Capítulo 66

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As inquisições seguras e firmes, a forma como ele queria saber sobre o Fabrizzio e o porquê de ele ter adotado a Laura me despertaram uma curiosidade inexplicável; a forma como ele falava, tentando não ser frio, só mostrou o quanto queria ter as r...

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As inquisições seguras e firmes, a forma como ele queria saber sobre o Fabrizzio e o porquê de ele ter adotado a Laura me despertaram uma curiosidade inexplicável; a forma como ele falava, tentando não ser frio, só mostrou o quanto queria ter as respostas sobre tudo... No entanto, não conseguiu atingir o seu êxito e ao contrário do que ele tentou, eu só fui ficando cada vez mais nervosa e confusa pelo interesse em relação a Laura. O toque dele em minha cintura me confundiu muito, a sua voz grave e pesada também não ajudou, e lembranças desconhecidas sobre o meu pai foram se ascendendo a cada vez que ele perguntava. E quando ele perguntou tudo o que o Fabrizzio fez ou faz, foi capaz de me levar rapidamente para um dia onde eu não me recordava.

O real começo de tudo...

Eu segurei as lágrimas assim que as lembranças vieram. Na verdade, as imagens criadas em minha mente foram um choque que se contradizia com tudo que eu imaginava... Se contradisse com o que eu pensava desde o momento que comecei a não querer lembrar.

A não deixar o que acontecia quando criança, se acumular com o que acontecia na adolescência...

Quando eu fui estudar fora, eu já tinha começado a bloquear tudo que envolvesse a minha fase da infância. Mesmo que ninguém tivesse dito, eu sabia que precisava conter os pensamentos em relação ao tempo onde eu não fazia ideia de absolutamente nada; onde tudo para mim não passava de coisas que deveriam ser normais e por isso estava acontecendo comigo. Aquela fase onde não sabemos diferenciar se o que o adulto faz conosco está certo ou errado – claro que isso é quando não temos em casa um reforço da mãe a cerca do que podem ou não fazer com uma criança. Nunca naquela casa ouvi a minha mãe falar sobre o certo e o errado, e o que eu deveria aceitar ou não de um homem desconhecido, ou até mesmo... conhecido. – Aquela fase que, quando olhamos as coisas acontecendo a nossa frente, achamos que depois de umas piscadas tudo vai sumir e a dor que aquilo pode proporcionar irá passar junto com as piscadas mágicas que só uma criança tem a capacidade de imaginar e idealizar.

E no momento que ele foi tentando tirar informações, como brisa, coisas que deveriam ficar presas no fundo da minha memória foram se desabrochando e mostrando tudo que eu não queria relembrar.

Por isso, e, misturado ao seu toque em mim, reagi a ele da forma mais vulnerável que eu podia ter ficado.

Eu queria poder ter dito a ele... Queria que o Mikhail soubesse tudo, absolutamente tudo que o Fabrizzio fez e autorizou que fizessem...

Contar os detalhes que ninguém sabe, falar a última vez que meu pai levantou a mão para mim. Relatar que, assim que voltei, depois de dez anos fora, fui alvo de uma surra tão forte que fiquei de camada por dias, semanas, meses... E, não satisfeito, entrou em meu quarto e só não fez algo a mais porque a minha irmã Donna chegou na hora e impediu que algo acontecesse.

Falar do seu amigo... Falar, falar, falar...

Eu só não tenho a segurança que necessito ter para tirar do fundo da memória, o que tanto me fez errar quando saí do internato; o que tanto me fez escolher caminhos errados junto com a minha amiga Amália...

A VINGANÇA DO CAPO - PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora