Capítulo 77

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Não consigo mensurar o que estou sentindo ao ver a cena ao meu lado; e saber que tem um pouco do meu dedo nela, me deixa ainda mais satisfeita e feliz por eu estar, de alguma forma, ajudando pai e filha, separados por uma alma desajustada e suja, ...

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Não consigo mensurar o que estou sentindo ao ver a cena ao meu lado; e saber que tem um pouco do meu dedo nela, me deixa ainda mais satisfeita e feliz por eu estar, de alguma forma, ajudando pai e filha, separados por uma alma desajustada e suja, a se juntarem novamente - mesmo que de forma gradual - como sempre deveriam estar. Assim que eu acordei esta manhã, e me deparei com a cena, senti um amargor na boca e um doloroso aperto em meu coração. Dentre a descarga de sentimentos, perguntas se formavam em minha cabeça... Como deveria ser atualmente se nada do passado tivesse acontecido? Digo em relação, primeiramente, ao tempo em que ele ainda estava casado e com seus dois filhos.

Minha garganta chega apertar só em constatar que ele perdeu várias fases da filha, o seu desenvolvimento, tanto físico quanto psicológico. Perdeu coisas que, possivelmente, o ajudariam a levar com mais leveza a sua vida e não seria tão... tão cruel como as vezes é - ou quase sempre é. - Talvez... Talvez se não tivesse acontecido coisas ruins quando ainda era novo, e recebesse o amor verdadeiro ao invés do desprezo e abusos claramente físicos - consigo ver as marcas na altura rude das maças do rosto, nem estou contando com a cicatriz na sobrancelha que desce um pouco para abaixo do seu olho, e imagino que tenham outras marcas pelo seu corpo... Eu só não consegui ainda enxergá-las, já que apenas o vejo sempre na penumbra do banheiro ou do quarto- não teria se transformado no bloco gélido de agora. Seu psicológico também é conturbado... E as vezes, tenho medo do que a sua mente pode incentiva-lo a fazer.

Se ele foi capaz de dar uma surra em seu próprio amigo... O que ele poderia fazer comigo?

Por mais que eu tentasse me defender e fazer o possível para não deixar que me humilhasse, ainda não teria forças suficientes para controlar um homem cercado de ódio e problemas que o deixam frustrados e sentindo - eu sei que sente, posso ver em sua forma de agir, de falar... - vontade de descontar a raiva em qualquer coisa que dê um mínimo motivo. Instigando assim a parte mais perversa sobressair, jogando de lado qualquer controle.

E se... se um dia ele...

Não. Não, não... Ele não bateria em mim... Ou bateria?

Se acontecer algum dia, pensando nesse momento, não faço a mínima ideia como seria a minha reação.

Inspiro o ar com suavidade e solto um suspiro igualmente leve, com medo de acorda-los.

Ainda não deve ser nem seis horas da manhã, não tive coragem de me erguer - para ver as horas que marcam - e acabar tendo que deixar de olha-los; observo com mais intensidade o meu marido deitado de bruços, virado para o meu lado e o rosto impenetrável quase que relaxado, com as sobrancelhas descansadas, mas sem deixar de suavizar o vinco que é quase uma marca entre elas. Um dos braços circunda o travesseiro e o outro pousado de lado, serve para o rostinho sereno da sua filha repousar. Laura está encolhidinha, um dos bracinhos segurando com proteção o urso e o outro repousado em uma altura que sua mão se espalma com carinho no antebraço dele...

A VINGANÇA DO CAPO - PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora