Voltei hoje mesmo...
🖤
É engraçado como o nosso corpo reage quando a mente está prestes a entrar em um estado catatônico. Posso sentir a minha pele formigar e o meu coração acelerar, devido a minha luta interna para manter a mente sã durante a conversa, dentro do lugar que desperta os meus piores medos... A incerteza do que pode acontecer, talvez esteja sendo um dos piores conflitos entre a razão e o meu pavor de acabar sofrendo novamente na mão do meu próprio pai. Posso estar apenas formando uma tempestade num copo d'água, mas quando você já passou por uma situação onde o resultado foram dois meses em uma cama, no repouso absoluto por causa das consequências de uma surra sem piedade, é isso que seu subconsciente faz com sua mente.
Me viro e antes de ir ao escritório, vou primeiro a cozinha. As mulheres que cuidam dos serviços já estão trabalhando na lavagem dos vários pratos melados e uma senhora sentada na banqueta, descascando as cascas das laranjas, assim que nota a minha presença dá um sorriso bem aberto. No começo elas se assustavam com a minha presença, pois achavam que eu seria igual a minha irmã mais velha, que vem aqui fingindo ser amiga só para supervisionar o trabalho delas e levar as conclusões para o Fabrizzio. Mas, perceberam que eu não era assim depois de uns três dias eu vindo direto conversar com elas sobre assuntos diversos.
Vou até o armário pegar um copo médio, e em seguida sigo até a geladeira e pego uma jarra de suco de uva. Encho o copo e coloco a jarra de volta no lugar.
- Tudo bem com você menina? - Pergunta me olhando atenta, assim que eu me aproximo da ilha, sem deixar de descascar com maestria a casca dura da laranja. - Seu prato chegou aqui vazio, vazio. - Diz observando-me sentar no banquinho da ilha.
- Estou sem fome, senhora Marícia. - Falo dando um suspiro pesado, levando o copo a boca, e bebo um gole do suco que acaba amargando no meu paladar desanimado.
- Menina... Você não janta há três dias e o que come no café da manhã é insuficiente para suprir o pouco que come no almoço e o que falta da janta. Desse jeito vai emagrecer e ficar sem forças nem para levantar e ir lá no jardim brincar com as pequenas.
- Vou melhorar meu paladar. A senhora vai ver! - Digo abrindo um sorriso e ela sorri me acompanhando, balançando a cabeça em concordância. Dona Marícia termina de descascar uma laranja e invés de juntar com as outras, abre toda e estende para mim. - Não será o melhor dos gostos... - Digo tentando encontrar uma sintonia entre o suco de uva e a laranja.
- É fruta, querida. Vai te fazer bem! Vou reforçar sua alimentação a partir de hoje. Na hora do almoço pode ter certeza que vai comer direitinho. - Diz toda cuidadosa, me olhando preocupada.
- A senhora é demais, dona Marícia. Se preocupa comigo feito uma avó que nunca tive. - Digo sincera, deixando o copo de lado e colocando para dentro, do meu estômago vazio, os pedaços doces da laranja. Engulo mais rápido os pedaços mordidos e me levanto, vendo os minutos se passarem no relógio na parede. - Tenho que ir, só vim tomar um suco e acabei comendo uma laranja. - Ela sorri acenando, e olha para o copo com a bebida.
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A VINGANÇA DO CAPO - PARTE 1
Romance"Todos têm o seu lado obscuro que - desde que tudo dê certo - é preferível não conhecer. " E é a partir disso, que entraremos na mente e vida do Mikhail Kutner. Obrigado a amadurecer antes mesmo de aprender a ler, Kutner precisou fugir de uma vida...