Réquiem - I

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"Nós somos, afinal, monstros com um cérebro humano e um coração humano."

Lestat (Anne Rice's Lestat Here)


São Francisco, Estados Unidos

1º de novembro de 2014

Olívia

A sineta da porta atrai minha atenção completamente. O som é quase imperceptível no meio da confusão de vozes da lanchonete, mas parece soar dentro da minha cabeça, como um grito em meu ouvido. Eu viro meu rosto para o som tão rápido que consigo ver o badalo atingindo o outro lado do sino e fazendo outro som estridente. Acho que eu nunca conseguirei me acostumar aos sentidos vampíricos.

Kat ri do bigode de chocolate de Ellie, mas antes que eu possa me virar para elas, eu percebo quem acabou de entrar. Juliana, Miranda, Charlottie, Sophie, Valentina, Anika, Louise, Naomi, Kaylee, Tatiana, nessa ordem, entram na lanchonete caladas, sérias e carregando suas pedras nos pescoços. Toco minha própria pedra de ônix, como sempre faço quando me sinto intimidada. O que acontece sempre que o Exército está completo.

– Não seja ridícula. – Sophie diz, quando chega à mesa e vê Ellie fazendo careta enquanto tenta apagar o bigode.

Sou cutucada pela unha de Naomi e abro espaço no banco para que ela, Sophie e as gêmeas se sentem. Outras três – Anika, Louise e Charlottie – se sentam com Ellie e Kat. Tatiana, Juliana e Kaylee colocam cadeiras em volta da mesa. Esse arranjo me deixa meio claustrofóbica.

– Sério, Ellie, pare de sorrir. – Anika reclama – Isso é assustador.

– Desculpe. – Ellie diz, tirando o sorriso do rosto, que continua nos olhos – Acho que estou num bom dia.

– O que, naturalmente, é um motivo para que todas nós estejamos em um péssimo dia. – Louise diz, apertando os olhos.

Ellie a encara, o olhar tomando uma expressão fria que faz com que seus olhos pareçam um caleidoscópio. A mesa inteira explode em uma gargalhada. Exceto por Ellie... E por mim.

– Bem... – Kat começa, depois de um tempo. – Comecemos do princípio. – Coloca as mãos na bolsa que carrega e tira um pequeno pacote em papel de presente vermelho de dentro – Feliz aniversário atrasado, Tatiana.

Os olhos escuros da vampira faíscam e ela estica a mão até o embrulho. Kat tira outro embrulho parecido, porém cor-de-rosa, da bolsa e faz deslizar até o outro lado da mesa.

-...E feliz aniversário adiantado, Louise.

Eu sei que são pulseiras de prata com os sobrenomes delas gravados, mas sou a única que sabe disso. Kat parece estar me levando para todos os lugares ultimamente, o que provavelmente tem um motivo, como tudo que Kat faz.

Sinto um chute no joelho e percebo que é Ellie me encarando, com uma espécie de felicidade zombeteira no olhar. Ela apenas está me enchendo por estar nervosa na frente das minhas "irmãs" outra vez. Ela prefere passar tempo comigo quando está de bom humor. Sou a única que nunca conheceu a "velha Ellie" para sentir falta dela.

– Então... – Ellie diz, séria outra vez – Sem mais protelar o assunto, o que todas nós estamos fazendo mesmo que jamais admitamos isso, quando vamos começar a procurar o clã de Deyah?

– Será que dá para não dizer esse nome na minha frente?

Me encolho quando ouço essa voz, que chega de repente. Pierre sempre me causa arrepios.

As Crônicas de Kat - A História CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora