My Wild Heart Bleeds With Yours - VI

20 4 0
                                    

28 de fevereiro

Diário de Kat

Comemoramos o aniversário das gêmeas com uma pequena festinha particular. Entregamos presentes para elas e depois saímos para caçar até o sol nascer. Quando chegamos em casa, encontramos Pierre desmaiado no chão da sala, de forma dramática. Sophie, que havia ido conosco só pela diversão, tirou os sapatos e chutou o peito sem camisa dele algumas vezes, até que ele acordasse.

- Resolveu dizer a verdade ou ainda vai passar alguns dias nessa enrolação? – Perguntei, enquanto ele tentava se sentar.

Eu entendi a ideia de Pierre no mesmo segundo. Ele sabia que era melhor para nós vivo do que morto, já que precisávamos dele para saber que diabos o Inferno estava armando. Por isso, com muita raiva de Anika, ele resolveu que não diria nada, pois acreditava que mais cedo ou mais tarde nós o alimentaríamos, com medo de perder nossa principal fonte de informações. É claro que ele não poderia estar mais enganado. Eu sei muito bem que ele não morreria de fome. Não seria fácil assim. O corpo físico dele provavelmente ficaria bastante fraco, mas sua alma continuaria nele em sofrimento, até que alguma coisa acontecesse.

Ele suspirou.

- Eu vou contar. – Disse, demonstrando fraqueza como sua mãe nunca faria. – E recomendo que vocês registrem tudo.

Nos organizamos na sala para ouvir o que ele tinha a dizer. As gêmeas resolveram ir providenciar a comida enquanto interrogávamos Pierre, deixando claro que se ele mentisse sobre qualquer coisa toda comida iria ser jogada descarga abaixo. Pierre revirou os olhos ouvindo isso, mostrando que a ironia era uma das últimas coisas que se apagaria nele.

- Depois que contatei meu pai, ele me disse que eu precisaria cumprir algumas missões. Não deixou claro na hora que aquela história de príncipe do Inferno era mentira. Pelo contrário, ele passou horas exaltando todas as minhas qualidades e todos os meus poderes. Listou todas as maravilhas que eu havia feito para ajudar o Inferno. Eu, mais do que feliz em finalmente ver minhas qualidades exaltadas por um ser tão poderoso, aceitei todas as missões que recebia. Elas iam desde roubar alguns artefatos poderosos até convencer algumas pessoas a se matarem ou a deixarem corpos livres para possessões.

"Me envergonha dizer que eu levei anos para me dar conta de que estava sendo enganado. Eu percebi lá pelo fim da década de 80 que eu só fazia os mesmos trabalhos sujos que vampiros deveriam fazer. Eu não tinha participação importante em nada que eu pudesse resultar em algo verdadeiramente grande e se morresse poderia ser facilmente substituído por qualquer humano possuído por aí. Pressionei meu pai para que ele fizesse algo por mim. Perguntei o que mais eu precisava fazer para conseguir o lugar que era meu por direito. Eu já desconfiava que aquilo tudo era apenas uma forma de me manter sobre controle, mas também não queria aceitar que teria um papel mais importante nesse mundo se tivesse continuado com Kat.

"Recebi uma mensagem alguns dias depois anunciando algo totalmente inesperado: Se eu quisesse ser príncipe teria que criar uma linhagem de humanos que tivessem partes demoníacas em seu sangue e, portanto, fossem mais suscetíveis a realizar trabalhos para o Inferno depois. Avisei que eu já sabia que aquela história de príncipe do Inferno era mentira e fui confrontado de volta com o anúncio de que independente disso, fazia parte das minhas obrigações como meio demônio disseminar meu sangue pela Terra. Rebati perguntando se ele achava que eu era um maldito vampiro. Ele respondeu usando uma tática que eu sei que a mãe de Kat usou com ela: listou as diversas formas como poderia me matar, já que era um ser mais poderoso que eu e ainda disse que era melhor eu me contentar em ser quase um vampiro, já que havia sido educado por vampiras, afinal ele poderia fazer de mim menos que isso. Aceitei a ideia resignado, até porque não tinha muitas opções.

As Crônicas de Kat - A História CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora