• MARATONA 02/06 •
E o dia que tanto orei para não chegar, chegou. Hoje vou na delegacia prestar meu depoimento sobre o caso do Ítalo, não sei se vou conseguir manter estabilidade na hora, não consegui dormir a noite inteirinha, madrugada toda virando pra um lado e pro outro.
Iago: Tu só responde o que te perguntarem, tendeu?! Não fala nada sobre a favela e nem sobre a facção pra não dá ruim pra nós.
Laura: Entendi. - Peguei meu celular antigo e coloquei na bolsa, vai que eles queira olhar.
Fiz uma oração antes de sair de casa, dei um beijo nos meus filhos e um selinho no Iago, fui de moto táxi até um ponto que o uber entra, Iago achou melhor eu chegar lá de uber do que de carro.
Fui o caminho todo pensando no que eu ia falar na hora, eu sabia que uma hora ou outra eu ia passar por isso, mas nunca imaginei que seria por causa daquela praga do inferno que só sabe atrasar a minha vida.
Cheguei na delegacia, me identifiquei na recepção, nem demorou nada e fui chamada pra depor, uma mulher me levou até uma sala onde tinha dois homens, ela mandou eu sentar numa cadeira e saiu da sala.
Um dos homens se apresentou como o delegado que está acompanhando o caso e o outro era o escrivão. Eu estava nervosa abessa, mas tentava o máximo transparecer a cama.
- Laura Mendonça? - perguntou olhando o ofício e eu confirmei. - A senhora foi intimada a depor por parte do inquérito que investiga uma quadrilha que montava esquemas de pirâmides e lavava dinheiro aqui no Rio de Janeiro e na região dos lagos. A mesma quadrilha desviou cerca de trezentos mil pra uma conta feita no nome dos menores Gabriel Mendonça e Lorena Mendonça. - O delegado virou a tela do computador para mim. - A senhora conhece alguns deles?
Meus olhos foi logo na praga do Ítalo, tenho ânsia de vômito só de olhar.
Laura: Sim. O TZ é pai dos meus filhos. - falei o vulgo que estava na abaixo da foto do outro lá.
- A senhora sabia que ele fazia parte dessa quadrilha? Quando foi a última vez que você o viu?
Laura: Não. Tem um ano e meio que não vejo ou tenho notícias dele.
- Nem com familiares? Ele mantinha contato frequente com as crianças? Vocês mantinha contato por telefone?
Laura: Não conheço nenhum familiar dele. Não, teve caso dele passar meses sem ver as crianças e quando via não passava mais de meia hora com elas, muitas vezes era coisa de minutos, tanto que o Gabriel e a Lorena não chama ele de pai. Nunca mantive contato por telefone com ele, se não me engano apenas conversamos duas vezes.
- E sobre o que foi essas ligações? A senhora sabia onde ele morava? Como vocês se conheceram? A senhora sabia que ele faz parte de uma facção criminosa?
Laura: Para contar que estava grávida e para falar do nascimento das crianças. Não. Nos conhecemos numa festa e estou sabendo agora do envolvimento dele.
- A senhora sabia da existência das contas no nome dos seus filhos? A senhora lembra da última vez que viu o TZ? Sabe me dizer a data exata?
Laura: Só soube quando recebi a intimação. A data exata não lembro, lembro que foi numa sexta feira que ele passou na minha casa viu as crianças e saiu, isso a um ano e meio.
- O que a senhora sabe sobre ele que pode nos ajudar nas investigações?
Laura: Infelizmente nada, não sei muito sobre ele.
- Ele nunca comentou nada com você?
Laura: Não, ele sempre foi fechado, conversava o básico sobre as crianças.
O delegado fez mais algumas perguntas, algumas ele repetiu e depois me liberou, saí da sala com o cu na mão, que meu depoimento tenha sido convincente pra eles não me incomodarem mais. Ódio que eu tô pelo ítalo não tá escrito, papo reto.
Chamei um Uber e fui até a entrada da favela, de lá fui de moto táxi até em casa, paguei e entrei, Iago tava na sala com as crianças, subi pro quarto e ele veio atrás, conversamos sobre o que aconteceu lá na delegacia, comecei a chorar, uma dor no coração, coisa inexplicável.
Tomei banho e deitei, Gabriel e Lorena veio deitar comigo, um grude que só. Eles me passa uma paz e uma alegria que não consigo explicar, só sentir, com eles do meu lado parece que todos os meus problemas desaparecessem.
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Destino Traçado
Fiksi RemajaNada acontece por acaso, em tudo Deus tem um propósito.