O ruído de estalos se intensificava com o passar dos minutos. Kat sentia um frio na espinha.
Conhecia aquele som; Ele a levava de volta a 38 anos atrás, uma memória que ela se esforçava para apagar...
A sete quilômetros dali Sophie estava inclinada sobre uma bacia, vomitando. A baronesa não gostava nada do que via: com a garota Hass tão doente, seus planos iriam para o espaço. Ela precisava ter um bebê. E viver para criá-lo.
De repente o som de cascos de cavalo chegou a seus ouvidos, mais convidados estavam para chegar ao baile que já havia começado. A baronesa pegou a noiva pelos ombros, afastando-a da bacia e arrumou seu vestido dando-a uma aparência aceitável e levando-a até a recepção.
Kat esperava. Nem precisava levantar a cabeça para olhar para a lua. Ela sabia o que estava para acontecer. Sentia em seus ossos que um dia pertenceram a uma bruxa.
Pendurada em uma gárgula, ela ouvia os passos de Ellie e Pierre na floresta, vindo em direção ao cemitério. Eles fariam acampamento ali, caçariam após o baile e iriam embora de Verdant naquela noite e da França na manhã seguinte.
Kat sabia que Sophie estava definhando e temia a maldição, então esperava estar em um lugar onde pudesse combatê-la quando chegasse a hora.
Sophie estava prestes a desmaiar. Já pisara no pé do prefeito três vezes de tão tonta que se sentia. A dor já estava a tirando do sério. Era como o inferno. Bem em suas veias.
- Você, criatura teimosa, descanse, pois a viagem será longa e você está quase pesado demais para ser carregado. – Ellie dizia a Pierre arrumando suas roupas e arrumando o lugar para que ele dormisse.
Os estalos continuavam, cada vez mais altos. Ellie então se virou para Kat que encarava a pilha de ossos, que sempre estivera atrás da capela do cemitério em Verdant, com a testa franzida.
- O que foi, Kat?
Como Kat não respondia, Ellie olhou a pilha. Aos poucos foi vendo os ossos mudarem, se tornando mais pálidos. Brilhantes. A lua cheia tomando conta deles.
Katerina
O sussurro sibilante cortou o ar. Ellie tinha certeza ouvira alto e claro o nome.
Katerina o vento repetiu, mais alto. Meu sacrifício negado.
- Kat... ? – Ellie perguntou outra vez, encarando o rosto de anjo com a testa franzida.
- Ellie... O que acontece última estrofe de Lenore?
Sophie já estava exausta. Mas precisava falar com Sebastian. Estava cansada de segredos e antes do anuncio do noivado na meia-noite, ele precisava saber a verdade.
Encontrou seu noivo conversando com os amigos e pedindo licença o puxou pelo braço até uma varanda.
- Preciso contar uma coisa, Sebastian. Para que você decida se realmente quer se casar comigo.
Katerina.
- Danse Macabre. – Ellie sussurrou respondendo ao vento.
- Alguém está prestes a morrer. – Kat disse de volta sem olhar para Ellie. – Alguém que brincou com a morte.
Os ossos começavam a se unir. Pierre prendeu a respiração atrás de Ellie, o medo fazendo suas veias pulsarem, desesperadas. Se ele não se controlasse estaria torturando Ellie em questão de segundos. Kat não sentiria nada. Pierre nunca foi capaz de torturá-la. Ela era um sacrifício.
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As Crônicas de Kat - A História Completa
VampireConheça Katerina, uma vampira criada à força na Europa do século XIX por uma mãe bruxa desesperada em sua busca pela imortalidade e seus segredos. Kat sobreviveu por muito tempo se considerando nada além de um ser inferior do Inferno, destinada apen...