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***

••• duas semanas depois  •••

Outro dia.

É engraçado como outros dias podem mudar o seu pensamento sobre aquilo que você decreta como lei. Algumas decisões precisam de outros dias para serem tomadas, você não deve agir por impulso. Agir por impulso pode ser algo tentador, mas ao mesmo tempo avassalador. O resultado tem potencial para ser algo que você não deseja ou até mesmo ter um efeito contrário ao que você almeja.

Pense.

Se soubesse disso quando ainda era uma garotinha, muitas das dores causadas não seriam sentidas com tanta intensidade. Pensar antes de agir é algo válido para todas as idades e eu recomendo. Não entregar as suas respostas ao vento e não decidir o que as pessoas desejam, é uma boa dica para manter a sua sanidade mental intacta e evitar anos de terapia.

Conforme tomava o meu café gelado e caminhava em direção ao parque, não conseguia desligar os meus pensamentos. Os meus neurônios e todas os meus nervos funcionavam juntos, tentando decifrar o que o meu coração sentia. No fundo, não conseguia parar de pensar no estranho e ainda ansiava vê-lo de novo. Mesmo que por alguns segundos, ele me proporcionou momentos de alegria e eu sentia necessidade em retribuir.

Eu estava impressionada e muito curiosa para saber mais sobre a pessoa que despertou a minha atenção. Já passei por situações incomuns, mas nada comparado a isso. Não imaginei que sentiria algo assim, conhecer alguém de uma forma inesperada e ainda assim, querer mais. Queria saber o motivo da sua dor, por qual razão ele se sentou ao meu lado naquela tarde fria de outono.

Não digo que conhecê-lo foi algo ruim, mas sim a forma como estes encontros despertaram a minha curiosidade. Nunca passei por um momento assim, conhecer alguém e esse alguém despertar curiosidade em mim e me obrigar a querer conhecê-lo. Porém, sempre desejei algo assim, falar com alguém mesmo sabendo que não veria essa pessoa de novo. Respirei fundo e olhei em volta, as ruas estavam contaminadas por pessoas e folhas douradas pelo chão.

A minha vida era muito entediante e em parte, eu adorava isso. Adorava ser assim. Ao me comparar com as outras pessoas, eu não tinha motivos para andar com pressa ou fazer ligações agitadas. Eu ainda possuía o direito sobre o meu tempo e podia usá-lo para apreciar a beleza que muitos insistiam em ignorar. A minha rotina se resumia em trabalhar e comer, o que não é ruim. Mas aos poucos me sentia sedentária e por isso, usava o meu tempo para caminhar até o parque com a falsa ilusão de que isso era o suficiente para acabar com o sedentarismo.

Parei em frente ao parque e respirei fundo, entrar ali significaria momentos bons para mim, mas também significaria memórias. As feições delicadas de Kim não saíram da minha cabeça e os seus olhos penetrantes ainda me seguiam por todos os lados. No entanto, será que ele ainda se lembrava de mim? Provavelmente não, mulheres são mestres em gostar de pessoas que não gostam delas.

Não me reconhecia mais, algo assim jamais me atraiu e não sei por qual móvito, do nada, isso começou a chamar a minha atenção. Talvez fosse todo o mistério que ele carregava consigo, toda aquela masculinidade escondida no rosto de um jovem adolescente ou simplesmente a minha vontade de sair do escuro e ter alguém para conversar, nem que seja sobre coisas banais.

É, aqui estou eu, beirando a insanidade, conversando sozinha em frente a um parque.

Necessitava esquecer isso, ele provavelmente nem se lembraria mais de mim e eu estava vivendo neste circo sozinha. Não podia permitir que a solidão determinasse o rumo da minha vida e eu não podia cair nos braços de um estranho apenas para evitar a tristeza. Certo? Errado, eu queria conversar com um estranho, queria poder ouvir a minha voz e sorrir por coisas estúpidas. Queria me sentir viva de novo, deixando a hipocrisia de lado.

A luz do dia adentrava o meu corpo e me completava com as vitaminas necessárias, o dia estava radiante e eu não podia perder isso. O sonho que me perseguiu durante a noite voltou e me consumiu novamente, sonhei com ele. Tudo era tão claro, ele estava em meus sonhos sem motivos ou razões aparentes. Mas estava lá, me encarando com os seus olhos e o seu sorriso, não sabia o que estava acontecendo comigo.

Kim deixou algumas perguntas e eu não sabia como respondê-las sozinha. Por um momento desejei voltar ao nosso segundo encontro e colocar um pouco mais de vontade em mim, para conhecê-lo melhor. Porém, o medo não me permitiria isso. No entanto, eu sonhei com ele e pensei nele por vários momentos. Acredito que isso é outra consequência da solidão, ficar louca ao ter contato com outra pessoa.

Era tarde demais, não podia voltar no tempo e não conseguiria mudar a forma rude como o deixei na primeira vez que o vi.

Indecisão.

Passei metade da semana trabalhando, sempre que me sentia mal era isso o que eu fazia. Sentia necessidade em ser a melhor em tudo, em minha mente, somente assim, eu conseguiria o reconhecimento das pessoas em minha volta. Isso nunca aconteceu, mas insistia em pensar assim, acho que posso chamar isso de motivação pessoal.

Enquanto caminhava em direção ao meu banco, não podia deixar de notar a quantidade de pessoas que estavam nas ruas e por ali, quase como em comemorações festivas. O que só realçava a beleza da cidade, sempre que o sol brilha e as temperaturas sobem, as ruas de Seul se inundam com pessoas. Para quase começo de inverno, temperaturas agradáveis era algo surreal por aqui. Nunca fui fã de cidades grandes, mas desde que me mudara, estava encantada. As pessoas, a cidade em si, tudo era simplesmente perfeito.

Dizem que depois de um certo tempo morando em um lugar, você se acostuma com tudo à sua volta e não é capaz de observar coisas novas ou mudanças, porém, eu não acredito nisso. Vejo Seul de um jeito diferente todos os dias, e todos os dias isso me encanta, me encanta morar aqui.

Ao chegar, procurei o meu banco preferido com uma das melhores vistas para o parque e me sentei, ali seria para sempre o meu lugar predileto. Ao lado havia uma enorme árvore que fazia uma sombra perfeita em um dia de sol. Podia sentir a luz penetrar a minha pele e a brisa tocar o meu rosto. Trazendo de volta as memórias e pensamentos que estavam escondidos bem no fundo da minha alma. Memórias boas que por um momento me animaram, me fazendo esquecer a loucura dos meus pensamentos.

Por um momento, eu queria esquecer e me concentrar apenas na paz que sentia agora, neste exato momento.

— Você voltou! – exclamou uma voz atrás de mim, acelerando o meu coração.

***

No Rules | Kim Taehyung ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora