Capítulo 31

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Há coisas na vida que fazemos e as vezes nem percebemos o quanto aquilo pode ser prejudicial e tóxico

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Há coisas na vida que fazemos e as vezes nem percebemos o quanto aquilo pode ser prejudicial e tóxico. Muitas vezes, no calor do momento, cometemos um grande erro ao decidir certas coisas e só vamos ver o resultado do prejuízo, no final e quando já é tarde demais para concertar tudo.

Agora sentada ao lado da minha mãe, encarando toda a situação em que ela se encontra, penso se ela está nessa circunstância, porque não teve chances de sair fora, onde teve que se submeter ao um casamento arranjado, ou, se está nessa justamente por causa de uma escolha errada no percurso da sua vida.

De qualquer modo, não consigo acreditar e nem aceitar que as mulheres, que vivem nesse meio da máfia, acatem tudo e deixem por isso mesmo. Pode ser um pensamento suicida esse meu? Talvez..., mas a forma pela qual fui criada, mesmo sendo em um internato, não tinha essa doutrinação e nem a lavagem que a maioria das mulheres criadas nesse mundo passam.

O que é absurdo para mim, pode não ser para as que são ensinadas desde pequenas a serem as mulheres troféus dos seus prometidos.

Minha mente está cercada de dúvidas do porque essa realidade não foi apresentada a mim, no começo de tudo. Porque a doutrinação não começou, assim que aprendi a minha primeira palavra. Preciso saber, o motivo de me manter distante, e me fazer passar por níveis de educação que não é tão preciso, já que nas organizações é homem tudo e mulher nada.

Eu só... Preciso dessas explicações.

Pousando a mão em cima da mão da minha mãe, a encaro e faço a primeira pergunta que está em minha cabeça.

– Porque se submeter a isso novamente? Mãe... Já são seis mulheres para sofrer nesse mundo... Isso não foi suficiente para o Fabrizzio? – Pergunto demonstrando minha tristeza, por saber que não há saída para as mulheres dessa família. A não ser que eu procure uma forma de resguarda-las ao ponto de que possam ter uma vida normal, podendo sair e se divertir como meninas comuns. Amy funga e passa o dorso da sua mão em seus olhos, limpando as lágrimas furtivas que teimam em cair.

– Não somos nós que escolhemos filha. Infelizmente é assim... Ou você obedece às ordens do seu marido, ou acontece... – Ela olha para mim, descendo o olhar para as feridas dos meus braços e pernas. – Ou somos espancadas e violentadas todos os dias até que a gente aprenda a ser a perfeita esposa submissa. – Ela diz e suspira, e antes que eu fale algo, complementa parecendo que sabe de todas as minhas dúvidas. – A culpa disso tudo é minha. E começou quando eu caí na ilusão que era bonito ser mulher de um homem que vivia no caminho perigoso. – Ela solta um sorriso sem graça e continua – Filha, eu era muito jovem na época que tudo começou. Tinha apenas dezesseis anos quando conheci o Fabrizzio. Ele já era um homem, se vestia impecavelmente e tinha aquele ar que, na época, causava um rebuliço na mente das jovens. Nunca falei dos meus pais a você, porque eu tenho vergonha de falar sobre. As vezes parece que tudo que acontece comigo, é um castigo bem feito por tudo de mal que fiz para eles... Não foi por falta de aviso, sabe? – Minha mãe volta a chorar, e vejo que sua mente está trabalhando a todo vapor, ao voltar para o seu passado. – Aquela era uma época em que os pais queriam casar logo suas filhas. E quando eu neguei o filho de um dos amigos do meu pai, e disse que estava apaixonada pelo garoto que trabalhava na lanchonete, logo as coisas começaram a se tornar uma tempestade na minha mente imatura. Ele tinha um trabalho comum, mas vivia como um rei. O Fabrizzio sempre olhava para mim quando eu ia lá com as garotas. Até que um dia ele me chamou e disse que estava apaixonado e queria dá o mundo para mim.

A VINGANÇA DO CAPO - PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora