"Dancemos todos, dancemos,
Amadas, Mortos, Amigos,
Dancemos todos até
Não mais saber-se o motivo...
Até que as paineiras tenham
Por sobre os muros florido!"
Mario Quintana (Canção da Primavera)
Piatra Neamţ, Romênia
29 de fevereiro de 2016
Anika
Eu estou na janela, esperando, então vejo o grupo de pessoas chegar antes do resto das meninas. Minha respiração acelera e embaça o vidro e eu uso a manga o casaco para limpar. Quando reconheço o primeiro rosto um suspiro de alívio embaça o vidro outra vez, mas eu corro para fora antes de fazer outra limpeza na janela. Elas voltaram! Cansadas, graves e sujas de lama, mas voltaram. Estou tão feliz em ver os rostos de Ellie e de Kat outra vez, em ver um grupo de vampiras retornando seguras para a proteção do Exército, que só percebo que elas são quatro, e não cinco, quando alguém pontua isso, atrás de mim. Um saco de ossos carbonizados é jogado aos pés de Persephone.
- Ela aceitou meu conselho. - É tudo que a vidente diz, ficando pálida.
- Você sabia que isso ia acontecer! - Kat acusa. - E ainda assim permitiu que ela saísse da cidade!
- Não se pode evitar o destino. Qualquer coisa que eu fizesse a levaria até lá naquele momento. E você precisava dela lá, não teria saído se ela não estivesse lá.
- Mas você sabia que ela iria morrer. - Sophie interpela, parecendo irada - Sabia que profanariam o corpo dela e ainda assim não fez nada a respeito. VOCÊ SABIA QUE SERIA ELA! E SEQUER ME DISSE.
- Fica mais claro para mim conforme a data se aproxima. Eu não sabia qual das gêmeas seria até depois da série de debates com as bruxas de Piatra Neamț e depois disso tudo que eu podia fazer era garantir que a morte dela tivesse sentido.
- PERSEPHONE, ELA ERA UMA DAS MINHAS. EU CONFIEI QUE VOCÊ A PROTEGERIA ENQUANTO EU NÃO ESTIVESSE AQUI. - A voz de Kat fica a cada momento mais profunda e alta, na linha que representa a beira do ódio.
A notícia não me atinge imediatamente, mas quando eu vejo a desolação no olhar de Ellie e o ressentimento no olhar de Sophie, eu me dou conta: Miranda morreu. Mais que isso, seu corpo foi queimado. Valentina, a pessoa que deveria estar pior pela perda da gêmea, parece deslocada, com algo faltando, mas nada em seu rosto indica tristeza. Ela está, no máximo, incomodada por estar parada no jardim e no frio. A profundidade do vazio dentro de mim parece prestes a me engolir. Nunca verei Miranda outra vez. E ainda assim, o fato de não beber nada há quase cinco dias parece me incomodar mais.
- É uma luta perdida, Kat. - Persephone diz, com a voz ameaçando falhar.
- Se eu tivesse medo de lutas perdidas eu provavelmente estaria morta agora, Persephone. Eu teria ficado presa em Cianne, sendo sugada pela quinta ou sexta geração de bruxas. Eu ainda estaria amaldiçoada e presa em Graz como uma meia vampira. Eu não tenho medo. Toda luta é perdida se você nem se arrisca a lutar.
- Eu estou lutando há dezoito anos e estou cansada de tentar.
- Eu estou há 181 e ainda não cheguei nem perto de desistir. E se você quer que nós cheguemos a nossos limites, você também será levada até os seus. Então diga, imediatamente, quem você sabe que vai cair e quando elas irão cair. Porque se você colocar mais uma das garotas que eu jurei proteger em perigo, a próxima a morrer é você. E não me interessa quando seu destino disse que você morreria, você descobrirá que eu posso perfeitamente ser mais poderosa que ele.
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As Crônicas de Kat - A História Completa
VampireConheça Katerina, uma vampira criada à força na Europa do século XIX por uma mãe bruxa desesperada em sua busca pela imortalidade e seus segredos. Kat sobreviveu por muito tempo se considerando nada além de um ser inferior do Inferno, destinada apen...