Lullaby - XIX

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Ilha do Rei George, Antártica

30 de setembro

Tatiana

Ela que foi morta pelo Fogo, sem que Queimasse

Que nasceu de Chama que tentaram conter

Se Transforma, Renasce, Se torna Nova

Não como Fênix por não ser Cinzas

Mas como Estrela que Queima por Milênios

Vê tudo que Estava Escrito

Sem ter como Reescrever

Olho; Fogo

Quando a noite chega, o vento para. É assim que sabemos. Às seis da tarde do dia mais escuro, do ano mais escuro, o céu que sangra se torna mais denso e o vento para como se o frio estivesse suspenso naquele momento.

As onze – Kat, Ellie, Sophie, Anika, Valentina, Kaylee, eu, Juliana, Louise, Olívia e Persephone – deixamos o abrigo assim que isso acontece, Alexandra e Pierre permanecendo seguros. Nos surpreendemos. Está quente. Não quente o suficiente para derreter o gelo sob nossos pés, mas quente o suficiente para que tiremos os casacos. E fazemos isso, deixando todo eles caídos na entrada do abrigo no qual moramos por quase duas semanas.

Caminhamos em silêncio, introspectivas, em formação. Persephone vai à frente, testando o solo. Um trovão ressoa no céu e todas nós paramos ao mesmo tempo, no lugar certo. A formação é tão precisa que não precisamos reagrupar nada. Já estamos onde deveríamos estar. Persephone, Sophie e Kaylee formam um triangulo ao redor de nós e Ellie está parada no meio, com as sete que irão ao Inferno viradas para ela. Ela olha para cima, o vermelho do céu está se aprofundando e toda aurora parece se reunir em uma simples linha.

– Chegou a hora. – Ela diz, a Kat.

As bruxas começam um canto, de olho fechados e mãos erguidas, evocando alguma força ou feitiço que não entendo. Uma a uma, nos aproximamos de Ellie para tomar um pouco de seu sangue. Conforme ela é mordida, ela diz algo a quem a morde.

– Eu estarei aqui quando você voltar. – Diz a Kat.

– Você foi feita para isso. – Diz a Anika.

– Diga a Miranda que sinto sua falta. – Diz a Valentina.

– Não as guie para a ruptura. A janela é a saída mais segura. – Diz a mim. – Isso inclui as almas de Valentina.

Me pergunto porque ela disse mais a mim do que às outras. O que ela espera que eu faça? Por que deposita tanto em mim? Antes que eu chegue a uma conclusão, já precisei me afastar e Juliana se aproxima, para beber e ouvir o que Ellie tem a aconselhar.

– Você vai ficar bem.

Louise se aproxima e o ritual se repete:

– Foi uma honra conhecer você.

E então é a vez da última, Olívia.

– Obrigada por entender. – É o que Ellie diz.

Não entendo, mas Olívia sim. Ela balança a cabeça e se afasta com orgulho no olhar. O canto aumenta e Ellie abaixa os braços cortados para a neve. Seus ferimentos não fecham e o sangue começa a manchar a neve branquinha, deixando Céus e Terra da mesma cor. A voz de Persephone se difere do canto das duas outras bruxas. Quando ela faz isso, o sangue de Ellie se arrasta pela leve e alcança nossas pernas, subindo por elas e nos agarrando ao chão.

As Crônicas de Kat - A História CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora