Escritório

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— Uau, para que essa sala tão grande, meu rei? — Kei entrou no escritório depois de ser anunciado pela assistente.

— O que você tá fazendo aqui? — Enji organizava o monte de papéis na longa mesa.

— Vim trazer um presentinho. — Kei sorriu sacudindo uma pasta do logo da Comissão. — Você vai adorar as perspectivas de futuro.

O loiro andou por todo o caminho realmente impressionado com os metros quadrados da sala que sem dúvidas era duas vezes maior que seu apartamento e no final daquele dela tudo que havia era a mesa de CEO de Enji e atrás um quadro enorme que ia do chão ao teto com o símbolo da empresa. O escritório todo gritava “você não é nada aqui” em um clima opressor. Até os móveis pareciam tratar com desprezo quem vinha quase tinham a cara irritada de Enji esculpida neles. As janelas panorâmicas ocupavam todo o lado direito da sala mostrando que não havia como fugir do enorme sentado no fundo. Endeavor sem dúvidas era a atração principal.

— A Comissão poderia mandar outro garoto de recados. — Enji não tirou os olhos dos próprios papéis.

— Ah, ela mandou, mas eu vim porque quis lhe visitar, meu rei. — O rapaz enfiou as mãos nos bolsos, seus olhos dardejaram para as longas vidraças.

— Você me vê todos os dias.

— É diferente vê-lo no trabalho. Que vista! — Kei andou calmamente para as janelas e observou toda a cidade abaixo. O sol tocava a linha do horizonte mergulhando tudo em laranja e vermelho.

O garoto fechou os olhos deixando-se ser banhado pelos últimos raios de sol do dia. A auréola dourada coroava sua silhueta esbelta. Então por baixo das pálpebras viu que tudo se tornou escuro.

— Oh. — Kei abriu os olhos âmbar e tudo o que encontrou na sua frente foi uma superfície completamente escura. — High-tech.

Enji tinha o controle na mão das janelas na mão, deixou de lado e disse para Kei:

— Venha me mostrar as prospectivas. — Enji já abria a pasta para analisar as tabelas.

Kei passou os dedos sobre o vidro da janela:

— Não preciso, está tudo bem explicado.

— Por que veio então? — Enji perguntou estudando os números e porcentagens.

O loiro se virou para ele:

— Queria ver a sua sala. É igual ao que eu imaginei: grande e opressora.

Enji nem lhe deu atenção:

— Se você só vai ficar para falar bobagens é melhor ir embora.

Kei riu e sentou-se numa das cadeiras desconfortáveis na frente da mesa de Enji. A cadeira maior que o comum praticamente sugava seu corpo para dentro do estofado de couro e os braços dela eram curtos demais. Uma prisão. Enquanto a cadeira de Enji parecia um trono com seu encosto alto e largo.

Kei observou a madeira da mesa de perto, usaram a técnica shou sugi ban nela (cabornização superficial), era cipreste? Apoiou uma perna no braço da sua cadeira para se ajustar ao ambiente. Gostou da escolha. Tudo na Comissão era aço e plástico reforçado frio.

— Aposto que as pessoas de fora não conseguem ver pelas suas janelas o que acontece aqui dentro.

— Controle-se.

O garoto suspirou e

— Os números são bons — Kei começou, apoiou o braço sobre o joelho dobrado —, nosso pequeno projeto gerará grandes lucros.

— Não se anime. A Comissão não tirará nada de mim se não me der o dobro do que foi prometido.

— No primeiro ano, ainda não. Mas nos seguintes com certeza. Logo poderemos avançar muito nesse e partir para outros projetos…

O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora