16 de dezembro
Diário de Kat
- Nenhuma das bruxas pode saber o que nós somos de verdade, vocês têm que me jurar isso! – Kaylee dizia, em uma reunião comigo, Ellie e Sophie na sala de visitas.
Não era nada oficial. As outras garotas haviam saído com amigas e estávamos apenas nós quatro em casa conversando e conversando até que o assunto recaiu sobre as bruxas que comandavam Nova Orleans.
- Estou surpresa por elas ainda não saberem – Sophie começou, segurando um bocejo. Ela não dormia há dias. Passa quase todas as noites fora de casa e quando chega quer passar um tempo conosco. – Mas fique tranquila, Kay, não pretendo que elas saibam e não acho que as outras queiram que elas saibam também.
Kaylee estava olhando bem nos olhos de Sophie enquanto esfregava uma cicatriz, distraidamente. Eu observei as cicatrizes que subiam por seu braço, se escondiam na manga da blusa e apareciam outra vez no pescoço. Suspirei.
Quando era normal que as mulheres usassem vestidos recatados e de manga longa, as cicatrizes de Kaylee ficavam escondidas e quase nunca afetavam sua beleza natural. Hoje, quando as roupas estão ficando cada vez menores, mesmo as calças jeans e blusas de manga 3/4 que ela usa não escondem todas as marcas em sua pele. Não são cicatrizes marcantes, nojentas ou bizarras, mas sempre que alguém se aproximava de Kaylee e via aquelas marcas subindo por seus braços, queria saber o que havia acontecido e sua hostilidade em relação a isso afastava todo mundo. Foi por isso que mesmo aparentando ser mais velha que Ellie, ela não recebeu o mesmo número de avanços amorosos que a outra.
- Ainda não entendo como você consegue ficar tão calma quando todas essas bruxas estão te cercando. Você precisa lembrar que para as bruxas americanas até falar com um vampiro é magia negra. Se elas descobrirem, irão nos atacar, completamente enfurecidas. Talvez você não lembre muito bem o que houve da última vez que o Exército esteve em uma cidade dominada por bruxas.
Sophie piscou, agora totalmente acordada.
- É claro que eu me lembro, Kaylee. Mas todas elas estão mortas agora, graças a você, e a cidade que comandavam agora é só uma cidade fantasma. É isso o que acontece quando alguém cruza o caminho do Exército. Não importa quanto tempo leve, essas pessoas acabam completamente destruídas.
Foi a vez de Kaylee piscar, desconfortável.
- Até Kat sabe que não é uma boa ideia ficar em uma cidade cheia de bruxas, Sophie. Eu sei que você ama Nova Orleans, mas... – Kaylee não conseguiu completar.
- Como assim "até Kat"? Vocês falam como se eu fosse completamente inconsequente. – Reclamei, ao mesmo tempo que Sophie dizia:
- Kay, você não gosta de Nova Orleans? - Ela dizia isso inclinando a cabeça de forma que os cachinhos na ponta dos fios dourados caíssem para o lado. Seus olhos violeta cresciam com expressões que só eram possíveis em alguém com sentimentos. É claro que Sophie aprendeu a usar seus sentimentos a seu favor.
- Gosto. – Kaylee disse, obstinada, porém calma – Mas nós não poderemos ficar aqui para sempre e em pouco tempo perceberão o que nós somos.
- Não se preocupe! – Sophie exclamou, fazendo outro movimento com a cabeça que fez com que a luz brincasse em seus cabelos. – Ainda levaria anos para que elas percebessem qualquer coisa e antes que elas possam perceber, nós estaremos fora daqui.
Surpreendi-me ao perceber que Sophie fazia planos para sair de Nova Orleans. Então me dei conta de que nem eu me lembrava que tinha uma missão a cumprir fora daquela maravilhosa cidade sulista dos Estados Unidos. Logo em seguida, me lembrei de Juliana e resolvi mudar o tema da conversa para minha futura nova vampira.
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As Crônicas de Kat - A História Completa
VampirConheça Katerina, uma vampira criada à força na Europa do século XIX por uma mãe bruxa desesperada em sua busca pela imortalidade e seus segredos. Kat sobreviveu por muito tempo se considerando nada além de um ser inferior do Inferno, destinada apen...