21 de julho
Diário de Kat
Caí no sono ontem enquanto escrevia.
Acho que não preciso dizer que minha missão com Naomi foi muito bem sucedida. Conseguimos roubar mochilas, arranjamos linha e agulha, jornais de diversas datas e livros novos que eu ainda não conhecia. Quando o sol se pôs, nos alimentamos antes de subir. Voltamos então para nossa prisão e enquanto distribuíamos nossas novas distrações contamos para o Exército sobre nossas mais recentes descobertas. Todas ficaram em choque com o plano meticuloso das bruxas, mas antes que se desesperassem eu expliquei meu plano a respeito de Kaylee.
- Matar Kaylee diretamente seria perigoso. Não sabemos a dimensão do feitiço que protege Cianne. Mas nós podemos envenená-la a ponto de que, inconscientemente, ela quebre esse feitiço antes que ele seja passado para nós.
"Transformá-la por assombração é perfeito. É demorado e perigoso, mas poderíamos fazer isso sem que elas sequer notem o que destruiu sem precioso feitiço. Além disso, nos infiltrar no clã dissidente, seria uma ótima forma de descobrir detalhes sobre o feitiço em questão."
- Certo. Suponhamos que você vá assombrá-la. – Ellie disse, parecendo nada feliz com a ideia. – Ela não é jovem demais?
- Bem, não precisa ser agora.
Resmungos encheram a sala.
- Quantos anos precisaremos esperar, Kat? – Valentina perguntou, nervosa. Eu sabia que ela e Miranda, em especial, não estavam nada felizes em ficar presa ali por mais alguns anos.
Fiz alguns cálculos.
- Mais quatro anos. Quando ela tiver sete, terá consciência suficiente para ser assombrada.
Os resmungos se repetiram dessa vez com mais intensidade. Ninguém parecia disposta a ficar mais do que o dobro do tempo que já estávamos ali dentro. Exceto por Sophie.
- Do que vocês tanto reclamam? – Perguntou, tirando os olhos do livro que havia começado a folhear a alguns minutos. – Passamos quinze anos em Graz decidindo se Kat mataria Ellie ou não. Kat e Ellie passaram oito anos rodando pela França fazendo nada além de matar pessoas e criar um bebê demônio mimado. Já sabemos como sair daqui e vigiar as bruxas lá embaixo. Temos sangue a disposição e já temos como roubar coisas para nos distrair. A única coisa preocupante agora é o fato de que qualquer momento bruxas malignas podem nos enfeitiçar de forma a ficarmos presas nesse fim de mundo para sempre, mas até esse desafio faz desse lugar mais interessante do que aquele buraco onde Kat nasceu.
Uma discussão de proporções nunca antes vistas no Exército começou depois desse discurso. Metade das meninas pediam ações imediatas (Valentina e Miranda) para nossa fuga dali, enquanto a outra metade (Ellie e Anika) concordava que era melhor precaução e cuidado. Só eu e Naomi olhávamos para Sophie, que agora estava calada e com o olhar desfocado outra vez. Eu entendia os motivos dela. Sophie estava tendo alucinações frequentemente e nunca estaria livre de vez até se acabar com elas. Enquanto estivesse em Cianne, ao menos, estava segura e disposta a fazer qualquer coisa e esperar qualquer tempo para se vingar das assassinas de sua irmã.
Bati palmas de forma a chamar a atenção das briguentas.
- Já chega! Viemos até Cianne por Sophie e é pela própria que devemos ficar. Mesmo que conseguíssemos sair daqui em segurança, qual o sentido de deixar de pé a cidade que destruiu uma das nossas? Precisamos de vingança e não importa o tempo que leve, vamos conseguir. Parem de drama, pelo amor de Deus, qual o sentido de ser imortal e se preocupar tanto com a passagem do tempo?
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As Crônicas de Kat - A História Completa
VampirConheça Katerina, uma vampira criada à força na Europa do século XIX por uma mãe bruxa desesperada em sua busca pela imortalidade e seus segredos. Kat sobreviveu por muito tempo se considerando nada além de um ser inferior do Inferno, destinada apen...