Lullaby - VII

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9 de setembro

Olívia

Ela que conhece as Escrituras

Todas elas, Novas, Antigas e Mortas

Ela que Cria e que Compõe

Possui em suas mãos o que Constitui as Estrelas

E se deixa Voar para Longe, sem Retorno

Peregrina; Freira

O termo "América do Sul" me acorda. Não sei quem disse e levo alguns segundos para entender onde eu estou, mas a ideia de casa me desperta repentinamente de um pesadelo.

– Chile e Argentina. Algumas pragas têm surgido na área nos últimos dois anos, nada particularmente Infernal, mas assustador de qualquer forma. Porto Williams no Chile parece ter tido eventos mais sérios, com pessoas sangrando e caindo mortas no meio da rua e esse tipo de coisa. É a cidade habitada mais meridional do mundo, é claro que os eventos celestes infernais atacam a cidade com mais força.

Agora eu estou completamente acordada. Dormi na sala, em cima de um dos cadernos onde a profecia foi escrita, tentando encontrar alguma citação aos países do sul e a aurora austral. Sophie parece ter encontrado alguma coisa apenas agora, quando já amanheceu e a lê em seu celular para Kat, Ellie, Kaylee e Persephone. Algo parece vibrar dentro de mim, com lembranças.

– A cidade habitada mais meridional, talvez, mas não o lugar. – Eu digo, sentada onde estou – Como andam as bases de pesquisa na Antártica?

Persephone pisca.

– O que você quer dizer? – Ela pergunta.

Vou responder que não tenho certeza, mas meu sonho passa diante dos meus olhos, sendo lembrado com clareza. Fecho os olhos e permaneço onde estou, sem dizer nada. Vejo gelo derretendo sob gotas de sangue quente, casacos jogados no chão, o chão tão claro que reflete o vermelho escuro do céu. Tudo é vermelho. Gritos de vozes conhecidas tomam meus ouvidos. Então vem a luz e o calor. É como fogo branco descendo do céu. Calor branco destruindo o frio vermelho. Tão intenso que parece cortar o tempo e o espaço em dois, transformando um mundo em outro.

– Que diabos foi isso?

O grito de Sophie me desperta. Eu dormi de novo? O que aconteceu? Estou no sofá e Kat está sobre mim, conferindo minha testa e meus sinais vitais. Acho algo de engraçado nisso e me lembro de que dia é hoje.

– Feliz aniversário, Kat. – Digo.

Kat franze a sobrancelha e eu me pergunto se lembrei do dia errado. Mas a lógica está voltando, aos poucos e eu sei que não, hoje é 9 de setembro.

– Isso vai soar estranho. – Persephone diz, aparecendo atrás de Kat. – Mas eu acho que você acaba de receber um presente de Deus.

As Crônicas de Kat - A História CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora