Respostas

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Kei ainda se comportava como um moleque mimado cheio de birra, mas a velocidade com que o seu temperamento amaciava propositalmente era inacreditável. Ainda passavam longos momentos calados com Kei deitado com a cara enterrada no seu peito e humor sombrio, quando Enji tentava tirá-lo de si porque tinha que fazer outra coisa, Kei simplesmente se apertava mais esfregando o rosto na sua blusa com um abafado, contudo determinado “não”. Como ele respirava entre os músculos?

— Kei, tenho que trabalhar. — Enji dizia tentando se libertar do garoto na cama.

— Não. — Kei pressionava mais o rosto e abraçava o homem com mais força.

Muitas vezes se viu obrigado a andar pelo apartamento com Kei grudado em si feito um macaquinho.

— Tenho que trocar de roupa.

— Não.

— Você dormiu agarrado em mim, preciso ir para casa, trocar de roupa e trabalhar.

— Não. — Kei se enfiou mais no seu peito. O garoto murmurou mais alguma coisa.

— Fale direito. — Enji começava a se irritar.

Kei tirou o rosto de seus músculos e disse tristonho com olhos grandes:

— Se eu te soltar você não volta.

— Eu vou voltar. — garantiu direto.

— Vai mesmo? — Kei parecia preste a se debulhar em lágrimas.

— Vou.

Kei abriu um largo sorriso iluminando tanto o ambiente que quase cegou o homem e então pulou no seu pescoço abraçando-o.

— Muito bem. — Enji disse. — Me solte agora.

Kei se afastou sem sair do colo.

— Você não tá esquecendo algo? — o garoto perguntou com o indicador sobre o lábio.

Enji pegou o queixo de Kei, erguendo para si deu um leve beijo em sua boca e se afastou fazendo o loiro abrir os olhos devagar como se ainda sentisse o eco do beijo suave.

— Mais. — Kei pediu.

— Se comporte até eu voltar e aí terá mais. — Enji impôs.

Kei deu um sorriso gatuno:

— Você tá dizendo pra eu ser um bom menino, papai?

Enji expirou irritado:

— Pare de me chamar assim.

— Claro, claro, meu rei. — Kei ergueu as mãos em rendição e continuou fitando Enji por tempo indeterminado.

O homem ficou com as orelhas vermelhas, o garoto parecia hipnotizado e seu olhar rico lhe deixava desconfortável.

— Ah, sim! — Kei despertou e saiu do colo de Enji.

Enji se levantou, pegou a carteira, deu uma última olhada no garoto e saiu do apartamento.

Ao retornar para casa e no caminho para o trabalho tudo o que sentia era alívio, Kei o aceitou de volta. Passou a quinta-feira toda lá e boa parte da sexta-feira pois o outro não lhe deixava ir embora e quando tentava o humor de Kei piorava e muito.

Não gostou do estado em que o encontrou largado e jogado no mundo sem qualquer senso de autoproteção, no entanto soube que essas penas também faziam parte do seu passarinho.

Enji voltou para casa para tomar banho e foi trabalhar pensando em Kei, então quando retornou ao apartamento de Kei se surpreendeu porque a porta estava aberta e ainda mais porque viu que Kei ainda estava largado sombrio no sofá. Ele vivia variando entre o mau humor e a fascinação por Enji estar de volta.

Kei esticou as mãos para ele, o anel ainda estava no indicador, Enji se inclinou e o loiro voltou a grudar nele. Passaram a noite toda assim e o final de semana também.

Mas, apesar desse grude todo por parte do garoto, eles não transaram nenhuma vez, nem sequer tiveram algum contato físico do tipo. Kei apenas se grudava ao homem como se pudesse recuperar seu coração quebrado por osmose. Estavam deitados na cama no meio da noite quando Enji falou de repente quebrando o silêncio confortável:

— O que você quer de mim?

Não houve resposta, Enji olhou para baixo e percebeu que Kei dormia sobre seu peito há algum tempo. Enji acariciou o cabelo de Kei e decidiu que dormiria também.

— Tudo, meu rei. — o loiro respondeu num sussurro observando Enji enquanto esse já dormia. E Kei teria tudo.

Surpresos? Mais de um capítulo no dia.
Não se preocupem, o hot tá chegando, gente.
Obrigada por lerem!
Bjinhus!

O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora