"Todos têm o seu lado obscuro que - desde que tudo dê certo - é preferível não conhecer. "
E é a partir disso, que entraremos na mente e vida do Mikhail Kutner.
Obrigado a amadurecer antes mesmo de aprender a ler, Kutner precisou fugir de uma vida...
Olá, meus amores. Espero que não fiquem chateadas se vim a demorar a postar capítulos. Livros assim consomem muito de atenção e eu não vou escrever qualquer coisa só para postar muito. Sempre atualizarei ele quando estiver tudo bem revisadinho, okay? Eu disse que ia ser dois por semana... Mas vou colocar só um por enquanto. Quero comentárioos e um retorno. Quero suas hipóteses e o que acham que vai acontecer.
Beijo no coração de vocês e até qualquer dia...
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O percurso da clínica terapêutica para minha casa não é tão demorado, e isso fez com que eu economizasse alguns minutos de lá até aqui. Quando eu decidi começar a minha vida independente das pessoas que me ajudavam, procurei uma cidade de Illinois que me fizesse esquecer o lugar de onde vim.
No dia que peguei a bolsa com roupas da minha irmã, e saí sem rumo, tinha a consciência de que precisaria me afastar do bairro que morávamos. Como estava sem dinheiro, e o clima não estava tão de bem com a nossa situação, tivemos que parar embaixo de uma coberta para nos abrigar da chuva. Naquela hora a ficha foi caindo e eu percebi que tinha que procurar ajuda. Em hipótese alguma deixaria a minha irmã dormir no meio da rua enquanto eu iria atrás de emprego.
O bom foi ter lembrado das assistentes sociais que rondavam o colégio que estudava. Elas trabalhavam juntas com a psicóloga de lá, e só me recordei delas por ter sido alvo das perguntas de ambas, devido ao meu temperamento explosivo com pessoas que faziam questão de me irritar por ser diferente.
Pensar nelas naquele momento foi crucial para chegar onde estou. Tive que tomar decisões delicadas que selariam não só o meu futuro, como o da minha irmã também, que hoje em dia talvez nem se lembre mais do meu rosto, já que eu a deixei antes mesmo de esperar a minha barba crescer.
Essa foi a decisão mais difícil a se tomar, mas eu não via outra maneira de conseguir mantê-la em segurança, se não fosse deixando-a nas mãos de pessoas responsáveis que pudessem dar a ela tudo que eu demoraria anos para conquistar. Eu não queria, mas fui obrigado a entregar, com muita dor no peito, a minha irmã para o casal que queria tanto adota-la. Lana sempre teve o jeito delicado que conquistava quase todos a sua volta. E eu sabia que não seria adotado, por causa da minha idade mais avançada. Todos me viam como um menino que seria difícil de se lidar, porque já tinha uma forma de ver a vida diferente das avaliações que eles faziam.
Prova disso é que os anos foram se passando, o tempo foi se apertando e eu não via outra saída a não ser ter que aceitar a vida como ela é. E para não perder tempo, comecei a estudar para conseguir uma bolsa em uma das universidades do estado.
Antes de sermos levados para o orfanato, tivemos a aparição horrorizada da Nora. Ela fez um escândalo, se ajoelhou de ante as profissionais e pediu clemência para que deixassem ela nos levar de volta. Mas, em menos de duas horas, eu já tinha narrado bastante coisas sobre o que tivemos que passar. Então, seria loucura da parte das assistentes se deixassem nossas guardas na mão de uma mulher, que não possuía condições nenhuma de criar uma criança e um adolescente com pensamentos insanos.
