monstro. E esta tudo, já me acostumei com isso... eu só não posso entrar... desculpe.
Lilly não disse nada, deixando com que minhas palavras morressem sobre nós, ela ainda segurava minhas mãos e me encarava, eu enxerguei o pesar em seu olhar enquanto ela se levantava e me pegava no colo, me levando de volta para o quarto, de volta para o meu refugio.
Flash back off
Dias atuais
Brandon on
Naquele dia Lilly fez o nosso próprio cinema, meus pais e meus avôs estavam conosco, Maria havia fazido minha pipoca preferida, assistimos todos os filmes de desenho possíveis, eu adormeci contente pela primeira vez em muito tempo, mas agora percorrendo os mesmos malditos corredores eu não me sentia em casa, eu me sentia perdido.
__O senhor deve ser Brandon Carter__Uma voz meiga interrompe meus pensamentos, busco pela dona da voz, a garota aparentava ser nova, na base dos dezenove, tinha os cabelos loiros da cor do mel amarado num coque bagunçado, o olhar da cor cinzenta, um cinza diferente da Renata, tinha um corpo bonito e um sorriso amigável, sua mão estava estendida a mim__ Sou Ivy Carpenter, assistente medica do senhor Duckworth.
__Duckworth?__ Pergunto estendendo a mão a ela__ É assim que o chamam agora?
Ela sorri, um sorriso de orelha a orelha, observo seus olhos quase fecharem em resposta ao meu comentário.
__Duckworth é um lindo sobrenome não acha?__ Ela diz me acompanhando para dentro de uma sala que eu conhecia muito bem.
Fico sem ar quando uma onda de lembranças me invade, paralisado ao lado de uma das poltronas, Ivy me analisava com os olhos preocupados.
__Eu já ouvi falar de você__ Ela diz tirando-me dos meus pensamentos enquanto caminha para sua mesa, seu olhar se desvencilha por um momento dos papeis em sua mão e encontram os meus__ O tão famoso Carter__ Percebo a admiração em sua voz __ O senhor Duckworth costuma usar você como exemplo para os seus pacientes.__ Ela me olha com um sorriso doce e volta sua atenção para a sua mesa__ Ainda não acredito que estou finalmente te conhecendo.
Antes que eu posso dizer algo a porta se abre e o velho conhecido Jacke aparece, eu poderia dizer que os anos não haviam passado para ele, mas a evidente presença dos fios brancos e a forma cansada que se encontrava fazia com que ele parecesse ter muito mais que 50 anos. Observo ele sorri e me puxar para um abraço apertado.
__Vejo que o senhor já conheceu Ivy__ Ele se afasta sorrindo orgulhosamente enquanto olha para a moça parada ao nosso lado.
__Sim__ Digo esfregando as mãos em minha calça__ A gente.... pode começar logo?
Jacke vasculha o lugar a procura de algo, e assim que não encontra deixa um sorriso triste tocar em seus lábios.
__Tem certeza que deseja fazer isso sozinho menino?
Eu não conseguiria responder essa pergunta de nenhuma forma possivel, eu estava com medo, apenas concordo com a cabeça e o vejo entrar na sala, deixo com que um suspiro escape de mim, antes de dá o primeiro passo.
__Hey Brandon__ A voz doce de Ivy me paralisa, viro-me para ela, e lá esta ela me olhando com os olhos mais puro que alguém já me olhou, acompanho seus passos em minha direção, vejo em silencio ela entrelaçar seus dedos nos meus e o triste sorriso brotar em seus lábios__ Você vai ficar bem__ Seu olhar cinzento continua preso no meu, e me encontro conectado a ele, Ivy fica na ponta dos pés beijando minha bochecha enquanto sua mão solta lentamente da minha__ Eu sei que vai.
Ivy não poderia estar mais errada, eu não estava bem, minha saúde não estava bem. A jornada para casa não foi das melhores eu não conseguia tirar as palavras de Jacke da minha cabeça e nem o olhar de Ivy, eu estava totalmente perdido.
A estranha sensação de casa me invadiu assim que pisei no hall de entrada, Manuel estava parado na recepção conversando com um dos funcionários, os meninos estavam entretidos numa conversa com Maju, Vitor, Felipe e as meninas, todos pareciam alegres, felizes, meu celular vibra no bolso de trás, indicando que uma nova mensagem havia chegado, eu não estava afim de vê-la, mas o fato de ser de um numero desconhecido despertou minha atenção.
" Sinto muito! Aqui é a Ivy peguei seu numero no prontuário medico. Duckworth me disse sobre você... eu realmente lamento"
Estava respondendo a mensagem quando a voz de Renata rompe sobre nós. E derrepende o silencio toma conta do lugar.
__Brandon__ Ela diz se aproximando mas parando assim que encontra meus olhos, e sei que não importasse o que eu dissesse ela já sabia a verdade__ Sinto muito.__ Ela diz por fim me puxando para um abraço apertado__ As coisas estão tão ruins assim?
Eu queria fazer do seu abraço meu porto seguro, meu refugio mas nem os braços da única pessoa que eu sabia que não me abandonaria estava ajudando. Me desvencilho dela, caminhando em direção ao enorme sofá eu precisava sentar, precisava por minha mente em ordem, não estava preparado para responder perguntas, para lidar com a verdade. Meu celular vibra novamente, olho para ele assim que o nome Ivy aparece na tela.
"Você vai ficar bem Brandon, eu sei que vai... você é maior que isso." Um sorriso escapa de mim, respondo sua mensagem com um obrigado e volto minha atenção para Renata, dessa vez não era apenas seus olhos presos em mim, mas sim de Kyle, Henrique, Anthony, Diego, Aaron e Manuel, olhares que eu não queria ter que enfrentar.
__Eu não estou com câncer__ Digo por fim, vejo o alivio tomar conta de todos, menos de Renata, eu certamente estava torcendo para que eles não notassem o que eu estava escondendo, mas o fato de eu esta preso no olhar de Renata e as lágrimas que escorriam dela, fez com que todos voltassem a ser preocupar.
__Isso significa exatamente o que moreno?__ Ela luta contra os soluços. Deveria saber que ela conhecia muito de mim, para saber que as coisas não estavam boas. Para saber que só existia uma coisa que me causava mais medo do que o Câncer. Desvio o olhar dela e encontro os de Maju, meu pequeno anjo loiro não passava de uma visão do passado, uma visão incrivelmente bonita e dolorosa.__ O que exatamente Jacke te disse que assustou o inferno a fora de você?
Suas palavras me conecta a ela, eu sabia o quão fodido estava, o quão sem esperança me encontra, só não sabia que Renata estava no mesmo barco.
__ Que ele ainda não pode me dá certeza disso__ Digo voltando a olhar para eles__ Que estou passando por uma destruição excessiva de glóbulos vermelhos que me ocasionou anemia hemolítica, ou seja que meus glóbulos foram destruídos por algum distúrbio ainda desconhecido, também disse que estou com aplasia medular ocasionada pela falha medular ao produzir células sanguíneas. A parte boa é que aparentemente é só isso, eu terei que reconstituir minha medula e tratar da anemia.
__E qual é a parte ruim Brandon?__ Re pergunta dando voz ao pensamento de todo mundo. Inclusive aos meus.
__A parte ruim é que a anemia pode ter sido ocasionada por causa da leucemia, o que significa que o câncer possa ter voltado, eu terei que passar por uma bateria de exames. A parte mais ruim ainda é que meus exames apontaram uma pequena produção anormal nos glóbulos brancos, ainda não é nada segundo Jacke, mas isso pode se agravar e resultar naquilo que não queremos... A parte mil vezes mais pior é que Jacke pode estar enganando e eu posso estar com mielodisplasia que explica a destruição das hemácias, a anemia, a alteração na produção de leucócitos e o problema na medula óssea e ocasionalmente eu posso estar com câncer. A parte feia da historia que ninguém quer ouvir, é que meu corpo não esta reagindo normalmente, eu não estou conseguindo controlar nada, e todo o tratamento que fiz durante aqueles 4 anos não serviu pra nada, o que pode explicar o porque o câncer possa ter voltado, a quimioterapia é uma das possíveis causas, não estou conseguindo corresponder ao transplante da medula, e sem isso... se eu não for capaz de fazer isso, eu não tenho chances de cura. Tudo piora quando indica que posso estar com leucemia mieloide aguda e não linfoide__ Deixo um sorriso triste escapar de mim, solto um suspiro quando termino de falar__ Tudo que eu diga a vocês resulta em um único ponto: a volta do câncer. O pesadelo da historia fica ao fato de que meu cérebro possa ser afetado, assim como meus outros órgãos. Ah e ela também se desenvolve rapidamente, e as chances de cura são menores que a da LLA. Resumindo tudo o que eu disse eu posso ser uma bomba atômica preste a estourar a qualquer momento... Eu estou morrendo em outras palavras.
Vejo Renata desabar ao meu lado, ela sabia o quão ferrado eu estava.
__Você vai ficar bem né campeão?__ Eu conhecia aquele olhar, eu nunca havia esquecido dele, derrepende a Renata a minha frente não era aquela pintada a todo mundo. Era a minha Re, minha melhor amiga, minha menina dos olhos perdidos.
__Eu realmente não sei__ Digo me entregando a realidade__ As coisas estão diferentes Re, eu já não sou mais aquele Brandon que você conheceu a muitos anos atrás, eu não sei se consigo...
Não termino o pensamento, apenas aprecio o abraço apertado de Re, me dando conta de que mesmo com o passar dos anos, Brandon Carter nunca seria um garoto normal.
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Novela JuvenilMaju é uma adolescente de 18 anos, que sonha em conquistar o mundo. Uma garota linda, meiga, educada, divertida, que conta com 4 amigas fiéis. Pais atenciosos, e um namorado perfeito. Ela sempre teve tudo o que quis, e levava uma vida perfeita, até...