14 de março
Anika
Fico surpresa ao saber que mais ninguém quer voltar a Piatra Neamț. Quando Kat anuncia a visita à cidade para conhecer o oráculo - a vidente mais poderosa do clã de Persephone - e diz que apenas eu, Olívia, Ellie e Juliana iremos, quase ninguém mostra algum tipo de descontentamento. A única a fazê-lo é Sophie, mas Sophie reclamaria por ser excluída em qualquer situação e a explicação de Persephone de que o próprio oráculo escolheu quem deveria ir, faz com que ela se resigne.
Às duas da tarde, eu estou parada na varanda da casa de vidro esperando por quem irá. A primeira a aparecer é Olívia, que já chega mexendo nervosamente em uma linha solta da barra do vestido preto que usa. Ela apenas balança a cabeça quando me vê e depois fica parada ao meu lado, imóvel como se tivesse olhado nos olhos de Medusa. Kat e Ellie chegam em seguida, silenciosas. Elas ainda andam sempre juntas e muitas vezes ficam sozinhas em salas de portas fechadas, mas nenhuma de nós as vê conversando em público. Juliana pipoca do nosso lado, quase como uma aparição, mais animada e curiosa do que preocupada. E finalmente, Persephone chega com Selene, a última tão animada quanto Ju, mas a primeira parecendo exausta. Ela precisou pedir permissão para que nós entremos na cidade outra vez e isso causou muito caos. Eu provavelmente deveria dizer "permissão para que as meninas entrem". Ao que tudo indica, minha permissão não foi revogada, já que meu retorno era esperado. A sensação de pertencimento me toma outra vez ao pensar sobre isso. Elas sabem de algo que eu não sei e eu sinto que Deyah também sabe. Só espero que oráculo conheça uma forma de me fazer conversar com Deyah.
- Prontas? - É tudo que Persephone diz, e antes que respondamos, indica a estrada de terra e começar a caminhar conosco.
Atravessamos a fronteira de Piatra às duas e quarenta e cinco. Diversas pessoas se viram na rua e cabeças aparecem pelas janelas de casas para observar nossos passos, sentindo a quebra do solo sagrado no ar. Persephone treme a cada olhar, mas não retribui nenhum deles. Andamos em silêncio e em formação, calmas e atentas. Quase uma hora depois de entrarmos na cidade, Persephone se aproxima de uma casinha amarela cercada e abre o portãozinho da cerca. O jardim da frente é tomado de arvorezinhas com frutas vermelhas que eu não reconheço de primeira e um caminho de pedrinhas, que Selene pula, leva à varanda.
As primeiras três batidas de Persephone não têm resposta. As cinco subsequentes também não.
- Pensei que você tivesse avisado que nós viríamos. - Kat diz.
- E ela não poderia prever isso de qualquer forma? - Ellie completa.
Juliana ri baixinho e Persephone suspira.
- Vocês duas estão certas. O que quer dizer que eu prevejo uma entrada dramática.
Mal ela fecha a boca, uma aparição ruiva surge à lateral direita da casa, fazendo com que todo mundo se vire ao mesmo tempo.
- Uma garota não pode ser uma vidente e ter uma paixão pelo teatro ao mesmo tempo, Persephone? Mas sem aparições dramáticas de minha parte hoje, eu estava apenas colhendo folhas para fazer chá para as visitas. Não é todo dia que você recebe a maior profecia do seu clã na porta de casa.
Quando ela termina de falar, já está parada à nossa frente, com uma cesta de folhas de chá para comprovar suas palavras. É a jovem com os cabelos mais vermelhos em que já coloquei os olhos, mas tirando isso e os olhos castanhos, ela poderia ser irmã de Persephone. As feições são idênticas e a pele tem o mesmo tom quase brilhante no sol.
- Rowan. - Ela se apresenta, olhando para Kat.
- Katerina. Essas são - A vampirinha aponta - Olívia, Juliana, Ellie e Anika.
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Crônicas de Kat - A História Completa
VampireConheça Katerina, uma vampira criada à força na Europa do século XIX por uma mãe bruxa desesperada em sua busca pela imortalidade e seus segredos. Kat sobreviveu por muito tempo se considerando nada além de um ser inferior do Inferno, destinada apen...