Nosferatu - V

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Viena

15 de novembro de 1880

Narração de Pierre

No castelo, fomos recebidos apenas pelo Imperador e a princesinha, com suas damas de companhia – Anika e Suzanne, pelo que Kat sabia - os demais estando já na sala de jantar.

- Lamentamos o atraso, Majestade, mas acabamos de chegar a Viena e foi difícil encontrar carruagens ou automóveis. – Ellie disse com uma mesura suave.

Eu repeti o gesto, a reverência, e quando levantei os olhos algo no olhar do imperador me fez perceber que ele não gostou nada de ter sido cumprimentado por uma mulher. Então, num ato de bravura, tomei a palavra, em um alemão impecável.

- Mein Name ist Pierre Petrie. Baron Noville in Frankreich. Und das ist meine Schwester Eleanor. Wir fühlen uns gesegnet durch so edle Einladung, und hoffen, dass sie eines Tages zurückkehren.³ (Me chamo Pierre Petrie. Barão de Noville na França. E essa é minha irmã Eleanor. Nos sentimos agraciados por tão nobre convite e esperamos poder retribuí-lo um dia.)

Apesar da minha habilidade em misturar as histórias de Sophie e a da própria Ellie e usar o sobrenome Petrie, forma afrancesada do sobrenome de Kat (Usado pelo meu "avô", irmão da mãe de Kat) Ellie soltou uma espécie de sibilo atrás de mim. Eu resolvi a ignorar e seguir meus instintos.

O Imperador abriu um sorriso sutil, os olhos verdes com uma expressão suave.

- Jamais deixaria de atender pedido tão gentil de minha querida imperatriz. Apresentar tão gentil jovem a corte austríaca será um prazer. E digo o mesmo sobre a menina.

Dessa vez, me virei para Ellie e a encontrei sorrindo. Segui seu olhar até a princesinha calada ao lado do pai, com os olhos baixos.

- E esta é minha querida Marie Valerie.

Valerie finalmente se atreveu olhar para nós. O olhar petulante dela passou por meu rosto bem rápido, e se fixou no de Ellie. Isso foi ótimo porque deu a chance de que eu olhasse bem para ela.

Foi com uma surpresa feliz que eu percebi que não havia nada de infantil em Valerie. Ela parecia uma mulher inteira, alta, bela e com um olhar vivo. Lembrava Kat e ao mesmo tempo não lembrava Kat nem um pouco. Ela mesma fez uma mesura, à qual eu e Ellie retribuímos como um espelho.

- Vamos ao jantar então. – O imperador disse finalmente indicando a sala de jantar.

A família real foi à frente, deixando-me com Ellie a alguns passos de distância.

- França? – Ellie disse me dando um tapa no ombro – E quanto ao que Kat disse?

- Eu disse a Kat para confiar em mim.

Ellie simplesmente me deu outro tapa, balançou a cabeça e suspirou.

Casa da Morte

1976

Como Sophie era a única bruxa dos cinco além de Kat e Deyah, que não queria mais se desenvolver naquilo, foi ela quem desenhou o padrão em volta do corpo da vampira, vestida de branco dos pés à cabeça.

- Me sinto imaculada outra vez. – Kat sussurrou com um sorriso quando Sophie terminou o trabalho.

- Com exceção de cerca de duas mil mortes. – Ellie disse de um canto escuro.

- Cinco mil, se você contar as mortes antes de conhecer você. – Kat respondeu de volta risonha.

Foi só no ano novo que a lua cheia ideal apareceu era a hora de uma Danse.

As Crônicas de Kat - A História CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora