Capítulo 36

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Eu já não consigo mais enxergar o caminho a minha frente

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Eu já não consigo mais enxergar o caminho a minha frente...

O frio da noite me castiga de uma forma cruel e os meus pés descalços já não conseguem mais sustentar o peso do meu corpo fatigado, que vaga sem sentido pelas ruas esquisitas da cidade em que fui jogada para ter minha vida levada sem maiores explicações.

Meus pés formigam e meus tornozelos queimam a cada toque do meu calcanhar no chão encrespado.

Diminuindo o ritmo das passadas, sinto a extensão dos pés até os joelhos enfraquecerem, me desequilibrando no mesmo segundo que a dor aguda se concentra no único lugar que tem a função de me manter em pé.

Resmungo interiormente quando o desiquilíbrio quase me faz cair, mas, por sorte, consigo estender o braço e apoiar a mão em uma das árvores frondosas, que fica bem em frente a uma casa com uma mureta baixa.  Por ter um muro pequeno, da para ver o espaço com uma jardinagem, e, um banco cumprido cercado por flores, deixando-o diferente e característico.

Respiro fundo e acabo tossindo em seguida, sentindo a garganta seca implorar por alguns goles de água.

Minha mente já não está mais atenta e disposta a cooperar com a minha situação, e misturado com as dores físicas, está ficando impossível continuar andando sem rumo, para achar algo que não faço a mínima ideia do que seja.

Quando corri daquela intensidade animalesca, que se propôs a ter um pingo de bondade, só conseguia seguir os meus instintos de desaparecer dali e sumir de suas vistas, não me importando, em um primeiro momento, com o que a sua presença e palavras fizeram lá, no fundo da minha alma.

Correndo, pensei desorientada que o melhor lugar para me esconder, enquanto esperasse seu carro passar pela rua, seria na lanchonete onde tudo começou a desandar.

Eu sei... Ideia péssima, mas que na hora parecia a mais inteligente. Afinal, seria impossível correr sem destino, sabendo que no meio do caminho ele toparia comigo e se me visse, poderia voltar atrás com sua decisão e me matar ali mesmo na calçada da rua deserta.

Por isso, em meio à confusão das ideias, e do senso, empurrei a porta e ela emperrou menos da metade. Do jeito que eu estava não conseguia pensar claramente no porquê da dificuldade de abrir, e meus olhos aturdidos por tudo que estava acontecendo, não focaram no detalhe nada imperceptível.

Mesmo escutando um barulho de coisa quebrando, forcei ao máximo e passei.

Na mesma hora que pisei no chão da lanchonete, fez-se um barulho igual ao do que fazemos quando pisamos em uma poça de lama.

A superfície plana estava extremamente escorregadia e foi isso que me despertou, tensionando meu corpo no mesmo instante. A realidade do que havia acontecido ali começou a cair sobre mim, e foi nesse momento que o cheiro de ferro entrou quando inalei profundamente, não querendo acreditar no que estava acontecendo.

A VINGANÇA DO CAPO - PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora