Nus

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— O que houve? — Enji perguntou enquanto Kei descansava sobre o seu peito.

— Nada. — Kei delineava as linhas dos músculos de Enji com as pontas dos dedos. — Eu apenas lembrei de uma coisa.

Enji fez um som com a garganta. Claramente incomodado.

— É estranho você ficar calado por tanto tempo.

— É, meu rei? — Kei ergueu os olhos para enxergar o homem. — Posso falar o tempo todo se você quiser.

Enji enrugou o nariz:

— Prefiro você calado.

— Você pode ocupar a minha boca. — Kei se inclinou para beijá-lo na curva do maxilar. Sabia que Enji gostava. — Ocupe minha boca, Sr. Todoroki. — Beijou-o nos lábios enquanto a mão descia para dentro dos lençóis.

Enji cedeu aos beijos molhados por um tempo, mas logo segurou o queixo de Kei e o empurrou de volta para o peito.

— Se aquiete, já fizemos três vezes hoje e está tarde.

— Amanhã é sábado. — Kei reclamou com a voz abafada pelos músculos. Apoiou o queixo em Enji, inflou as bochechas, contudo não demorou a desistir e deitou sobre o peito novamente.

Enji esticou a mão para os cabelos de Kei, gostava da textura entre seus dedos e do calor da respiração dele contra sua pele.

— Eu — começou — conversei com a minha filha sobre o divórcio.

— Que bom, meu rei. — o loiro disse sem se mexer. Não era bem a reação que Enji queria… digo, esperava dele. Sentia o coração de Kei bater na mesma sintonia de antes.

— Eu quero dar uma casa nova para minha esposa e meus filhos morarem juntos. — Ainda achava estranho falar ex-esposa afinal o processo de divórcio estava no início, apesar de que eles não eram mais casados de verdade há anos.

— Hmm. — Kei apenas concordou, nem parecia interessado no assunto.

— Você tá prestando atenção?

Kei não respondeu, estava em outro mundo.

— Kei. — Enji chamou.

O garoto continuou alheio às palavras de Enji.

— Keigo. — Enji disse firme e forte enquanto segurou o queixo de Kei para cima. As bochechas dele ficaram apertadas contra sua mão.

— O que foi, rei? — perguntou entre o volume de bochechas. Seus olhos dourados confusos.

— Você não ouviu o que eu falei.

Kei quis abrir a boca tentando negar, porém Enji apertou mais o seu queixo e suas bochechas.

— O que houve? — Enji perguntou. — Não minta.

Enji soltou o rosto de Kei que segurou seu pulso e beijou a palma da sua mão.

— Nada, meu rei. Eu apenas lembrei de uma coisa sem importância.

— Se não é importante por que você tá com essa cara?

— Que cara, meu rei? — Kei deitou sobre seu peito. — Essa é a minha cara normal.

Enji torceu levemente o nariz. Era óbvia a tristeza no olhar de Kei, talvez agora que convivessem mais ele conseguia notar. Por si só o silêncio do garoto era gritante. Enji mesmo nunca conversou com ninguém sobre as coisas que o incomodavam ou com seus filhos ou com a esposa. Nunca conversou com ninguém e ponto. Não sabia como começar.

O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora