Capítulo 88

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Minha cabeça não parava de processar, analisar e buscar qualquer lógica e explicação a cerca das imagens, das falas, do olhar, de tudo que aconteceu e eu não quis enxergar aquilo como algo a mais

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Minha cabeça não parava de processar, analisar e buscar qualquer lógica e explicação a cerca das imagens, das falas, do olhar, de tudo que aconteceu e eu não quis enxergar aquilo como algo a mais. Eu não quis quebrar a cabeça, pensando que não era filha de Fabrizzio, mas, sinceramente, algo dentro de mim sempre gritou dizendo que ele não era nada meu. Não foi só pelo o que me obrigou a passar, mas também pela forma como me tratava e me observava. Fabrizzio realmente nunca foi um pai, ele nunca demonstrou nada além de vontades impróprias que eram descontadas nos dias que eu recebia visitas do seu amigo, que agora, depois de anos, descobri verdadeiramente de quem se trata. E para completar, é coincidentemente um elo criado entre mim e o Mikhail, já que ele não só mexeu comigo, como também com as pessoas que o meu marido não imaginava que seriam tiradas daquele jeito.

Tive que fazer as minhas coisas normais, até porque era isso que eu precisava demonstrar para as duas que dependiam de mim naquele momento. Minha tarefa era manter a tranquilidade, enquanto dentro de mim dúvidas, pensamentos conflitantes, sentimentos, se alastravam e me faziam ter momentos de divagação sem que eu percebesse. Mikhail não tinha aparecido ainda, eu não sabia se ainda estava lá embaixo ou já tinha saído para resolver algo a mais e... não sei... Não sei mesmo, se for para eu descobrir algo só se eu... bem, só se eu descer... Só se eu entrasse sem autorização naquele escritório e me arriscasse.

Eu não quero aborrecê-lo, não quero que ache que eu esteja invadindo seu espaço... Porém, eu sabia que seria necessário.

Por isso, pedindo mais uma vez que Lana olhasse a Laura, fui averiguar primeiramente como estava a situação lá fora. Pela varanda da para ver os carros e, apesar do cachorro ainda está solto, o carro principal que pertence ao Mikhail não estava lá. E isso me fez acreditar que ele não estaria em casa no momento. Reunindo forças, munindo-me de uma segurança sensível, fui até o fim do corredor e entrei, mais uma vez, dentro daquele cômodo escuro e frio.

Assim que toquei para fazer o elevador subir, senti um cheiro forte, muito forte mesmo, que me fez encolher e levar a mão até a boca. Tapei o nariz e os lábios e quando o elevador parou, e eu vi o piso cheio de sangue marcado pela sola de sapato, e mais algo que não identifiquei, mas era de uma tonalidade escura, entendi que lá embaixo algo muito pesado havia acontecido. Entrei hesitante, os passos calculados e inseguros. Precisava inspirar fundo, mas só de imaginar que acabaria sentindo todo aquele odor fétido entrando pelas narinas, não fiz e fui buscando controlar a minha respiração à medida que o tranco do elevador me balançou e começou a descer...

Alguns gritos começaram a preencher o silêncio, e quando o elevador parou entendi de quem era a voz... Os pedidos de ajuda do Fabrizzio me fizeram entrar em alerta, atenta para tudo que eu poderia ver ou ouvir. Saí do pequeno espaço, e, assim que dei os primeiros passos, vi como a estrutura do subsolo era montada... O chão em uma mistura de tijolos quadriculares, assim como as paredes ladrilhadas por tijolos grossos e empoeirados, se perdia com a extensão escura, iluminada apenas por duas lamparinas de cada lado da porta de ferro. Os gritos tornavam-se mais potentes, sendo um pouco abafado pela porta grosseira que dividia os nossos lados. Dois passos calmos me fizeram chegar rapidamente na monstruosa estrutura e, deixando para lá o ato de conter que os cheiros subissem, afastei a mão e respirei tão fundo, enquanto descia a mão para a trave metálica, que senti o nariz arder pela quantidade absurda de odores e poeira. Ainda estava sentindo a parte que bati no chão, quando caí da cadeira, doer, e piorou um pouco com esse movimento de respiração.

A VINGANÇA DO CAPO - PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora