Criação de frango e outras sugestões

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— AAAAAAAAAAAAAAAAA! — Kei gritou desabado sobre o painel do carro. — MINHA VIDA ACABOU! NÃO SÓ A PROFISSIONAL COMO A ROMÂNTICA TAMBÉM!

Ele virou o rosto para Tsunagu sobre os braços:

— Desculpe por fazer você ver isso.

— Está tudo bem. — Tsunagu respondeu.

— Cacete — Kei voltou a enfiar o rosto no painel — , Fujiwara tava certo. Eu vou ter que voltar me arrastando de quatro para ele… Cretino do caralho!

— Do que está falando? — o homem elegante ficou confuso. — E a Comissão?

— Eu não renovei o contrato com a Comissão antes de toda essa história estourar. — Kei apoiou o rosto no painel amassando a bochecha fazendo ficar rechonchuda. — Duvido que vão renovar comigo qualquer coisa agora e ninguém vai me contratar pra nada por causa do meu passado. Tô sem nenhum centavo.

— Você gastou todo o seu dinheiro? — Sabia que Kei gostava de festas e bebidas, mas não tanto.

— Eu não gastei. — Kei apertou os lábios. — Eu não posso tirar meu dinheiro do banco.

— Por que não?

— Com certeza vão abrir um monte de inquéritos para investigar a Comissão, apesar de eu não ter feito nada de errado, seria muito suspeito eu tirar todo o meu dinheiro do nada. — Suspirou. — Essas investigações vão durar muito tempo e até lá eu morri de fome.

— Mas você pode tirar uma pequena quantidade.

— Não posso. — Kei respirou e falou: — Não tenho autonomia financeira.

— Perdão, não entendi.

— É a Comissão que controla minhas contas, não posso fazer nada sem o aval deles. Eu recebo meu salário e benefícios completos, mas não posso sacar tudo ou fazer transferências. Na verdade, eu não toco nem em um terço do que eu recebo.

— O que?

— As contas dos meus cartões de crédito vão direto para a Comissão, meu apartamento e a casa da minha mãe estão no meu nome, mas não posso realizar nenhum tipo de negócio com eles sem autorização, quando eu saco dinheiro em espécie que posso tocar, eles sabem o dia, a hora e me perguntam o porquê e pelo contrato sou obrigado a responder.

Tsunagu ficou ultrajado, seu contrato não era assim e nem o de ninguém que conhecia.

— Essa prática é abusiva.

Kei desenhava com o indicador no painel:

— É uma forma deles sempre ficarem de olho em mim.

— O seu contrato acabou.

— Mas não as consequências dele. É bem complicado, um nó jurídico. Minha autonomia financeira seria restaurada apenas depois de uns meses e em uma situação normal serviria pra me pressionar a ficar na Comissão, mas com essas investigações tudo vai ser bloqueado até sabe-se-lá quando e a Comissão não vai mover um dedo para me ajudar pois se eu disser qualquer coisa minimamente suspeita, eles desaparecem com tudo e dizem que foi um “investimento” que não deu certo.

— Eles podem fazer isso?

— São poucas coisas que a Comissão não pode fazer. — Kei ainda desenhava formas abstratas com o indicador no painel.

Tsunagu atônito se perguntou em que tipo de empresa sombria trabalhava.

— Eu vou ter que mudar para o interior e criar meus próprios frangos. — Deixou o dedo deslizar e sair do painel, os braços penderam do lado do corpo. — Como é que cria frangos? — perguntou desolado. — Onde é que compra eles?

Keigo tirou o rosto do painel puxou o celular do bolso e começou a digitar na busca.

— Ah, esquece. — Parou, bloqueou a tela e voltou a grudar o rosto no painel do carro. — Eu não tenho dinheiro para comprar eles mesmo.

Kei respirou fundo.

— Vou acabar afinando o pau de Fujiwara de tanto que vou ter que sentar nele. Pelo menos o pau é grande… AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! Cretino! Tenho certeza que ele tá envolvido nisso!

Enquanto Kei sofria pelo seu futuro, Tsunagu repensava toda a sua própria vida e seus passos. Kei resmungava e choramingava quando Tsunagu falou:

— Eu não vou renovar o contrato com a Comissão.

— Hã? — Kei o olhou abismado.

— Não devo renovar.

Kei ergueu uma mão tentando apaziguá-lo e colocar um pouco de juízo na cabeça dele:

— Você não precisa sentar no pau de Fujiwara comigo só porque é meu amigo. Eu agradeço o apoio, mas…

— Não, Kei. — Tsunagu acenou educadamente. — Não manterei relações sexuais com Fujiwara.

— Não? — Ficou aliviado.

— Não.

— Então…?

— Eu seguirei o meu sonho e aconselho você a fazer o mesmo. — afirmou decidido.

— Sonho? — Kei não sabia que Tsunagu tinha um sonho. O sonho que Kei pensava para si no momento era se encher de frango frito, saquê e chorar até desidratar. O último já estava conseguindo.

— Venha, vou lhe mostrar. — Tsunagu colocou o cinto e deu partida no carro.

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Um pouco de bom humor depois de tanta tristeza. O que acharam do capítulo? Deixem seus comentários, críticas, teorias e elogios!
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Bjinhus!

O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora