Disputa entre tigres

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— Pensou na proposta do nosso grupo, Endeavor-san? — Fujiwara confiante entrou no seu escritório com a mão estendida para um aperto.

Enji olhou para a mão e a desprezou continuando de braços cruzados sobre o peito na sua cadeira.

— Fiz algo? — Fujiwara não se abalou e sentou na cadeira de visitas com um dos tornozelos apoiado no joelho.

Enji se controlou para não responder: "Roubou meu homem, trancou ele em alguma mansão como se fosse um prêmio e está o escondendo de mim."

Fujiwara usava um terno cinza prateado de corte caro, abotoaduras de quartzo preto para combinar com a gravata e blusa branca. Seus cabelos estavam penteados para trás com gel e em cada lado da cabeça havia uma trilha branca nos cabelos escuros como grafite, apesar de ser mais novo que Enji. Ele tinha um queixo e maxilar forte e a porcaria do risinho no rosto dele destacava a covinha que tinha na bochecha esquerda. Era bem o tipo de Kei, velho e rico. Enji só o odiou mais.

As mãos de Fujiwara descansaram nos braços da cadeira, o relógio prata que ele usava surgiu de relance. Caro e imponente no pulso largo. Só de imaginar aqueles braços ao redor do seu Passarinho lhe dava nojo.

Se Fujiwara fosse um simples promotor da empresa tentaria continuar com o assunto da proposta, no entanto, ele era o mais alto cargo e herdeiro de tudo. Por isso esperava Enji iniciar a conversa sem qualquer nervosismo.

— Onde está Kei. — Enji exigiu.

Esclarecimento passou pelo rosto do homem:

— Então era você.

— Sim. — confirmou. — Onde está Kei. — exigiu novamente.

— Eu sabia que era alguém fixo. Não imaginei que seria você. — Fujiwara admitiu. — Bem que desconfiei alguém tão rico casar tão cedo.

— Onde está Kei.

— Muito bem. — Fujiwara disse presunçoso.

— Muito bem? — Enji desprezou. — Ele não tem pra onde ir.

— Tem sim. — Fujiwara acenou. — A minha cama.

— Não porque ele quer. — rebateu irritado.

— Ele vai fazer o que? Voltar para a sua? Por que ele não voltou antes então? — Fujiwara tirou um cigarro de dentro do terno e o acendeu sem pedir permissão. — Posso dar as mesmas coisas, só que melhor.

— Não pode.

— Vai assumir ele? — Fujiwara debochou enquanto uma fina coluna de fumaça subia de seus lábios. — Levar ele pra conhecer a família e depois pra um país estrangeiro para se casarem? Vocês homos são uns emocionados mesmo.

— Você também.

— Não vou negar que comi outros garotos depois de Kei, mas não foi igual. — Fujiwara tirou o cigarro dos lábios. — Aquela coisa que ele faz com os quadris é muito boa, não é?

Enji socaria Fujiwara na boca para arrancar todos os dentes.

— Seu boçal de merda. — praticamente grunhiu. — Sempre foi um merdinha mimado por aquele bosta do teu pai.

— Você sempre se achou, Endeavor-san, até quando sua família perdia prestígio e depois passando anos em segundo para Yagi.

— Ponha-se no seu lugar, seu filho da puta.

— Ah, pode apostar que eu vou me pôr em um lugar mais tarde. — Fujiwara levou a mão à calça. — Kei adora. É o tipo de homo que ele é.

Todas as veias na testa de Enji se destacaram de uma vez. Ficou de pé e apoiando as mãos espalmadas na mesa:

— Se pensa que...

— Você já se divertiu bastante. — Fujiwara levantou da cadeira. — Tá na hora de passar a vez. É o justo.

— Kei não é um brinquedo.

— Pelo visto não faremos negócio. — Deu seu último trago no cigarro ainda nem pela metade.

Fujiwara ajeitou o paletó e apagou o cigarro no tampão da mesa de Enji. A brasa queimou a madeira deixando uma mancha. Deu as costas e sorriu antes de abrir a porta:

— Quando eu me cansar dele, devolvo.

O monitor do computador se partiu contra a porta assim que ela foi fechada. Por pouco não acertou aquele babaquinha de merda que saiu do escritório um segundo antes. Enji também jogou o telefone fixo para longe na sua fúria.

Nem fodendo que aquele playboy de quarenta anos faria o que bem entendesse com Kei.


Gente, eu sei que o combinado foi postar capítulos todos os dias até a fic completar, porém não está dando. Passo os três horários ocupada(o) e só escrevo quando posso. Agradeço a compreensão. Além do que, não falta muito para a fic acabar (mas vai ter uns extras depois ;)).

O que acharam do capítulo? Deixem seus comentários, críticas, teorias e elogios. Leio tudo.

Obrigado por lerem!

Até logo!

O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora