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Me senti bem ao andar pelas ruas de Seoul. Sempre que sentia o meu peito doer ou sentia qualquer tipo de inquietação, andar por aí me ajudava a acalmar. Observar outras pessoas sempre me acalmava, em minha mente, eu imaginava como seria a vida delas. Se os seus problemas eram grandes ou pequenos, se estavam satisfeitas com o momento em que se encontravam. Pensar na vida dos outros, por algum motivo era melhor do enfrentar os meus próprios problemas. As vezes passar um bom dia em sua própria companhia ajuda a ver a vida com uma outra perspectiva.
Mesmo sabendo que não tinha a minha vida em minhas mãos, eu gostava de aproveitar o que conquistei sozinha. Querendo ou não, Seoul foi uma conquista minha com o sofrido trabalho que faço. Foram as noites acordadas e as muitas teses que me trouxeram a liberdade que gosto de chamar de minha. Estes eram os momentos longe de toda a dor que senti no passado, longe de toda a crueldade que vivi e ainda machuca o meu coração. No entanto, eu ainda sabia o meu lugar e compreendia que não estava segura.
Ao notar que me encontrava em uma rua comercial, parei ao notar uma loja de roupas íntimas. Me assustei ao sentir o meu telefone vibrar, isso era algo comum desde a manhã. Taehyung passou todo o dia mandando mensagens e por vezes, ligando. Ignorei todas as suas mensagens e chamadas, gostaria de continuar o meu dia sem stress. Retirei o telefone da bolsa e respirei fundo, se não atendesse, ele provavelmente não me deixaria em paz. Sem pensar muito, levei o aparelho ao ouvido e fiz o que ele queria de mim.
— Alice! – exclamou. — Até que enfim! Se não te conhecesse diria que está me ignorando.
— O que você deseja? – indaguei.
— Você poderia abrir a porta? – pediu todo mimoso. — Eu tenho algo para te dar.
— Não estou em casa. – respondi.
— Ah, por isso não atende a porta. – murmurou para si. — Não faz mal, me diga onde está que vou até o seu encontro.
— Taehyung. – disse. — Preciso de um tempo sozinha, está bem?
— Alasca, por favor. – ele era ridículo. — Sei que não foi legal, mas por favor. Não precisa me tratar assim, como se fosse um criminoso. – mordi o meu lábio inferior. — Deixa eu ir até você nenê? – que ódio que sentia dele neste momento.
— Até mais Taehyung. – respondi, desligando a chamada.
Sem pensar muito, desliguei o aparelho e o coloquei dentro da minha bolsa. Não podia ir até o seu encontro, isso demonstraria dependência e esse não era o caso. Não estávamos em um relacionamento e eu não precisava aceitar os pedidos de Taehyung, somente por gostar da sua companhia. Não podia depositar as minhas esperanças em alguém que me fazia sentir bem, isso seria a minha ruína. Eu necessitava estar sozinha, precisava compreender o significado de todos os sentimentos que tinha em mim.
Taehyung não me fez nada, mas isso não impediu a minha mente de me envenenar contra ele. O medo de sair magoada era maior do que qualquer outro sentimento em mim, então, a minha mente sempre procuraria uma forma de compensar isso, procurando erros em alguém que não os tinha. Voltei a minha concentração para a loja que chamou a minha atenção e caminhei em sua direção.
Desde o meu último relacionamento eu não me atrevi a vestir algo sensual. Em minha mente, os homens não se importavam com mais nada além disso, então, vestir roupas sensuais era um convite para os seus maltratos. Lembro de quando vesti uma lingerie pela primeira vez, o meu ex-namorado fez questão de comentar as gordurinhas localizadas que eu tinha nas pernas e na barriga. Ele fez questão de entonar que eu não tinha corpo para usar algo tão belo e que poderia fazer com que ele perdesse o desejo por mim.
Então, decidi que não precisava agradá-lo. Ele não queria ver o meu corpo, ele só queria se satisfazer. A minha autoestima foi destruída e tomar a decisão de me expor em frente de Taehyung foi algo que não pensei conseguir fazer. Sou uma daquelas mulheres que amadureceram cedo demais, a puberdade não me ajudou muito. Mesmo tendo um corpo interessante, não o considero bonito ou digno de desejo. As minhas pernas eram magras demais e os meus seios poderiam ser maiores, assim como o meu bumbum era muito seco. Essas foram as palavras do meu ex-namorado e eu realmente, carrego comigo até hoje.
Após ponderar se devia, resolvi entrar. Não precisava de roupas novas, mas talvez pudesse experimentar as roupas e talvez Taehyung gostasse disso. Assim que entrei na loja, senti o meu rosto corar, eu não sabia se devia fazer isso. Uma funcionária logo se aproximou e sorrindo, me cumprimentou. Respirei fundo e sorri de volta, as minhas pernas tremiam e o meu medo era perder o controle e cair em sua frente. Estava sendo patética, mas não conseguiria ser diferente.
— Olá, seja bem-vinda. – disse sorridente. — Em que posso ajudar?
— Obrigada. – disse baixinho. — Eu gostaria de ver algumas peças, mas não sei se vão combinar comigo. – a moça sorriu.
— Não se preocupe. – sussurrou. — Vamos encontrar peças maravilhosas para você. — Por favor, me siga.
A segui em silêncio, controlando cada passo para não cair. A moça desfilava o seu corpo em minha frente e por um momento desejei ter a sua confiança. Ela nos levou para uma sala privada e me sentou em uma cadeira, sorri de canto e esperei. A moça se apressou e saiu da sala indo buscar algumas peças, me encontrava sentada de frente a um espelho e o meu rosto ainda estava vermelho. Em seguida ela entrou na sala e trouxe consigo algumas peças de roupas íntimas. Respirei fundo e esperei para ver o que ela falaria.
— Essas peças combinam muito com a sua cor de pele. – disse. — E acho que ficarão bem com o seu corpo. Por higiene você não pode experimentar as roupas, mas se ficar em pé, podemos comparar.
Sem falar nada, me ergui e me posicionei em frente ao espelho. As peças eram realmente lindas, será que ele gostaria de me ver vestindo algo assim?
— Você vai amar estas peças. – continuou. — É bom amar o nosso corpo e precisamos nos dar ao luxo de mimá-lo, então acho que você irá amar. – sorri.
A moça continuou me mostrando as peças e cada uma delas despertava um sentimento diferente em mim. A última peça chamou a minha atenção, era uma lingerie preta com bordados e rendas bem delicados. A parte superior estava decorada com desenhos finos, a parte inferior era menor, quase um fio dental. No entanto, muito elegante. Por um breve momento, imaginei a minha reação ao vestir algo assim, será que teria coragem?
— Vou levar todas. – afirmei, fazendo a vendedora dar um sorriso enorme.
Ela sentiu que fez uma boa venda, sorri e a segui em direção ao caixa. Gastaria uma fortuna ali, mas estava tudo bem. Não costumava gastar o meu dinheiro com luxúrias ou com coisas que não me trariam benefícios. Hoje, eu queria gastar o meu dinheiro com isso. Hoje, eu encontrei um motivo para mostrar o meu corpo para alguém que talvez não machucasse o meu coração.
— Obrigada. – disse pegando os sacos, saindo da loja.
— Volte sempre. – gritou ela, assim que sai.
Sai da loja feliz e assustada ao ver que o dia passou rápido demais, a noite cairia em breve, assim como as temperaturas. Voltaria para casa, me sentia cansada e o dia foi tão produtivo. Consegui enviar vários trabalhos que estavam em minha mesa pegando poeira, também paguei algumas contas e ainda consegui tempo para fazer compras. Como muitos dizem, um banho de loja anima qualquer mulher.
E eu estava animada por tomar coragem e sair da minha zona de conforto.
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No Rules | Kim Taehyung ✓
Fanfiction» Kim Taehyung se encontrava em um momento difícil, sua vida estava confusa e tudo o que ele queria, era deixar o mundo. Planejara a sua própria morte e estava decidido a tirar a sua vida, em uma tarde de Outono, porém algo de inesperado aconteceu e...