Lullaby - I

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"E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão."

Hebreus 9:22 (Bíblia Sagrada)


Piatra Neamt, Romênia

21 de julho de 2016

Anika

Ela que descende da Criadora

E possui em suas veias legado maior que as Estrelas

Criada para ir além da Abominação que a fez nascer

Toma controle daquilo que lhe foi negado

Nasce de novo, de Cinzas

A última de sua Linhagem de Sangue

E se torna Senhora

Herdeira; Princesa

Os acontecimentos do dia fazem aparecer em Ellie seu lado protetor. Assim que chegamos à casa de Rowan ela alista Valentina e eu. Depois de garantirmos que Tatiana vista roupas limpas e que Sophie descanse, é a hora de conferir a situação de Alexandra. A garota ainda está desacordada no quarto de Rowan, deitada em sua cama, pálida como um fantasma e Juliana não sai de sua cabeceira. Não preciso olhar duas vezes para notar que colocá-la sobre a cama foi uma ideia estúpida: é possível ver a mancha preta que se alastra embaixo do corpo dela, sujando os lençóis cor de rosa e provavelmente o colchão. Ellie olha para Juliana:

– Vá ver sua outra irmã. – Ordena.

Juliana olha para Ellie, surpresa. Vai discordar, mas olhos de Ellie se aprofundam, lançando pequenas faíscas de gelo, e ela não precisa repetir a ordem. Ainda assim, quando Juliana passa por ela para sair, cabisbaixa, Ellie acrescenta falando bem mais baixo:

– Confie em mim.

Quando a porta se fecha, Ellie coloca a caixa de primeiros socorros no chão e pede ajuda para que viremos o corpo de Alexandra. Isso feito, ela começa a rasgar o vestido da menina nas costas e pede que eu pegue o soro fisiológico na caixa. A caixa de primeiros socorros está cheia de ervas e cristais, junto a alguns produtos médicos. Nem me surpreendo, pego o que foi pedido e uma gaze, e assim que entrego a Ellie, ela começa a limpeza.

Ellie limpa a espinha de Alexandra com cuidado para não causar mais secreção do líquido negro. Enquanto faz isso, a respiração da paciente sofre algumas alterações. Em um momento, se aprofunda. Logo em seguida, se acalma. Quando Ellie termina a limpeza e coloca a gaze completamente negra de lado, eu e Valentina nos aproximamos para ver o que restou. Três buracos estão espalhados pelas as costas de Alexandra, um próximo ao pescoço, um no meio da espinha e outro já no quadril. Cada um deles tem o tamanho de uma moeda e ameaça soltar mais secreção caso seja tocado.

– Que diabos é isso? – Valentina diz, exatamente o que eu estava pensando.

– Digamos que é por onde o parasita saiu. – Ellie responde.

– Eu pensei que o parasita fosse espiritual. – Digo, enjoada.

– E era, mas ele precisava que ela sangrasse para poder sair de sua alma. – Ellie explica.

– Isso tudo é sangue? – Valentina pergunta estendendo as mãos. Como ela está inclinada sobre a cama para ver Alexandra de perto, suas mãos estão cheias do liquido escuro.

As Crônicas de Kat - A História CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora