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Laura

A uns vinte minutos eu estava imóvel tentando entender o que eu tinha acabado de escutar, até mais cedo não tinha noção de quem seria o pai dos meus filhos e agora eu estava de frente com o possível pai deles, e sabe o pior disso? Eu não estava feliz por isso, não foi assim que eu imaginei quando encontrasse.

Eu não sabia se eu sentia nojo de mim por ter ficado com ele ou se sentia nojo dele por não querer ter contato com os filhos. Depender de mim nem precisava fazer exame de DNA, eu faço questão de seguir a minha vida com os meus filhos e conviver com a dúvida até o fim de que saber que ele é pai e não quis assumir os filhos.

Os dois tem parcela de culpa, eu podia muito bem ter abortado e fingir que nada aconteceu, mas não, assumir o meu erro e sou grata a Deus por ter me dado os meus filhos, hoje não consigo mais me imaginar sem eles. O nojo que tu tô sentindo dele não tá escrito, tudo que eu quero é distância.

Laura: Se ele não quis ter contato com as crianças não precisa fazer exame nenhum, deixa as coisas como tá. Eu não entro no caminho dele e nem ele no meu e dos meus filhos.

Silvânia: Ele vai sim, Laura. Eu sei como é criar filho sozinha e não é nada fácil, ainda mais você que é novinha. Vai fazer o exame sim pra esfregar na cara desse vagabundo que ele é o pai, e vai fazer tudo bonitinho, vai te ajudar a cuidar deles, vai ser só pai na certidão não, vai fazer todas as obrigações.

Eu não falei mais nada, minha cabeça tava quase explodindo aqui, eu só queria ir embora. Iago tava do meu lado, não falou nada, mas dava pra perceber que ele tava bolado pra caralho. Como dois irmãos pode ser tão diferente de caráter não é?! Parece até palhaçada.

Chamei o Iago pra ir embora, me despedir da tia Silvânia, ela queria ficar com as crianças hoje, falei que outro dia e agradeci por ter ficado hoje, peguei meus filhos e sai, não aguentava mais ficar dentro daquela casa, coloquei as crianças na cadeirinha e guiamos.

Iago parou o carro, ele me ajudou a levar as crianças pra dentro, me despedir dele e guiou, nem conversamos direito e eu nem tava com cabeça pra isso, tomei banho, fiz o leite das minhas crias, enquanto esfriava passei um paninho molhado neles pra tirar a sujeira, troquei a roupa e a frauda, dei de mamar e dormiram logo.

Mandei mensagem pro Iago perguntando se ele tinha chegado bem, respondeu que sim e um "fica bem, te amo" fiquei toda boba né, não sei se o Iago é de mais pra mim ou se eu vou me decepcionar com ele algum dia, mas independente de qualquer coisa eu tô vivendo o momento. Por fim respondi um "tbm te amo e obrigada por tudo".

Lena: Laura. - disse abrindo a porta. - Sua mãe me ligou mais cedo pra mim falando que seu pai tinha sofrido um acidente e tava internado..

Laura: Oi vó, é.. eu tinha vindo aqui mais cedo pra senhora ficar com as crianças pra mim ir no hospital, a senhora não tava, deixei com a mãe do Iago e fui levar umas coisas que minha mãe pediu.

Lena: Ela me falou, eu tinha ido no mercado comprar umas coisas... Tá sentindo alguma coisa filha? Cara de abatida - sentou na ponta da cama.

Não aguentei e comecei a chorar, a reação da vó Lena foi me abraçar, depois que me acalmei contei tudo o que aconteceu a ela, gosto muito de conversar com a Lena, ela sempre me aconselha, por incrível que pareça ela me conhece melhor do que a minha mãe.

Lena: Filha, não tiro sua razão de não querer contato com esse homem, no seu lugar eu também faria o mesmo, igual fiz com a mãe da Ana Clara, mas esse não é o momento, você passou sua gravidez toda trabalhando, agora tá trabalhando pra as coisas dos seus filhos, quase não tempo pra eles, pensa,  deixa ele dar as coisas para a Lorena e o Gabriel, deixa ele colocar o nome na certidão, se ele quiser ter contato, deixa! É melhor você ter a sua consciência limpa sabendo que você fez o possível pra ele ter contato agora do que lá na frente ele querer e as próprias crianças não se aproximar.

Laura: É melhor... - tentei me convencer. Me conheço muito bem, eu não vou fazer o mínimo de esforço pra tentar fazer ele presente na vida da Lorena e do Gabriel.

Lena: E vamos resolver seu caso com seu pai também, quando ele sair do hospital e se recuperar você vai lá conversar com ele, se ele quiser conversar bom, se não quiser foda-se, tenha sua mente tranquila sabendo que você procurou ele pra conversar. Agora vá dormir que amanhã é outro dia.

Laura:  Vou pensar nesse caso aí. - falei e ela respondeu um "tchu" seguido de uma olhada, saiu do quarto e fechou a porta.

Só queria saber porque disso tudo tá acontecendo comigo, quando penso que vou ter um pouco de paz acontece alguma coisa, Deus que me livre, outra pessoa no meu lugar já tinha entrado em depressão, mas graças a Ele tô aqui firme e forte.

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