Enji saiu do quarto enxugando os cabelos com uma toalha branca, então reparou na enorme caixa retangular encostada no corredor de entrada:
- O que é isso? - perguntou beirando o mau humor. Enji tinha visto a caixa quando chegou noite anterior, mas naquele momento suas prioridades eram outras como, por exemplo, enrabar Kei.
- É uma esteira, pedi pela internet. - Kei jogava videogame sentado no tapete da sala.
- Por quê? Você gosta de correr ao ar livre.
- É sempre bom variar, meu rei.
Enji não ficou convencido. Onde aquela esteira ficaria? O apartamento não era grande.
- Por que não montou ainda?
- Estou esperando a inspiração me alcançar. - Kei apertava os botões do controle com rapidez precisa. - Chupa essa, GhostShadow4589! Quer ver o replay com a minha jogada sensacional, meu rei? - Kei virou o rosto para ele.
- Pare de perder tempo com essas bobagens. - Enji parou de dar atenção ao garoto.
Caminhou para a pequena área de serviço para pendurar a toalha, depois foi para a cozinha:
- O que é isso? - Enji viu outra caixa retangular, mas dessa vez quase do tamanho de sua mão com um belo laço de cetim sobre o balcão. - Veio com a esteira?
- Isso o quê? - Kei tomou mais um gole daquele energético que adorava e deu uma olhadela sobre os ombros. - Ah, é só uns chocolates que uma colega do trabalho me deu. - Voltou toda a atenção para a televisão. - É de dia dos namorados, sei lá. Acho que ela tá afim de mim. - Kei disse isso como se não fosse nada e continuou a jogar videogame sentado no chão da sala.
- E por que aceitou?
- Ia ser meio rude não aceitar. Acho que os chocolates são caseiros, ela mesma que fez.
Enji tirou a tampa da caixa e viu todos os bombons alinhados e cada um com uma cobertura delicada diferente. Kei não havia tocado em nenhum.
- Eu dispensei ela, mas ela insistiu que eu ficasse com os chocolates mesmo assim. Aí eu fiquei com eles.
- Você deixará ela entender errado suas intenções.
- Nah... vou não, isso de vez em quando acontece. - Kei não tirava os olhos do jogo. - Alguma mulher se confessa para mim e me dá algo para comer. No ensino médio, no dia dos namorados, minha mesa ficava cheia de cartinhas e chocolates.
Enji respirou fundo, tampou a caixa de chocolate e a jogou no triturador da pia.
- O QUÊ?! - Kei levantou correndo chão e se prostou na beira da pia vendo a caixinha se desfazer nas lâminas. - Eu ia comer os chocolates, meu rei. - Tristonho.
- Eu compro uma fábrica de chocolates para você se quiser. Não aceite mais nada assim dos outros.
- Poxa, mas eles eram caseiros...
- Você não devia aceitar coisas de estranhos. Alguém pode muito bem drogar você.
- Pfffff! - Kei não conseguiu segurar a risada. - Eu sou bem grandinho para ouvir essas coisas, meu rei.
- Então não ouviu direito. - Enji retorquiu. - Essas coisas são perigosas. Não aceite mais. E você não pode comer porcarias.
Kei continuou com o sorriso no rosto, então se aproximou dele como um pássaro aterrissando em um galho e na ponta dos pés disse suavemente:
- Por que não admite que ficou com ciúmes de mim?
Enji enrugou o nariz irritado permanecendo de braços cruzados sobre o peito e da sua boca apertada em desgosto não saiu nenhuma palavra.
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O Rei E O Passarinho
Fiksi PenggemarUma fanfic para sedentas (os) sem cronologia. Enji nunca foi um bom pai ou bom marido, a vida para ele sempre foi chegar ao topo do mundo profissional, apesar de que todos os seus esforços só o levaram ao 2º lugar, frustrado tentou passar a ambição...