💔 Capítulo 11 💔

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Estacionado em frente de casa, fico alguns minutos ainda com as mãos no volante, apertando como se aquele objeto fosse capaz de segurar e aguentar toda a minha falta de controle

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Estacionado em frente de casa, fico alguns minutos ainda com as mãos no volante, apertando como se aquele objeto fosse capaz de segurar e aguentar toda a minha falta de controle. Aperto tanto, que os nós dos meus dedos esfriam e formigam me fazendo sentir uma dor muito bem aceita. Lido com a dor, assim como pessoas normais lidam com a felicidade.

Enquanto há pessoas que sofrem ao sentir a contradição da alegria, eu a admiro e sinto o seu poder revigorante.

Vendo que apertar não está sendo suficiente, largo o volante e fecho as mãos, levando-as com força e raiva para acertar uma sequência de socos que amenize um terço da minha impulsividade. Soco, soco e prendo meus dentes para impedir que um grito de raiva escape e chame atenção.

Esses descontroles, essas sensações de falta de domínio me deixam pior do que já sou. Se tem uma coisa que precisam saber sobre um sociopata, ou antissociais, forma leve de definir o que sou, é que não conseguimos controlar a agressividade quando vemos as coisas fugindo de nossas mãos. A violência está prescrita nessa condição e tudo que vemos a nossa frente são alvos perfeitos para descontar nossas frustrações. Não há remorso, nem piedade. Não sentimos nada a não ser alívio ao ver que estamos destruindo algo.

E, nesse exato momento, me sinto além de frustrado.

Preciso encontrar a solução para o que está acontecendo, independentemente da forma que irei colocar um ponto final nessas ameaças, tenho que conseguir chegar neles antes que eles cheguem até alguém da minha família. Se vou conseguir, só os dias que ainda vão vir definirão.

Quando sinto a pele queimar vou parando de socar e começo a controlar minha respiração, para poder sair do carro e abrir o portão da garagem sem que alguém note o meu descontrole.

Vendo que estou menos impulsivo, abro a porta e vou até o portão de ferro, passando a chave no cadeado, abro e nem o barulho dele sendo aberto faz a Estela sair de casa e vim me receber. Mesmo estando afastado nesse tempo, ela nunca deixou de cumprir esse ritual de vim aqui me ajudar.

Com tudo fechado, sigo em direção a casa e respiro fundo duas vezes antes de entrar e começar a ter que interagir com quem estiver lá dentro. Espero que a Estela já tenha dispensado a babá, porque a única voz que quero ouvir nesse momento, são as dos meus filhos.

Entro em casa e a primeira coisa que noto é a figura de cabeça baixa e os joelhos flexionados para apoiar sua testa. Não falo nada, e observo silenciosamente os fungados que saem da garganta da minha esposa.

– Aconteceu alguma coisa com os nossos filhos? – Pergunto a primeira coisa que me faz associar seu choro. Ela se assusta, levantando a cabeça, soltando os braços que juntavam suas pernas próximo ao peito. Estela balança a cabeça negativamente e passa os dedos nas lágrimas que começam a cair assim que olha em meus olhos.

Quem é você... – Pergunta em sussurro, levantando devagar do sofá. – Com quem eu me casei? Por favor, Mikhail, me responde.

– Porque essas perguntas agora, Estela?

A VINGANÇA DO CAPO - PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora