Grandes ligas

102 19 1
                                    

Kei havia acordado e uma das primeiras coisas que falou foi o nome de Endeavor. Mera olhava para a tela do celular onde a última ligação registrada foi de Tsunagu lhe avisando do perigo que Endeavor corria.

Mera falou que o homem estava bem e seus seguranças foram avisados sobre o perigo de Shigaraki. Pura mentira. Não podia avisar, pois assim Endeavor faria a ligação do que aconteceu com Kei e por associação no tipo de lutas obscuras que a Comissão travava.

Pegou seu pedido na cafeteria do escritório, desabou na cadeira do refeitório. O copo de papel tinha seus 500ml repletos de capuccino com a cafeína mais forte do lugar. Olhou para seus colegas nas outras mesas, jovens e ainda não quebrados.

Devia fazer algo, falar para todos pedirem demissão ou fazerem seus trabalhos direito. Sei lá. Tomou o primeiro gole. Shigaraki não estava brincando, o cara era uma espécie de sociopata com recursos agora que dominou uma boa parte dos yakuza, a Comissão mexia os fios por trás da outra parte e nada daquilo acabaria bem… para Shigaraki. Ele sem dúvidas achava que Kei fosse uma pilha de cinzas agora, estavam escondendo bem o garoto, colocaram-o no hospital sob o nome de outra pessoa e na ala de oncologia. Só quem sabia do estado de Kei era quem cuidava diretamente dele, as pessoas de fora achavam apenas se tratar de outro paciente terminal de câncer. Nada daquilo terminaria bem para Shigaraki, mas ele e os amigos não pareciam se importar. Esse era o pior tipo de pessoa para se lidar.

A Comissão pôs toda a polícia da cidade atrás deles assim como os criminosos, seja amigo de todos e nunca estará sozinho era o que sempre diziam. Mas ninguém sabia que esse “amigo” era a Comissão, os negócios escusos da máfia e da polícia corrupta não passavam de brincadeira de criança para a empresa. Ela tinha gente até dentro do parlamento. Grandes ligas.

O jogo de beisebol que passava na televisão de tela plana do refeitório deixava todos distraídos, o jogador acabou de concluir um home run. No uniforme dele havia o logo do patrocínio da Comissão.

Às grandes ligas. Mera fez seu brinde imaginário.

Kei já estava nas graças da Comissão desde do dia em que pisou nela há mais de dez anos. Impedir o sequestro de Endeavor por Shigaraki no ano passado e assim estreitar mais os laços com a empresa dele fez provou o porquê era o menino de ouro. Quantos contratos milionários esse garoto trouxe para a Comissão? E quanto foi pago por isso? Daqui a dez anos podia ver Kei se tomando papéis mais importantes, mas nenhum de comando real. Não moldaram ele para isso.

Até quando Kei não era útil, ele era útil. Mera não podia avisar Endeavor sobre o perigo que corria, pois desperdiçariam todas as vantagens. Shigaraki teria que aparecer para pegar Endeavor e quando aparecesse seria pego pela Comissão. Seria mandado direto para a prisão perpétua ou mais simples, pena de morte, mas ao contrário do pai de Kei, que era útil à Comissão, não passaria anos na fila de espera.

Essa gente é doente demais.

Mera bebeu mais um pouco do café e voltou ao trabalho porque precisava trabalhar.

*Grandes ligas é onde os melhores e maiores times de baseball (ou beisebol, como preferir) competem. São os grandes campeonatos do país, os transmitidos em rede nacional e que tem os patrocinadores mais ricos. É onde os times pequenos sonham alcançar. Grandes ligas também pode se referir ao basquete dependendo do país, mas aqui se refere ao baseball que é o esporte mais popular do Japão e logo mais rico. Até os torneios colegiais passam na televisão e lotam os estados. Mas ainda assim não é grande liga.

A Comissão e o seu poder.
O que acharam do capítulo? Deixem seus comentários, críticas, teorias e elogios.
Até amanhã!
Bjinhus!

O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora