A Hora das Bruxas - II

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5 de abril

Paris, França

Juliana

– Isso está começando a ficar ridículo. – Pierre diz, atirando uma bolsa de sangue cheia sobre a mesa em que me sento.

O fundo da bolsa estoura, abrindo um pequeno buraco que esguicha sangue. Eu me afasto por reflexo e acabo evitando que uma grande quantidade de sangue caia sobre minha blusa branca. O papel aberto sobre a mesa não tem a mesma sorte.

– Começando? – Pergunto, pegando a bolsa outra vez e cheirando com vontade – Você é adorável.

Começo a beber pelo furo da explosão enquanto Pierre guarda sua chave no porta-chaves e se aproxima de mim para observar o que eu estou fazendo. Estou estudando a planta do local onde Alexandra está. É um prédio de três andares que serve como clínica médica particular. Ou pelo menos é a sua fachada.

Foi fácil conseguir uma planta na prefeitura, tão fácil que eu tenho certeza de que existem muitas passagens e saídas que não estão desenhadas aqui. O que importa para mim no momento é descobrir uma forma de encurralar todo mundo lá dentro até que eu saia de lá com a minha irmã. Além de, é claro, obrigar alguém a me dizer qual a forma de mantê-la segura enquanto a retiro do país.

– Nada ainda? – Pierre pergunta, tão perto de mim que sinto sua respiração em minha bochecha.

– Não. Tudo que planejado parece impossível. – Resmungo. – Se ao menos eu soubesse onde Alex está, eu poderia diminuir a área do ataque.

Pierre olha para mim, ainda com o rosto colado no meu você.

– Você sabe que seria mais fácil se o resto do Exército estivesse aqui, certo? – Ele diz. – Treze vampiras fechariam um prédio com no máximo cem pessoas em menos de dez minutos.

Suspiro e coloco a bolsa de sangue, agora vazia, sobre a mesa.

– Nós somos doze agora. – Corrijo – E, se não estou enganada, três de nós não são vampiras. E enquanto eu concordo com você quanto ao Exército tomar aquele prédio em menos de dez minutos, eu já disse meio milhão de vezes: Preciso fazer isso sozinha.

É a vez de Pierre suspirar. Ele sai de trás de mim e anda até o outro lado da mesa. Puxa a planta para o seu lado e a examina com tanta força que a sua testa se franze. Controlo uma risadinha. As últimas semanas têm sido inacreditavelmente exaustivas e algo em mim, que eu nunca admitirei o que é, agradece por Pierre estar aqui. Ele tem sido colaborativo, se mantido fora do caminho quando eu peço e sido generosos em algumas ações. Essa viagem teria sido dez vezes pior se ele não estivesse aqui.

– O primeiro passo é deixar os elevadores inutilizáveis, é claro. – Ele diz depois de alguns minutos de estudo concentrado.

Me coloco de pé e vou para trás dele, para que ele não perceba que fiquei o encarando por todo aquele tempo.

– É claro, mas a única forma de fazer isso é desligando a energia e isso chamaria atenção na hora. – Digo.

– Existem outras formas. – Ele rebate. – Por exemplo, não é recomendável usar o elevador em incêndios. O térreo é apenas recepção e ambulatório, então eu vou assumir que Alex não está lá. Se nós causássemos um incêndio de proporções grandes o suficiente no térreo, e bloqueássemos as escadas de incêndio, todo mundo dos andares de cima estaria preso até a chegada de autoridades.

– É um prédio no centro da cidade. – Lembro. – Elas chegariam em dois minutos.

– Então precisamos achar Alex antes de causar o incêndio.

As Crônicas de Kat - A História CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora