Passarinho cantante

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— Você está bebendo muito. — Enji tirou a garrafa de vinho de perto de Kei.

— Ei! — ele reclamou tentando alcançar a garrafa ainda apoiado no balcão.

Enji esticou a mão para pegar a taça também, mas dessa vez Kei foi mais rápido e a tirou do seu alcance.

— Tomar vinho de noite faz bem. — Ele bebeu um pouco do líquido escuro.

— Uma pequena taça. — Enji rebateu e enroscou a rolha de volta. — Essa é a terceira e quase do tamanho da sua cabeça. Onde arranjou uma taça? Nesse apartamento só tem dois copos de requeijão.

— Comprei.

— Saiu de casa? — Abriu a geladeira para guardar o vinho.

— Online.

— O que é isso?! — Enji apontou para a geladeira repleta prateleiras repletas de energéticos de café gelado e bebidas.

— Comprei online também.

— Moleque.

— Você nem imagina o que dá para comprar online, meu rei. — Kei bebericou o vinho.

Pegou as garrafas, elas tilintaram umas contra as outras. Enji pôs todas na bancada e começou a ler os rótulos. Havia vodka, tequila, rum, vinho branco, vinho tinto e vinho seco.

— Você sabe que vinho seco é baixo em açúcar? — Enji separou esse do restante das bebidas.

— É? Eu achei que era seco porque era feito de uva passa, sei lá.

— Você bebe tanto e não sabe o que é um vinho seco?

— Eu aprecio com a boca e não com o cérebro. — Fez uma pausa. — Na minha cabeça, essa frase foi muito inteligente. — Kei riu.

— O vinho só é seco quando tem gramas de glicose por litro.

— Como é que eu vou pesar vinho para saber disso?! — Kei olhou para a taça espantado.

— Vem escrito na embalagem.

— Oh! — chocado. — Muito perspicaz, meu rei. Você entende muito de vinho para quem não bebe. — Kei ofereceu um brinde.

Enji conseguiu tomar a taça dele.

— Ah, qual é? — ficou decepcionado. — O que eu vou fazer agora? — Jogou a cabeça para trás.

— Ficar calado. — Enji se virou para a pia.

— Meu rei é sempre tão cruel. Não vai beber nenhum pouco também?

Despejava o conteúdo da taça ralo abaixo:

— Não caio nesses seus truques, você só quer me embebedar para… moleque!

Kei conseguiu se esgueirar para a bancada e embaixo do nariz de Enji roubar uma latinha de saquê. O riso de Kei foi tão audível quanto o chiado do gás que saiu ao abrir a lata. O homem mais velho respirou fundo e avançou sobre o loiro para pegar a bebida.

— Não! — Kei ria e tentava beber ao mesmo tempo que tirar a latinha do alcance de Enji. Mas era impossível, o homem mais velho era maior e mais forte. Tudo o que restou a Kei foi encolher sobre si mesmo. — Não, meu rei! Tenha piedade! — Não conseguia parar de rir.

Pôs a mão na latinha finalmente, porém Kei se virou junto puxando-a para baixo pelos punhos de Enji. Ele praticamente se pendurava no mais velho, em uma situação normal, Enji não seria levado ao chão, pois Kei para ele era considerado leve e fraco, contudo por estar inclinado perdeu o equilíbrio e caiu com o garoto. Os dois segurando a latinha e Enji usando a mão livre para o peso não ficar todo em cima do loiro.

O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora