Chaves

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Natsuo se encolhia dentro da sua jaqueta no frio como o incenso queimado enquanto disputava lugar no pátio do templo com outras milhares de pessoas, algumas vestidas com yukatas e kimonos. O capacete que carregava no braço batia de vez em quando em alguém e Natsuo se desculpava segurando bem a chave da moto para ela não cair.

Natsuo já havia se purificado e feito seus pedidos, agora esperava caramelizarem sua mikan enquanto tentava não congelar no frio. Natsuo respirou nas mãos frias aquecendo-as e quando ergueu o rosto viu um ponto vermelho alto se destacando na multidão. O rapaz demorou segundos para processar quem era. Endeavor!

O motoboy ficou desconfiado, o que ele fazia ali? Há anos que não visitava o templo, Natsuo nem lembrava de algum hatsumode com o pai. Sempre eram ele, os irmãos e a mãe. Enji Todoroki estava de perfil há muitos metros distante entre tantas pessoas, Natsuo viu o homem perscrutar ao redor sentindo-se observado, porém não conseguiu enxergar o filho do meio pois Natsuo estava em uma posição vantajosa em relação ao cretino.

O que ele fazia ali? Veio com Fuyumi? Ela não disse nada sobre. Não iria passar em casa?

Natsuo estava pronto para deixar o templo e não voltar mais quando percebeu que Enji não estava sozinho, conversava com alguém que a multidão impedia Natsuo de ver. Com certeza não era a irmã, ela era alta e ao menos o topo da sua cabeça branca rajada de vermelho seria visível. Ele conversava com outro alguém de um modo que Natsuo jamais viu antes… o rosto continuava contraído numa carranca então os traços suavizaram de repente deixando humanidade passar ao erguer na altura do rosto um omori.

Natsuo perplexo se pôs na ponta dos pés e nesse momento seu capacete trombou com um grupo de adolescentes que derrubaram sua chave no chão entre o turbilhão de pés. A chave era chutada de um lado para outro e levou alguns segundos até recuperá-la. Ao se levantar viu que o homem ruivo se deslocava na multidão se afastando mais e mais do seu alcance. Natsuo empurrava as pessoas com desculpas apressadas, deixou a fruta caramelizada totalmente para trás, mas mesmo assim não conseguiu chegar perto o suficiente. Os visitantes lhe empurravam de volta e antes que pudesse fazer algo perdeu o homem de vista.

Não havia dúvidas que era Endeavor. Natsuo o reconheceria em qualquer lugar do mundo. Há anos aprendeu a odiar cada detalhe do rosto do homem, detalhes esses que via no próprio quando se olhava no espelho.

Natsuo procurou por ele por todo o templo, depois de meia hora convenceu-se de que ele partiu. Voltou para a barraquinha para pegar a mikan caramelizada no palito, pois pagou por ela, com a confirmação de que havia sim algo ali. Por que dariam um amuleto para o seu pai?

Capítulo curtinho! Estamos entrando em novas águas. O que acontecerá?
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Bjinhus!

O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora