Bem-vindas ao século XX - III

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A caminho de Chicago, Estados Unidos

11 de fevereiro

É a primeira vez que eu estou em um trem e acabo de ouvir que ele vai em direção a Chicago. Somos uma família de sete irmãs alojadas em uma cabine que só cabe seis pessoas sentadas, em uma viagem de 3 dias. Precisamos de muita hipnose para explicar nosso aparecimento repentino no trem e fazer nossa história parecer convincente e mais ainda para disfarçar o desaparecimento de alguns funcionários que precisaram ser mortos desde que chegamos. Para os vestidos ensanguentados, foram necessários diversos roubos e as gêmeas acabaram vestidas de menino.

- Só me diga que vamos achar Charlottie. – Sophie pediu apertando minhas mãos com força.

- Nós vamos. - Foi Ellie quem respondeu - Talvez não tão rápido, mas vamos.

O humor no vagão era histérico. Mesmo despois de algumas horas, continuamos muito assustadas com o que aconteceu na estrada. Havíamos descoberto a primeira pista sobre o paradeiro de Charlottie... e em seguida, enfrentamos a pior luta de toda minha pós-vida.

Decidimos, em uma espécie de assembleia, procurar uma bruxa para falar sobre as alucinações de Sophie e para nos ajudar a encontrar Charlottie. Não interessa em que parte do mundo você esteja, uma bruxa, especialmente de uma família antiga é sempre a melhor fonte de informação. O problema é que até eu duvidava muito que qualquer bruxa nos Estados Unidos soubesse qualquer coisa sobre isso, então eu tomei essa decisão apenas como uma forma de acalmar os ânimos no Exército até que descobríssemos um jeito de voltar para a Europa.

Tecnicamente – e eu sublinho esta palavra - Sophie é fruto de um incesto, e seu corpo é completamente fechado para qualquer ataque de forças externas, a menos que ela o permita. Se ela tivesse permito, a Morte poderia ter alterado a proteção, mas sem isso, nem a própria Morte conseguiria amaldiçoar Sophie.

O que seria isso tudo então? Sophie se recusa a falar sobre o que vê ou o que sonha, a menos que seja com alguém que possa dar um jeito nisso. Ela diz que está bem e quase arrancou a cabeça de Anika por ela sugerir a conversa com uma bruxa sobre o assunto antes de partir atrás de Charlottie. A discussão só foi resolvida depois que eu expliquei que a bruxa também poderia nos ajudar a achar Charlottie.

Começamos uma busca cidade por cidade, vilarejo por vilarejo por dias sem encontrar uma bruxa sequer. Mesmo nos lugares onde havia boatos a respeito de bruxas, as supostas casas delas encontravam-se abandonadas. Quando chegamos em um território que chamam de Texas que tivemos nosso encontro perigoso. Pela segunda vez desde que virei vampira, eu fui emboscada por um clã de vampiros.

Eis o grande problema: nenhuma das minhas vampiras havia passado por isso antes.

- Kat, was...? – Anika começou em alemão, quando vários vampiros apareceram parados em uma estrada, em uma formação estranha, claramente esperando por nós.

Bem que eu estranhei ver uma cidade e não sentir cheiro de humanos.

- Vocês não têm permissão para estar aqui. – Disse um dos homens do clã. Ele era alto, moreno e cheio de músculos. E tinha os dentes a mostra.

A reação de Ellie foi rosnar de volta, o que fez com que o clã se movesse se mexesse.

- Ellie, quieta. – Eu disse, com a mente rodando.

Mais de 20 vampiros adultos atacando 7 vampiras adolescentes é igual a 7 vampiras adolescentes mortas. Eu precisava fazer algo que nenhum vampiro fez - ou pelo menos registrou ter feito - na história do mundo: ser diplomática.

- Nós não sabíamos. Estamos em um grupo pequeno procurando por bruxas. – Eu disse sinceramente.

Um burburinho começou, enquanto eles examinavam minhas palavras.

As Crônicas de Kat - A História CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora