Wild Ones - IV

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Bucareste, Romênia

9 de fevereiro

Juliana

O que você leva para uma cidade à qual você nunca foi e que não faz ideia do clima que tem para uma busca que você não sabe como vai acontecer? Suspiro e enfio duas calças jeans e quatro camisetas em uma bolsa de mão. O que quer que eu precise além disso eu compro no processo. Coloco também dois pares de sapato, roupas íntimas e outras coisas básicas, sem me preocupar com organização nenhuma, já que a mala enorme vai quase vazia. Estou acostumada a ir de uma cidade para a outra deixando tudo para trás ou destruindo todo vestígio de mim no lugar. Estar viajando apenas por alguns dias - eu espero - em uma missão e ter "um lar" para retornar é um conceito estranho, mesmo que nós tenhamos diversas casas em vários lugares do mundo.

Sophie, Charlottie, as gêmeas, Olívia, Kaylee e Amelie foram até o lugar onde o celular de Ellie foi perdido e começaram a rastrear o grupo que as sequestrou, com certa dificuldade. Eles já voltaram para a Romênia, mas é estranho como um país pequeno se torna gigante quando você precisa encontrar um pequeno grupo de pessoas. Sophie disse que o clã costumava se concentrar nos Cárpatos e Persephone sugeriu deixar Bucareste e seguir para o norte. A família dela é de Piatra Neamț, uma cidade completamente bruxa e de solo sagrado; mas Persephone tem uma casa de campo nos arredores e ela pareceu o quartel general mais lógico. Além disso, você nunca subestima a importância de ter mais bruxas do seu lado.

Fecho meu quarto com chave e vou para o andar de baixo, onde marcamos de esperar enquanto Sophie pega o carro. Na sala estão apenas Pierre e Anika, a segunda no sofá com um livro sobre as pernas e os pés sobre uma mala lilás, enquanto o primeiro está sentado no balcão da cozinha, com uma mala do lado, parecendo entediado com o celular na mão. Me sento ao lado dele fazendo-o erguer os olhos e colocar o celular de lado. Quando ele olha para mim eu já sei que me tornarei seu novo joguinho.

- Você tem falado com Alex ultimamente? - Ele pergunta, me surpreendendo com o tema da pergunta.

- Não, por que? Ela tem tentado falar com você?

- Não, não. Eu só não achava que ela é do tipo que fica quieta por muito tempo.

- Ela me mandou várias mensagens nos primeiros dias, mas depois que encontramos Persephone, foi parando aos poucos, até desistir por completo.

- Não acredito que você está desconsiderando sua irmã desse jeito, Juliana Mayfair.

Reviro os olhos. Alexandra me encheu o suficiente para que eu desistisse da minha firmeza e a apresentasse a Pierre como um presente de despedida, dois dias antes de virmos para a Romênia. Àquela altura ela só tinha conhecido Louise e Kat, que ficou tão curiosa quanto Alex é ao saber da existência da minha irmã mais nova. Pierre adorou conhecer Alex especialmente porque ela provavelmente foi a pessoa mais sensível aos charmes dele que já existiu. Ela só não se apaixonou no exato momento em que ele sorriu para ela, porque sabia sobre ele ser um demônio sexual e estava pronta para aquilo. Ainda assim, toda vez que ele falava ela abaixava os olhos com timidez e só se atrevia a olhar para ele quando ele estava olhando para mim. Mas ela observava nossa conversa com a mesma atenção que eu observava suas reações. E agora sempre que conversamos o tema da conversa se torna Pierre. É bom que tenhamos nos falado pouco nas últimas semanas.

- É uma forma de mantê-la em segurança. - Respondo.

O semblante de Pierre escurece.

- Não existe segurança para quem tem sangue em comum com vocês, Juliana. Não existe salvação.

- Você acha?

- Eu sei. O ataque a Kat e Ellie foi influenciado pelo Inferno. Foi bem calculado demais para ter sido planejado por um clã tão selvagem quanto o romeno.

As Crônicas de Kat - A História CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora