A Hora das Bruxas - III

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8 de abril

Naomi

Depois de toda discussão de "Vocês precisam de uma bruxa", "Vocês não podem levar nenhuma das bruxas", "Vocês precisam de alguém que dirija", "É melhor não ir de carro". Eu finalmente tenho tempo de fazer as malas. O que quer dizer enfiar tudo que eu trouxe na mala e esperar no andar de baixo até o resto da trupe de viagem fazer o mesmo.

Encontro Kat andando em círculos, com a preocupação estampada no rosto, enquanto Kaylee brinca com correntes de ar do lado de fora, afastando e aproximando nuvens. Tatiana e Olívia também estão na sala, mas a maior parte do Exército continua no andar de cima.

– Kat, você vai acabar me deixando nervosa. – Aviso, fazendo suas mãos voarem até o pingente de esmeralda com o susto. – Vai correr tudo bem.

Ela me lança um olhar cansado.

– Você não sabe nem da metade, Naomi. E não sabe a sorte que tem por isso.

– Eu imagino. – Resmungo.

Eu sabia desde o começo que não queria saber o que vai acontecer. Ver o futuro – e ainda por cima, um futuro imutável – tira completamente o controle sobre as únicas coisas que gostamos de fingir controlar. Mas, de alguma forma, apenas as videntes parecem não ver a si mesmas como abençoadas.

Isso é apenas um item na longa lista de coisas nas quais eu discordo de Kat. Por isso eu aceitei a viagem tão prontamente. Preciso de um tempo longe dessa confusão, mesmo que seja uma semana.

– Vamos repassar o plano. – Kat anuncia assim que todos os participantes da viagem (eu, Louise e Tatiana) estão prontas no andar de baixo – Vocês pegam o trem até Bucareste. O avião de Bucareste até Viena amanhã cedo. E novamente o trem de Viena para Graz amanhã à noite. Passam dois dias em Graz organizando tudo que a gente precisa e enviam por correio. Fazem o mesmo caminho de volta. E chegam aqui antes do dia 16.

– É, nós não vamos esquecer dessa parte com as passagens em mãos, Kat. – Louise comenta, balançando o celular.

– Só quero garantir que tudo saia como planejado. – Kat anuncia – E, se não sair, eu preciso que vocês me informem assim que as coisas mudarem.

– Por que você está agindo como se nós tivéssemos acabado de entrar no Exército? – Louise reclama – Sabemos o que fazer, confie em nós.

– A menos que você ache que tem motivos para não confiar. – Tatiana completa, dando de ombros.

Kat a encara. Depois olha para cada uma de nós, uma de cada vez, antes de dizer:

– Se eu achasse isso, manteria as três por perto. Confio em vocês. E nas decisões que tomam. – Ela parece estar olhando através de mim quando diz: – Não traiam essa confiança.

Vejo Louise concordar com a cabeça imediatamente, mas Tatiana e eu olhamos para Kat com curiosidade por mais alguns instantes. Depois de uma troca de olhares confidente, concordamos também.

– Fez a lista com tudo que precisamos pegar? – Pergunto.

– Está no seu e-mail. – Ela diz, com um sinal com a mão – Se lembra onde está tudo?

– Talvez melhor do que você, considerando que eu organizei tudo na última vez que estivemos lá.

– Os rituais? – Ela insiste.

– Eu sou a última das Bruxas Petry a viver. – Digo, puxando de dentro de mim algum tipo de orgulho – Não tem nada ali que meu sangue não acesse.

As Crônicas de Kat - A História CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora