Saída noturna

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— Empolgado, meu rei? — Kei sorria ao seu lado com a mala de rodinhas parada aos seus pés.

Enji estava de braços cruzados nem sequer olhando para o garoto ao seu lado.

— Belas luvas, meu rei. Elas são sem dedos.

O empresário expirou irritado, permaneceu de braços cruzados e olhou para o relógio no pulso, ainda faltava quase uma hora para o embarque.

— Não é maravilhoso que nós dois vamos em assentos lado a lado? Que coincidência!

Kei ergueu o celular e tirou uma selfie sozinho fazendo o sinal de paz. O menino vivia tirando selfies, Enji se perguntava o porquê dessa geração adorar esse tipo de coisa. Shouto tirava muitas selfies? Enji não sabia, a conta do filho era privada.

— Você não respondeu, meu rei. Está empolgado com a nossa viagem?

— Pare de me chamar assim, alguém pode ouvir. — grunhiu.

— Tudo bem, vou parar, meu rei. — Kei se balançou para frente e para trás. Guardou o telefone no bolso da calça.

O garoto realmente ficou calado até embarcarem, mas não parava de olhar como se estivesse encantado para Enji.

— Pare. — Enji avisou.

Kei acordou da distração e perguntou do seu lado com a expressão casual de sempre nos grandes olhos:

— Estou fazendo algo?

O homem mais velho virou o rosto para o lado fingindo que Kei não existia. O loiro aconchegou-se na poltrona, colocou os headphones e fechou os olhos. Enji sentiu o ombro do garoto roçar no seu.

Ao chegarem no hotel, Enji foi categórico ao descobrir que o quarto de Kei também era vizinho do seu:

— Não tente nenhuma gracinha. — disse assim que abriu a porta do seu quarto enquanto Kei estava encostado contra a porta do próprio.

— Não sei se você reparou, meu rei, mas esse hotel não tem câmeras nos corredores.

— Não. — Direto. — Não quero que ninguém desconfie de nada.

— Do que vão desconfiar? — Kei sorriu. — Que estamos nos dando bem?

— Não brinque comigo, garoto.

— Ninguém vai pensar nada. — Kei explicou e gesticulando concluiu: — Você é muito “perfil homem sério pai de família”, apesar de que eu já conheci muitos caras assim.

Enji estava cansado dessas histórias e qualquer atitude leviana de Kei não passaria em branco.

— Mas eu vou me comportar. — Kei sorriu e beijou os indicadores justapostos. — Prometo.

— Não ouse fazer nada. Descanse, moleque. A reunião será hoje de tarde. — Enji entrou e bateu a porta do quarto.

A reunião foi calma e tudo saiu dentro do esperado, Kei trabalhava bem e sabia auxiliar Enji durante a conversa ao mesmo tempo que a deixava mais leve sem perder a seriedade que o assunto precisava. No fim, todos saíram para jantar, Enji ficou calado boa parte do tempo enquanto o loiro agia como se fosse um velho conhecido dos outros três homens. Não era à toa que a Comissão estimava tanto o trabalho de Kei e tudo sobre o contrato entre ele e a empresa era extremamente sigiloso. Enji jamais teve acesso à nada e nem tentou pois levantaria suspeitas.

Kei voltou satisfeito para o hotel e Enji não deixou de sentir uma pequena fagulha dentro de si ao ver o loiro trabalhar tão bem.

— Boa noite, grandão. — Kei sorriu e entrou no próprio quarto.

Enji passou boa parte da noite trabalhando até que a recepção lhe telefonou:

— Senhor Todoroki Enji, há uma entrega de envelopes para o senhor na recepção. É preciso a sua assinatura para recebê-los.

— Estou indo. — Enji desligou o telefone do quarto, ajustou as mangas da blusa e desceu para o grande lounge do hotel.

Mas algo lhe chamou atenção, uma cabeça loira sobre um casaco escuro saía pelas portas giratórias. Enji reconheceria o seu passarinho em qualquer lugar. O que ele tá fazendo? O homem mais velho olhou para o relógio no pulso e viu que era quase duas da manhã e Kei deixava o hotel enquanto conversava com alguém no telefone. Um carro preto parou para buscá-lo, Kei que continuava com o celular no ouvido entrou por uma das portas traseiras e sumiu descendo a rua. Enji quase esqueceu da sua entrega.

Não havia nenhum problema com os negócios que fecharam hoje para Kei sair assim no meio da madrugada, se houvesse, Enji saberia.

Olá, galera!
Tô sumida, não tô? Talvez eu continue assim por enquanto porque ando ocupada, mas no final do mês eu volto.
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Bjinhus!

O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora