Nosferatu - III

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Continuação do relato a caminho da Romênia

1874

- Podemos continuar com a história? - Sophie perguntou em outra noite em que eles pararam para descansar.

Kat havia protelado aquilo ao máximo. Impediu paradas sempre que podia e quando era obrigada a parar saía para caçar. Quando era confrontada pedia para esperarem até que finalmente chegassem ao país seguinte. Conseguiu enganá-los por um bom tempo, mas não podia mais evitar. Kat não gostava muito de quão próxima estava de sua mãe naquele momento.

- As sombras apareceram na noite em que eu fiz 2 anos. Mamãe comemorou me ensinando um ritual de invocação. Eu mal sabia falar! Foi como se os demônios ficassem presos na parede dali em diante. Eram 3 sombras enormes, em forma de homens gigantescos, que ficavam bem de frente à minha cama. Aquilo não me assustava, mas me deixava curiosa. Eu estava crescendo em meio a coisas desse tipo, mas era um bebê e bebês colocam as mãos em todos os lugares. Eu queimei as palmas inteiras ao tocar naquilo. Chorei por toda a noite, mas mamãe me ignorava. Considerando o quanto ela precisava da minha vida, ela era bem negligente.

"Só depois eu entendi que ela não tinha com o que se preocupar. Quando uma criança é prometida à Morte, ela faz um acordo de só tomá-la na hora certa. E juramentos da Morte jamais são quebrados, ou ela perde seus poderes, o que seria um caos na Terra."

Kat fez uma pausa, pensando no que aquilo significava para a situação em que ela se encontrava no momento. A própria maldição à qual estava submetida era um acordo com a Morte. Seria muito difícil conseguir se livrar daquilo.

Balançou a cabeça para voltar a se concentrar na história.

- Foi só quando eu fiz uns 6 anos que as sombras começaram a falar comigo. Primeiro, através de sonhos, depois elas se moviam e o som saía delas naturalmente. Eu apenas ouvia e não contava nada a mamãe, era meu dom e meu segredo.

"A Morte acreditava que eu era prometida a ela e eu posso garantir que ela não gostou nadinha da minha amizade com demônios. E foi aí que os espíritos da floresta me trouxeram mensagens ameaçadoras e também contaram para minha mãe sobre essas visitas.

"Eu só tinha 6 anos, e eles me transformaram em uma arma que atacava os dois lados, o ideal para que o plano de mamãe continuasse dando certo."

12 de novembro de 1880

Diário de Kat

Arrumamos uma casa mais ou menos luxuosa em Viena. Só precisamos hipnotizar um conde viúvo e sem filhos fazê-lo dizer aos vizinhos que estava partindo para a Rússia e vendendo sua casa e então matá-lo.

O plano de Pierre era "chegar" a Viena como um duque francês qualquer e suas três irmãs – apesar de Sophie não se parecer nem um pouco com ele - e esperar ser chamado à corte. Mal sabia o coitado que se houvesse mais um duque na França, a corte saberia, já que a mãe do rei – que também se chamava Sophie – era amiga íntima do último rei da França. Isso o frustrou bastante.

Tem outra coisa que bagunça o plano dele: Eu e Sophie iremos para Graz em dois dias.

- Para Graz? – Ellie disse, se levantando abruptamente do sofá onde descansava - Mas por que?

- Eu tenho contas para acertar na cidade. – Disse a olhando com intensidade.

Ellie sabia o que eu queria dizer, mas não ficou satisfeita.

- Por que Sophie? Por que não eu? Eu quero ir para Graz!

- Porque Sophie pode atacar alguém protegido por um acordo com o Inferno sem medo de consequências.

As Crônicas de Kat - A História CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora