25 de fevereiro
Diário de Kat
Resolvemos que alguém ficaria em guarda no quarto de Pierre e chamaria as outras quando ele acordasse ou fizesse algo. Anika aceitou o papel, dizendo que queria terminar o livro que estava lendo. Eu e Sophie fomos dormir.
Acordei com o barulho da cozinha sendo revirada, com panelas caindo e armários sendo abertos e fechados violentamente. Levantei da cama que dividia com as gêmeas e Ellie – o número de camas na casa fazia com que as camas de casal precisassem ser divididas. No corredor, encontrei Anika dormindo sobre o livro, o que não foi nada surpreendente. Corri até a cozinha e encontrei, é claro, a cabeça de Pierre enfiada dentro de um armário.
- Que diabos você pensa que está fazendo? – Gritei, entrando na cozinha.
Ele tirou a cara do armário e sorriu, com ironia.
- Procurando comida. – Respondeu. Sua voz estava mais grossa e séria - Mas é claro que aqui não tem.
- Comida virou artigo de luxo durante a guerra, Pierre. Definitivamente não compensa ter comida em casa quando não se consome isso.
- Nem Sophie?
Ergui a sobrancelha.
- Como você...? – Comecei, depois balancei a cabeça – Ah, não importa. Sim, nem Sophie. Sophie não precisa de nada para continuar vivendo.
Um brilho provocante passou por seus olhos.
- A menos que alguém roube a alma dela de volta, naturalmente.
Revirei os olhos.
- Boa tentativa. Por ter o corpo fechado a alma de Sophie só escapa do controle dela por livre e espontânea vontade. E nem sonhe em ameaçá-la em minha frente. – Me aproximei dele. – Até porque você tem várias coisas importantes para se preocupar no momento.
- Como o quê, por exemplo?
- O fato de você estar sendo mantido como prisioneiro em uma casa com nove vampiras loucas para se livrarem de você assim que arrancarmos todas as informações que precisamos.
Eu estava parada na frente dele. Ele é um pouco mais de 20 centímetros mais alto que eu.
- Nove? – Ele disse abaixando o tom de voz - Isso é surpreendente, anjo. Realmente surpreendente. Mas eu sei que vocês não sabem como me matar.
Dei de ombros.
- Para tudo se dá um jeito. Além disso, matar não é a pior coisa que se pode fazer com alguém. Pergunte para Kaylee, nossa especialista em torturas.
- A de Cianne?? Aliás, que derrota aquela hein, Kat? Como foi passar 17 anos presa, 10 deles desacordada?
- Não é da sua conta. E como foi para você? Fugir da única família que você conhecia e acabar quebrando a cara ao se dar conta de que não existe essa história de Príncipe do Inferno?
Ele bufou.
- A monarquia está fora de moda mesmo. Existem coisas mais importantes que você pode ser do que príncipe.
Ouvimos um pigarro que quebrou a tensão com que conversávamos. Sophie e Ellie aguardavam, de braço cruzados na soleira da porta da cozinha.
- Olá, Sophie. – Pierre disse, dando mais intensidade a seu sorriso sedutor. – Mamãe.
Ellie grunhiu e eu me juntei a elas.
- Então - Ele disse, nos observando enquanto ficávamos em silêncio - Onde está aquela especialista em torturas que você citou, Kat?
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As Crônicas de Kat - A História Completa
VampireConheça Katerina, uma vampira criada à força na Europa do século XIX por uma mãe bruxa desesperada em sua busca pela imortalidade e seus segredos. Kat sobreviveu por muito tempo se considerando nada além de um ser inferior do Inferno, destinada apen...