Mansão

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— O senhor tem certeza de que quer isso, pai? — Fuyumi perguntou do outro lado da mesa.

— Sim. — Enji foi firme.

— E onde o senhor vai morar? — A filha parecia realmente preocupada.

— Posso alugar um apartamento ou ficar num hotel por enquanto. Isso não será problema. Eu comprei essa casa enorme para vocês, nada mais justo que vocês ficarem com ela. Podem morar aqui com a mãe de vocês…

Fuyumi apertou a xícara nas suas mãos e contrariada olhou para os lados antes de falar:

— Pai, acho melhor…

— Eu também vou dar uma generosa pensão para todos vocês e…

— Natsuo nunca vai aceitar.

— Eu posso fazer uma conta para ele e depositar o dinheiro então se algum dia houver uma emergência…

— Isso não vai dar certo. Natsuo vai lhe… — ela se interrompeu antes de falar mais. Se corrigiu. — Natsuo não vai gostar. E eu tenho um emprego.

— Eu sei que você tem um emprego. — Enji falou tentando não soar presunçoso. — Mas eu gostaria de…

— Tudo bem a pensão para a mamãe, mas Natsuo e eu não precisamos desse dinheiro.

— Mas um dia vocês vão herdar tudo o que é meu.

— Mas não é hoje, é? Eu sei que a gente vai herdar tudo algum dia, eu só não acho bom pensar nisso agora. O senhor é muito jovem e… eu espero que tudo isso demora.

Enji ficou feliz ao saber que a filha queria que ele tivesse uma vida longa.

— Vocês podem se mudar assim que a mãe de vocês receber alta. Posso preparar tudo.

Fuyumi não estava confiante. Ela disse:

— Não acho que vai ser bom para a mamãe voltar aqui. Não trará boas lembranças. E tem o Touya…

— Mas o memorial dele é aqui. — Enji rebateu.

— Isso mesmo. — Fuyumi respondeu no ponto. — Vai ser muita coisa para ela de uma vez… um ambiente novo seria melhor. Vou levar ela para meu apartamento, lá Natsuo e eu podemos cuidar dela e Shouto pode visitar o quanto quiser.

— Quando vocês combinaram isso? — Enji não sentia no direito de questionar.

— No começo do ano. — Fuyumi tomou o café da xícara tentando esconder o rosto atrás. — Eu, Natsuo e ela conversamos sobre.

— Shouto sabe?

— Sim.

Enji analisava o que a filha falou, ele não tinha o direito de reclamar por ser o último a saber. E de todo modo, realmente não era uma boa ideia Fuyumi voltar a viver nessa casa mesmo sem ele.

— As coisas podem continuar do jeito que estão. — Fuyumi sugeriu.

O homem ruminou os pensamentos e todos os cômodos da casa percorreram sua mente desde a cozinha em que estavam ao amplo quintal ao quarto de Touya. Existiam muitas lembranças nesse lugar, ao mesmo tempo que Enji queria ficar também gostaria de ir embora. Mas, não importa para onde fosse, o fantasma de seu filho estaria lá.

— Pensarei no que fazer. — Enji disse, contudo já decidiu que permaneceria aqui então seus filhos sempre saberiam onde o encontrar.

Talvez algum dia Natsuo pudesse voltar para uma visita… era bom não alimentar muitas esperanças.

— Você está precisando de algo, Fuyumi? — Enji ficaria feliz em ajudar.

— Não, pai. Está tudo bem.

— Tem certeza? Posso te ajudar no que você precisar.

Aceite, aceite. Me deixe fazer algo por você, Fuyumi.

— Na verdade, pai, tenho que dizer uma coisa importante.

Enji só lembrou de Kei falando sobre Fuyumi ter filhos cedo e ele ser avô. Todo o sangue sumiu do seu corpo.

— O senhor está bem? — perguntou preocupada.

— Estou. — Se concentrava em não ter um ataque por ela ser muito jovem e apoiar a filha. Na idade dela já tinha Touya. Na idade dela, eu já tinha a minha empresa, pensou.

— Semana que vem, eu não virei visitar o senhor. Tenho um evento importante.

O alívio de Enji foi quase audível, não seria avô ainda.

— Um evento de trabalho? — Estava orgulhoso da filha.

— É… isso mesmo.

— É bom ver a sua dedicação com sua profissão.

— Obrigada, pai. — ela respondeu um tanto nervosa. Foi a primeira vez que ele elogiou o emprego dela.

Conversaram mais um pouco e então chegou a hora de Fuyumi partir. Enji se viu novamente sozinho na enorme mansão, cada cômodo vazio ecoando na sua alma e nos seus pés descalços. O celular apitou. Era Kei. A atmosfera de Enji suavizou.

Olá, pessoal! Gostaram do capítulo?
Capítulos curtos pois estou trabalhando no especial de Halloween e já vou dizendo que vai ter especial de Natal também!
Obrigada por lerem! Deixem suas críticas, comentários, elogios e teorias!
Até a próxima!

O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora