⚰️Capítulo 19 ⚰️

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– Enquanto você estava lá em cima, liguei para uma agência funerária

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– Enquanto você estava lá em cima, liguei para uma agência funerária. – Adan fala quando me vê descendo as escadas, com a bolsa e uma caixa. – Você foi no quarto dos...

– Sim. Não quero falar sobre isso. – Com o braço desocupado passo o antebraço no nariz, e aponto a porta com a cabeça. – Vamos resolver logo esse enterro.

Abro a porta do carro e coloco a bolsa no banco de trás, seguido pela caixa com a carta, os testes, e algumas coisas que peguei no quarto dos meus dois filhos.

Adan chega logo em seguida e se senta no banco do motorista.

Enquanto ele dirige para a agência contratada, eu pego o celular da Estela, que encontrei em cima da sua mesa de trabalho, e assim que abro para procurar o número de sua mãe, vejo de cara mais de cinquenta ligações perdidas. Ao clicar nas chamadas, todas são da Lídia.

Não prolongo o inevitável e ligo, sendo atendido quase no mesmo instante.

– Ai meu Deus, filha! Eu estava surtando, quase enlouquecendo quando ouvi rumores que tinham invadido uma das casas da vizinhança que você mora. Procurei na televisão notícias sobre o que aconteceu, mas o homem que teve a família morta não deu entrevistas e nem autorizou que o caso fosse passado para os jornais. – Fico em silêncio esperando ela terminar de falar. – Ai Deus, meu coração até se acalmou agora. Estava indo de um lado a outro, pensando em você e nos meus netos. Até liguei para o seu pai, e você sabe que não sou de incomodar o seu pai depois da nossa separação. – Ela se cala por alguns segundos e torna a falar– Filha?

– Não, Lídia. É o Mikhail.

– Não.... O que aconteceu? Minha filha está bem, não é? Por favor, não diga que... – Ela começa alto e termina a pergunta praticamente em um sussurro.

– Mataram a sua filha e meus filhos. – Digo sem enrolação, olhando a estrada passar e o carro ultrapassar outros veículos mais lentos.

– Como? Seu insensível! Imbecil! Como você consegue ser tão frio ao falar isso? Meu Deus, minha filha não, não, não... – Escuto seu grito desesperado, afasto o aparelho do meu ouvido, colocando o celular a minha frente, e vejo a foto de contato das duas juntas. Ponho no alto-falante e deixo o aparelho entre minhas pernas.

Fecho os olhos e espero o momento que ela volte a si. Por enquanto, só escuto seus gritos suplicantes, pedindo a Deus que seja mentira. Respiro fundo, e abro os olhos, vendo a vegetação dar espaço para as casas e prédios.

– Por favor, diga que isso é um pesadelo, por favor...

– Lídia, estou indo na agência funerária. Vou fazer como deve ser feito. Se você quiser ver sua filha antes de ser enterrada, saia da bolha da dor e venha. Eu sei que você não vai ouvir o meu pedido, mas irei fazer mesmo assim. Chame apenas os mais íntimos dela! Não precisa transformar esse dia em um teatro.

A VINGANÇA DO CAPO - PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora