Lullaby - VIII

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15 de setembro

Kaylee

Ela que foi Abandonada, Traída, Rechaçada

Se veste de Vingança e Trai aqueles a quem queria permanecer Fiel

Amaldiçoando a si mesma e as Profundezas de quem É

Transformando-se em sua Própria Ruína

Dona de sua própria morte

Angústia; Amaldiçoada

Começo a fazer as malas apenas para não ter que ficar lá embaixo, planejando a viagem. Como as meninas podem estar tão animadas para ir para a Antártica para uma guerra que vai matar algumas das que sobraram de nós? Entendo que este é momento que muitas esperaram por mais de um século e agora ele está apenas a quinze dias de distância. Mas isso é assustador e é assim que eu fico, assustada. Não ansiosa, definitivamente não ansiosa.

Respiro fundo enquanto estou colocando uma blusa na mala. A porta do meu banheiro é chutada e eu salto, antes de me encolher. Lembro de um conselho que Ellie me deu: Atrair toda a raiva que tenho por ela estar viva, transformar a raiva que tenho da Morte em raiva dela, porque tudo que ela é no momento é um soldado da Morte. Eu não preciso ter medo ou me sentir culpada. Se ela tem raiva de mim é isso que eu preciso ter dela também. Raiva.

– O que você quer? – Pergunto, me aproximando da porta, mas sem abri-la.

– Sair daqui. – Amelie sibila do outro lado da porta.

– É, não vai acontecer. Eu estou pensando no que fazer com você antes de ir para a Antártica.

– Antártica? – Ela pergunta, o tom raivoso.

– É onde a batalha final vai acontecer. Vamos para lá amanhã. – Não sei porque estou contando isso a ela, mas não me incomodo em dizer.

Ela está presa no banheiro por muito mais que algumas fechaduras. Ser uma bruxa e ter mais duas bruxas do seu lado é de grande servetia.

– Me leve com vocês. – Ela parece ter se aproximado mais da porta e agora a esmurra.

– Você enlouqueceu? – Pergunto.

– Não, mas você está enlouquecendo e sabe disso. – É a resposta cruel dela. – Me deixe ir, Kaylee. Deixe a Morte fazer parte disso.

– Cale a boca.

– A Morte deseja você do lado dela. Quando a guerra acabar e você não tiver para onde ir. Venha comigo. Não se deixe se perder ou viver em angústia.

Percebo que vai ser impossível ficar no quarto. Resolvendo que compro as roupas que precisar em algum aeroporto, enfio as roupas que estão sobe a cama na mala de qualquer jeito e pego a bolsa com itens pessoais. Amelie parece notar que eu estou deixando o quarto e diz, assim que eu abro a porta, alto o suficiente para todo o prédio ouvir:

– Ainda não acabou. Não acaba até a Morte dizer que acabou.

As Crônicas de Kat - A História CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora