Quase carícias

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Enji estava enterrado até a base no garoto, Kei arfava enquanto segurava os travesseiros e encarava o homem no qual tinha as pernas apoiadas nos ombros.

— Enji… — ele sussurrou com os olhos e nariz corados pelo esforço. A boca de Kei se movimentava lascivamente toda vez que repetia o nome. Enji, Enji, Enji.

O ver de frente sempre lhe causava arrepios pela espinha, Kei sabia que despertava coisas incompreensíveis nos outros. As mãos de Enji apertaram ainda mais as coxas do garoto e ele voltou a se mexer entrando e saindo.

Parecia quase cruel a forma com que Kei recebia Enji, esse praticamente não acreditava em como cabia naquele lugar rosado e apertado. Saiu e entrou de uma vez. As costas de Kei arquearam e suas pernas só não se debateram para longe porque Enji as mantinha firmes.

— Enji… — Kei chamava entre seus suspiros enquanto seus dedos apertavam as costas do homem.

Estavam muito próximos, a flexibilidade de ser jovem era incrível, Enji podia sentir a respiração quente do outro no rosto. Então Kei decidiu que não queria mais as pernas nos ombros do homem, tirou uma e Enji a segurou abrindo mais e com a nova abertura se enfiou bem mais. Kei grunhiu e lágrimas vieram aos seus olhos, mas fez o mesmo com a outra perna para que Enji repetisse.

— Você é cruel, meu rei. — Kei sorriu com as lágrimas ainda no canto dos olhos.

Enji o tinha aberto pelos calcanhares, os ergueu testando os limites da flexibilidade do garoto. As costas de Kei começaram a se curvar para servir de apoio enquanto as pernas e a bunda se erguiam na medida que Enji empurrava as pernas.

— Eu não quebro… — Kei disse, isso era o que Enji veria.

Empurrou as pernas dele de uma vez, os quadris levantaram, se não fosse por Enji estar dentro dele naquele momento a bunda de Kei estaria apontada para o teto. Os pés do garoto atingiram a cama, Kei gargalhou seja lá por qual loucura passou pela sua cabeça naquela posição, suas mãos de repente apertaram as nádegas de Enji e o trouxeram mais para dentro. O som da pele contra a pele foi tão alto que assustou o homem mais velho.

— Você é bem rude, não? — As mãos de Kei subiram pelos quadris e finalmente pelas costas de Enji que se aproximou do rosto sedento do garoto.

Nesse micro instante seus olhos se cruzaram e como uma corda invisível os amarrou e aproximou mais, Kei nunca desviava o olhar, poços de ouro dragando Enji para o vórtice negro, narizes tão próximos que sentiam a respiração quente um do outro, Enji viu a língua vermelha na boca entreaberta do garoto e despertou a tempo de ver o que estava prestes a fazer. Soltou os calcanhares do garoto e afastou o rosto do dele, Kei apenas umedeceu os lábios sem dizer nada, ele nunca dizia nada.

Mas Enji sabia que o garoto estava o cercando pronto para agarrar a primeira oportunidade que aparecesse, por isso o homem tinha que ser muito cauteloso. Se começassem a se beijar… não, nunca começariam. Enji o virou de costas, era mais fácil assim, não precisavam se encarar. Mordeu a nuca do garoto.

Quando terminaram, Kei sentou na cama esticando as costas e braços como se fosse um passarinho acordando de manhã, mas já passava da meia-noite. Enji ainda descansava com o peito subindo e descendo depois do orgasmo, Kei levantou e o homem mais velho viu o próprio esperma escorrer entre as coxas do garoto loiro.

— Epa. — Kei falou ao tropeçar numa peça de roupa no chão.

Enji chegou num afã que várias roupas foram jogadas por aí e não usou proteção. Apertou as têmporas e procurou a cueca. Quando estava quase pronto, se virou e viu Kei completamente nu encostado no batente da porta do banheiro e o observando.

— O que foi? — Enji perguntou.

— Nada. — As coxas dele já estavam limpas.

— Abra a porta. — disse.

— Espera um pouco. — pediu.

Antes que Enji dissesse que não ficaria para essas coisas e sentimentos que Kei queria dele e ele não daria, Kei interrompeu:

— Vou sair também. A gente divide a conta do carro.

— Você vai sair?

— Sim. — Kei assobiou e entrou no banheiro. — Acabei de decidir. Vou encontrar um cliente.

— Nessa hora? — A madrugada começava.

Kei riu do banheiro e disse contente e convencido:

— Aaah, ele vai querer me ver a qualquer hora.

Desceram o elevador juntos, Kei acendeu um cigarro enquanto digitava uma mensagem no telefone. Enji achou que o garoto fosse uma espécie de michê. Não demorou muito para o celular do loiro apitar de volta.

— Você tem que tomar cuidado com a sua saúde. — Enji afirmou. — Para o bem de nós dois. — Completou.

— Não se preocupe, tiozão. Eu sou suuupeeerrr saudável. — Queimou metade do cigarro nessa tragada e expirou a fumaça para o teto, o longo pescoço branco fazendo uma linda curva. Kei o olhou e sorriu. Enji teve certeza de que o garoto morreria cedo. — Quer? — ofereceu.

— Não fumo.

— Nem eu. — Kei respondeu. O que ele quis dizer com isso?

Assim que desceram do elevador, Kei jogou fora o cigarro e pegou um chiclete para mascar. Chamaram um carro, Kei faria a sua parada primeiro, Enji não se surpreendeu quando chegaram a um restaurante no subúrbio da cidade, mas com quem esperava o garoto na porta, era um dos seus conhecidos nos negócios.

— Tchau, grandão. — Kei deu um tapinha na coxa de Enji e saiu do carro deixando sua parte do valor no banco.

O homem recebeu o outro com um sorriso no frio, era um desses que ainda não tinham família e herdeiros de algo, talvez uns anos mais velho que Kei, mas não tanto quanto Enji. Porém, o que o surpreendeu foi como Kei abraçou o rapaz e esse lhe abraçou de volta como velhos amigos, então o pegou pelas bochechas e o beijou na boca. Kei o beijou de volta sem qualquer pudor com os braços envolvendo-o. Não havia ninguém na rua. Finalmente os dois se desgrudaram, Kei passou o braço pelo ombro do outro e caminharam juntos para o restaurante. Não olhou para trás nenhuma vez.

O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora